Feriadinho, um bom dia para escrever, assim de improviso, meus pensamentos sobre o xadrez do Rio.
Inicialmente, quero enfatizar que ainda apoio o meu amigo Mascarenhas na sua gestão à frente do xadrez do Rio. É, sem dúvida, a melhor que já passou na FEXERJ. Nota 8. Masca é o cara mais qualificado e apaixonado por xadrez que há por aqui.
O último bonito gol marcado pela Federação foi a publicação dos dados financeiros da entidade. Isto era ardorosamente defendido por mim e pelo Blanco mas o presida resistia de forma rígida, seguindo conselhos de outrem. Inclusive a publicidade das contas foi uma condição minha para aceitar o convite feito pelo presida para eu assumir a vice presidência financeira da entidade. Eu já estava aquecendo na beira do gramado, pensando nas planilhas e controles que eu ia fazer (minha praia!), pronto e animado para entrar novamente no jogo. Foi quando o presidente, na oportunidade, disse um rotundo não para minhas condições, enfatizando que não aceitaria pressão. Bom, tive que retornar, com minhas convicções, para o túnel e, a seguir, subir novamente para a arquibancada, onde me encontro agora escrevendo estas linhas!
Não sei o que mudou. Pressinto que o presida se deu conta que era ruim desprestigiar assim as convicções daqueles que o apoiaram desde a gênese do processo, ao seguir pitacos de agentes influentes. Mas o que importa é que os balancetes serão publicados, afirmando-se, assim, o conceito de transparência, fundamental para entidades de gestões sérias. O enxadrista que paga sua TAA tem o direito de saber como a federação aplica seus parcos recursos. Parabéns, FEXERJ!
Quinta fui no jantar de adesão. Lá quando da entrega do troféu ao clube campeão da Taça Eficiência, o presida fez o já habitual discurso pedindo mais participação dos dirigentes (aháaaaaaaa!) e jogadores. Eu já disse ao presida que esses discursos-xororôs já estão pegando mal! Ele é o presidente que mais teve apoio operacional e político na história da federação. Tem pelo menos 3 braços operacionais mais um cara que atualiza quase instantâneamente o ótimo site da federação. Tem um apoio jurídico de um ótimo advogado que disponibilizei para ele a um bom custo. E, o mais importante: o colossal, magnifíco, grandioso, importantíssimo apoio da Confederação Brasileira de Xadrez!! oh yeahhh!!! :)
Então, hora de enxugar as lágrimas e analisar a questão de forma mais fria, racional e estratégica! está se jogando o jogo jogado no modelo atual. Hora de se pensar no modelo estrutural e anacrônico que a federação tem hoje. Um modelo que vem da era pré-internet, calcado na noção de poder dos clubes. Se não entender que o modelo está anacrônico, nunca vai captar o porquê da baixa participação. É o Dilema de Tostines: alega-se que não se pode mudar muita coisa porque a participação é baixa. Ao contrário, tem que mudar primeiro o modelo e cobrar maior participação depois.
Bem, o modelo está anacrônico porque a forma de atrair novos competidores, participantes, é muito rígida. Urge implementar a figura do jogador avulso. No meu trabalho há uns dez capivaras que curtem xadrez. Mas eles querem jogar um torneio ou outro, classe C, terem seu rating, mostrar uma carteirinha da federação para a família, amigos. Por que vincular a condição de federado a se associar por um clube? o clube é que deve seduzir o jogador a se associar.
Outra questão é a rigidez de condições para federar uma agremiação. Tem que ter x mesas, n jogadores, bahhhhh, em tempos virtuais isso? Se nem entidades com muito poder tem sede física própria (só no papel, sabemos que a gestão é virtual), pra que essas exigências? suponhamos que o CXEB (Clube de Xadrez Epistolar Brasileiro) queira federar o "CXEB-RJ", com seus associados residentes no RJ, para participar do Interclubes. Não vai poder! Ok, avancemos, já que a estrutura é calcada em poder, permitamos esse tipo de agremiações, mas sem direito a voto.
Enfim, é um modelo na contramão da modernidade da prática atual do xadrez.
Avancemos? não dá para isso enquanto tivermos um sujeito que foi mentor de todas as catastróficas gestões anteriores participando de questões estratégicas na atual gestão! :) cada um no seu lugar à mesa: arbitragem, operacional, ok!
Esse modelo atual, com muito poder dos clubes tem seus riscos. O da ingovernabilidade! o risco de boicote e golpe. Já ouço dizerem que há um bloco querendo acabar com a TAA (R$ 20,00 ao ano é um valor tão fraternal que chega a ser ridículo...). Ok, caras pálidas, então na AGO/AGE apresentem sugestões para a substituição da receita!
O próximo gol de placa da Federação espero que seja a publicação de um Planejamento Estratégico. Quais são as prioridades da federação? sem o estabelecimento de prioridades, fica o presida gastando energia e lágrimas em atividades operacionais em vez de envidar esforços na busca de patrocínios (Gestão Estratégica), em vez de flexibilizar o estatuto para captação de mais participantes (Gestão Estratégica), em vez de montar um efetivo plano para o xadrez escolar (Gestão Estratégica).
Quando se começa a fazer muita politiquinha, não se avança.....
Falei do xadrez escolar, há anos sugiro o plano: efetivamente regionalizar. Dividir o estado em regiões, fazer torneios regionais sub 8 ao 20, com todo apoio aos campeões regionais e uma finalíssima na capital. Um calendário que ocupe o ano inteiro, de acordo com os interesses do estado e não focado apenas nos eventos da CBX.
Não adianta delegar questões estratégicas prioritárias. Essa questão do xadrez de base, não pode ser delegada a elaboração de um plano. Quando a cabeça que deve pensar estrategicamente não se ocupa de objetivos prioritários, assemelha-se ao mecânico que ficou dono da oficina de veículos mas que ainda fica debaixo do carro consertando-o!
Quebremos agora os paradigmas estruturais arcaicos de poder existentes até para proporcionar gestões futuras com boas condições. Lembremos que xadrez é um jogo, que pode ser praticado hoje até pelo celular. Lembremos que somos um país do samba e do futebol!
É isso, a arquibancada canta alto e canta forte: