Idéias não faltam para se fazer um Interclubes ao longo do ano, por meio de seletivas, com os clubes se visitando e culminando com uma finalíssima na capital ou interior com os vencedores das seletivas. Isto traria um maior contato entre os clubes e reduziria as contratações, obrigando a jogar com a "produção" do próprio clube. Mas tudo só daria resultados com o fomento e incentivo da federação às competições entre os clubes do Rio, o que hoje é uma utopia. Ao contrário e de forma pensada, desqualificam, ano após ano, a única reunião esportiva entre os clubes do RJ. O quadro é claro. O calendário é um mosaico estratégico de consolidações políticas de forma regional. A capital do Estado enfrenta uma situação caótica, jamais vista, de ausência de torneios.
A discussão está aberta a meus diletos leitores.
Aviso: modero as mensagens. Tergiversações e enrolações que levam a lugar nenhum não serão publicadas.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
63- INTERCLUBES, QUE FAZEM COM VC??
Li no site da Fexerj e fiquei perplexo: o outrora glorioso Interclubes foi "empurrado" para 6 e 7 de dezembro, um único final de semana. "Empurrado" pelos Jogos Abertos de SP, o que é mais triste.
Ano após ano temos visto uma crescente má vontade da Federação com o Interclubes. O único campeonato de clubes em nosso amado xadrez do Estado do RJ virou um fardo para nossa entidade oficial.Parece que é apenas uma obrigação pró-forma manter a competição no calendário. O Interclubes está servindo apenas para desfile de jogadores contratados, com equipes "fortíssimas" e dirigentes vaidosos e orgulhosos de tais contratações. Todos bobos, ouro de tolos. Só quem ganha são os contratados, o xadrez do RJ perde. Querer contratar, parecer profissional num clima e estrutura amadora é vaidade pura, é ter visão míope. Devem pensar: "nossa, que relação custo-benefício pequena fazer este evento. Arrumar espaço grande para aquela gente toda, reunir aqueles chatos, que dureza!"
Mas é proposital mesmo. Para que investir numa competição que fomente e incentive os clubes ao longo do ano, que os motive, para que?
O fato é que não devemos deixar morrer nosso Interclubes. Ainda mais numa época que os clubes lutam contra a modernidade (internet,etc). Não podemos deixar que seja jogado em apenas um fim de semana. Pelo contrário, devemos começar uma discussão para oxigenar o Interclubes, ampliá-lo.
E agora virou mania ficar refém de calendário dos Jogos Regionais e Abertos de SP. É o xadrez fraco se submetendo ao mais forte. Parabéns!
Ano após ano temos visto uma crescente má vontade da Federação com o Interclubes. O único campeonato de clubes em nosso amado xadrez do Estado do RJ virou um fardo para nossa entidade oficial.Parece que é apenas uma obrigação pró-forma manter a competição no calendário. O Interclubes está servindo apenas para desfile de jogadores contratados, com equipes "fortíssimas" e dirigentes vaidosos e orgulhosos de tais contratações. Todos bobos, ouro de tolos. Só quem ganha são os contratados, o xadrez do RJ perde. Querer contratar, parecer profissional num clima e estrutura amadora é vaidade pura, é ter visão míope. Devem pensar: "nossa, que relação custo-benefício pequena fazer este evento. Arrumar espaço grande para aquela gente toda, reunir aqueles chatos, que dureza!"
Mas é proposital mesmo. Para que investir numa competição que fomente e incentive os clubes ao longo do ano, que os motive, para que?
O fato é que não devemos deixar morrer nosso Interclubes. Ainda mais numa época que os clubes lutam contra a modernidade (internet,etc). Não podemos deixar que seja jogado em apenas um fim de semana. Pelo contrário, devemos começar uma discussão para oxigenar o Interclubes, ampliá-lo.
E agora virou mania ficar refém de calendário dos Jogos Regionais e Abertos de SP. É o xadrez fraco se submetendo ao mais forte. Parabéns!
segunda-feira, 28 de julho de 2008
62- Caçando a vagabunda!
O título algo vulgar é uma dica para meus diletos leitores resolverem a magnífica composição acima, de L. Kubbel, 1935. Brancas jogam e ganham.
Com isto, este blog volta para o mundo mágico das composições que, como ratificou o GM Leitão (entrevista, post 56), são ótimas para exercitar o cálculo.
O Leitor que resolver SEM AJUDA DO FRITZ OU SIMILAR ganha um choppinho na Av. Atlântica.....
Divertida semana a todos!!
domingo, 27 de julho de 2008
61- Questões de Arbitragem IV (só art. 10.2)
Art. 10.2 - Reivindicação de empate em partida de Quickplay-finish - Quais são as alternativas do árbitro?
Pergunta 18: Como o árbitro deve agir quando o jogador, faltando menos de dois minutos para terminar a partida de quickplay, reivindica empate?
Resposta: O art. 10.2, sem dúvida, é um dos pontos mais polêmicos da Lei do Xadrez.
Após uma reivindicação de empate, o árbitro conta com três alternativas:
a) aceitar a reivindicação de empate com fulcro no disposto na alínea do art. 10.2 “a”.
b) adiar a decisão (10.2."b") e a partida continua; fica a critério do árbitro conceder, ou não, 2 minutos para o adversário. Após a queda de seta, o árbitro define qual o resultado da partida, podendo inclusive decretar o empate, ou seja, concordando com a reivindicação; sua decisão de empate também é definitiva.
c) rejeitar a reivindicação de empate; neste caso, o árbitro deve adicionar 2 minutos ao relógio do adversário. (10.2."c")
OBS: A decisão do árbitro será definitiva, não cabendo recurso (10.2 "d").
Art. 10.2 Reivindicação de empate - Quais critérios o árbitro deve considerar?
Pergunta 19: Para o árbitro decidir sobre a reivindicação de empate com base no art. 10.2, ele deve levar em consideração o que? a) somente a posição; b) somente a conduta dos jogadores, vendo se há esforço para o ganho; c) ou ambos?
Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo: quem está ganho, quem está superior etc...
Para decidir, o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva, ou seja, verificar se o adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo e não está se esforçando para ganhar por meios normais, (forçar o xeque mate, por exemplo). Ou, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais, ou não está fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
Nota: A exemplo da Lei do futebol que não obriga que o árbitro tenha sido um renomado jogador, a Lei do Xadrez também não exige que o árbitro conheça xadrez tanto quanto um Grande Mestre, ou mesmo que seja um jogador. Logo, não cabe ao árbitro analisar posições.
10. 2 – Reivindicação de empate - Intervenção do árbitro
Pergunta 20: No caso de reivindicação de empate a que se refere o artigo 10. 2, por melhor que esteja o jogador, na posição ou material, se a sua seta cair a partida está, a princípio, perdida pelo tempo? Caso contrário o relógio não cumpriria o seu objetivo? (a não ser que a posição esteja clara e evidentemente empatada. Ex: RxR, RBxR, RCxR,etc)
Resposta: Ao analisar reivindicações de empate feitas com base no art. 10.2 da Lei do Xadrez, o árbitro não deve se preocupar com aspectos de ordem subjetiva: a) quem está ganho? b) quem está perdido? c) quem está superior?
O árbitro deve se preocupar com aspectos de ordem objetiva: por exemplo, perguntar a si próprio:
- O adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo? ou,
- O adversário não está se esforçando para ganhar por meios normais (forçando o xeque mate)? ou,
- O adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais?
Se o árbitro estiver absolutamente convencido de que o adversário não está fazendo esforço para ganhar por meios normais, mas apenas explorando a vantagem no tempo, ou que o adversário não pode ganhar em qualquer hipótese, aí sim deve intervir e decretar o empate.
Mas, se o árbitro não estiver absolutamente convencido disso, deve deixar a partida continuar.
É importante lembrar que, se o árbitro determinou que a partida continuasse (adiou a sua decisão), ele só DEVE DETERMINAR O EMPATE se estiver absolutamente convencido de que o adversário, durante aquele período, jogou somente para explorar a vantagem de tempo.
Caso contrário, ao cair a seta, o árbitro deve verificar se o adversário tem material para dar mate.
Se o adversário não tiver material para dar mate, o árbitro DEVE DECRETAR O EMPATE.
Por outro lado, se o adversário tiver material para dar mate e, não explorou a sua vantagem de tempo, logicamente deverá ter a sua vitória confirmada pelo árbitro, independentemente de quem esteja superior na posição final.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - caso polêmico
Pergunta 21: Dois jogadores titulados estão na fase final de uma partida de xadrez pensado. Faltando menos de 2 minutos no seu relógio, as pretas reivindicam empate valendo-se do art. 10.2, tendo o árbitro adiado sua decisão.
Situação: brancas com rei, dama, bispo e peão (dispunha de algo em torno de 5 minutos de tempo); pretas com rei, dama e peão. A seta do jogador das brancas cai (fato sinalizado pelo árbitro). O árbitro declara então o empate, com base no disposto na alínea b do art. 10.2. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: De acordo com o disposto no art. 10.2 da Lei do Xadrez o árbitro, ao examinar uma reivindicação de empate, poderá decretar o empate, adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
No caso em questão o árbitro determinou que a partida continuasse, adiando sua decisão.
Após a queda de seta do jogador das brancas, o árbitro deve decretar o resultado com base no bom senso e é claro que o comportamento dos dois jogadores nos instantes em que ele pode observar a partida.
Conclusão: Se o árbitro estiver convencido de que, nenhum dos dois, fez suficientes tentativas, para vencer por meios normais, ou concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais, deverá decretar o empate. Se foi realmente isso o que aconteceu, a decisão parece ter sido correta.
"Art. 10.2 - Se o jogador, com a vez de jogar, tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar empate antes da queda de sua seta. Deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a) Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido, deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b) Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá decretar a partida empatada.
c) Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão
d) A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c". "
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - outro caso polêmico
Pergunta 22: Num torneio no ritmo de 61 minutos, em uma partida válida pela 4ª rodada, o jogador das pretas estava muito apurado no tempo e reivindicou empate com base no art. 10.2. O árbitro não atendeu porque o adversário, embora inferiorizado, tinha material para mate. A partida prosseguiu e em seguida caiu a seta das pretas. A questão gerou polêmica porque na posição final (final de torres e peões) as pretas estavam praticamente ganhas. O árbitro tomou a decisão certa ao dar a vitória às brancas?
Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo, por exemplo, quem está GANHO, quem está SUPERIOR etc...
Para decidir o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva; por exemplo, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais.
O árbitro deve ter adiado a decisão porque teve dúvida. Nestes casos, o árbitro deve observar o comportamento dos dois jogadores até que haja uma queda de seta. Após a queda de seta o árbitro deve verificar se as brancas têm material para dar mate. Caso positivo, deve decretar a vitória das brancas.
Conclusão: A decisão do árbitro deve ter sido correta.
Art. 10. 2 - Se o jogador com a vez de jogar tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar um empate antes da queda de sua seta. Ele deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a. Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b. Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá declarar a partida empatada se concordar que a posição não pode ser ganha por meios normais, ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
c. Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão
d. A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c"."
Art. 10. 2 - Reivindicação de empate no período do primeiro controle tempo
Pergunta 23: Numa partida de xadrez pensado, no ritmo de 2 horas para 40 lances + 1h nocaute, o jogador das brancas (com rei e torre) depois do 30º lance, com seta pendurada, oferece empate para seu adversário (rei e 2 peões dobrados na coluna f) que recusa. Desesperado, percebendo que sua seta cairá em poucos segundos, para o relógio e exige empate ao árbitro, uma vez que seu adversário está totalmente perdido. Pode o árbitro decretar o empate?
Resposta: No primeiro controle de tempo não é licito ao jogador reivindicar empate com base no art. 10.2. Assim, o árbitro não poderá atender a reivindicação do jogador das brancas e deve determinar que a partida prossiga.
Na hipótese de não ter sido completado o número prescrito de lances após a queda de seta do jogador das brancas (e tendo o jogador das pretas material para dar mate) o árbitro terá de considerar o jogador das pretas vencedor da partida, com base no disposto no art. 6.10 da Lei do Xadrez.
"Art. 6.10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."
Art. 10. 2 Reivindicação de empate - O árbitro agiu corretamente?
Pergunta 24: Numa partida, o jogador das brancas estava com cerca de 7 minutos, na posição, Rg1, g3, f4 Be3, b2; o jogador B de pretas estava com 30 segundos, na posição, Rf7, f6, f5, h5, Ce7, b5. O jogador apurado no tempo reivindicou o empate para o árbitro, alegando que o branco não tinha plano nenhum. O árbitro não concordou e determinou que a partida continuasse. Alguns lances mais tardes, cai a seta do jogador das pretas na seguinte posição: brancas Rh5, Bc5 g3, f4, b4; pretas Rd5, Ce4, f6, f5, b5. O árbitro confirmou a vitória do jogador das brancas, que havia acusado a queda de seta. Muito irritado, o jogador das pretas retirou-se do torneio alegando que naquela posição outros árbitros sempre dariam empate para ele. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: O árbitro, com certeza, adiou a decisão no intuito de averiguar se o jogador das brancas iria fazer esforço para ganhar a partida por meios normais e não apenas aguardar a simples queda da seta do jogador das pretas, já que por algum motivo não tinha presenciado a partida. A decisão foi acertada porque não importa para o árbitro se o preto está melhor ou pior na posição (questão de ordem subjetiva). O importante nessas situações é ter-se a convicção de que o jogador, melhor no tempo, não está se valendo disso para ganhar a partida, sem se esforçar para aplicar o xeque-mate (questão de ordem objetiva). Nessa hipótese, ou, se o jogador das brancas não tivesse (na posição final) material para dar mate, o árbitro, aí sim, deveria decretar o empate.
Mas, ao cair a seta do jogador reivindicante, o árbitro só não decretará a derrota dele:
a) se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais; ou,
b) se o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
Art. 10.2 – Uma grande dúvida!
Pergunta 25: Uma dúvida que sempre tenho a respeito do art. 10.2 é a seguinte:
Se o jogador que tem tempo suficiente, sabe que, se não estivesse em apuro de tempo, nunca ganharia a partida. Joga no intuito de empatar. O jogador com pouco tempo reclama empate, e o árbitro manda continuar. E logo o tempo se esgota, o que decreta o árbitro?
Resposta: Se faltam ao jogador menos de dois minutos em seu relógio pode reivindicar empate antes que caia sua seta.
Depois que parar seu relógio, o jogador deve chamar o árbitro.
Se o árbitro concorda que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o adversário não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais, então declarará empatada a partida.
Se não concordar poderá adiar decisão ou rejeitar a reclamação.
Se o árbitro posterga sua decisão, o adversário pode ser compensado com 2 minutos de acréscimo em seu tempo de refflexão e a partida continuará en presencia del árbitro. Se o árbitro rejeita a reclamação o adversário deverá receber acréscimo de 2 minutos.
O arbitro declarará o resultado final após a queda de seta.
Art. 10.2 – Reivindicação de empate sob alegação de empate teórico
Pergunta 26: Faltando 1 minuto em seu relógio para terminar a partida o jogador A (com Rei e Torre) reivindica empate alegando empate teórico. O jogador B tem Rei, Torre e Bispo. O árbitro manda continuar a partida e cai seta do jogador B. O que deve decidir o árbitro: empate ou vitória das brancas?
Resposta: Conforme já frisei anteriormente, a lei não define situações de empate teórico, logo a decisão do árbitro foi acertada.
Após a queda de seta de um dos jogadores o árbitro deve declarar a partida empatada se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais. Caso contrário, não há empate, ou seja, perde a partida o jogador cuja seta caiu.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - Adversário está em rede de mate!
Pergunta 27: Um jogador chama o árbitro alegando que o seu adversário não tem como ganhar a partida e demonstra a seqüência de jogadas que o leva a ganhar a partida, analisando todas as respostas possíveis de seu adversário (o famoso mate em cinco ou mate forçado em mais lances). Se o árbitro observar que a seqüência dada é correta, deve declarar a partida empatada? Ou deve deixar o jogo prosseguir até que um dos jogadores dê mate ou que alguma seta caia?
Resposta: Não compete ao árbitro analisar posições da partida para verificar quem está ganho, quem está melhor, quem está pior! A posição não tem a menor importância.
Além disso, não existe nenhum dispositivo na lei do xadrez que garanta a vitória para o jogador que disponha de mate em 1, 2, 3, 4 ou 5, etc...
Vale lembrar, também, que a lei do xadrez tem duas partes: uma trata das regras do jogo e a outra versa sobre as regras da competição.
E o fator tempo é importante também, visto que a queda de seta (devidamente acusada) implica na perda da partida, a não ser que o adversário não tenha material para dar MATE.
O árbitro não pode decretar empate nestas situações, uma vez que estaria agindo, desastradamente, interferindo no resultado normal de uma partida. Deve, portanto, deixar a partida prosseguir.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate – Árbitro desafia jogador a derrotá-lo!
Pergunta 28: Num torneio o jogador A (brancas) reivindicou empate, mas sua seta caiu. O árbitro decretou o empate. O outro jogador protestou. O árbitro, que também é jogador, resolveu desafiar o jogador B (pretas) a derrotá-lo naquela posição. O árbitro pode usar como critério ao decretar empate o fato de o outro jogador não conseguir derrotá-lo?
Resposta: Recordemos o que pode o árbitro decidir nos casos de reivindicação de empate (10.2):
O árbitro poderá de acordo com a lei, aceitar a reivindicação e decretar o empate. (art. 10.2.a).
Ou adiar a decisão e poderá decretar o empate mesmo depois da seta caída. (art. 10.2.b).
Poderá rechaçar o empate e aí o adversário receberá um bônus extra de dois minutos. (art. 10.2.c).
Claro que o árbitro só pode decretar o empate, após a queda de seta, se:
a) a posição é “morta”; (conforme definido no art. 5.2.b) ou
b) o adversário não tem material para dar mate; ou
c) o adversário não pode dar mate por meios normais.
Mas, o que significa a expressão "dar mate por meios normais"?
Dar mate por meios normais significa que o jogador tem material suficiente para matematicamente dar mate, sem contar com a ajuda do adversário.
Sem dúvida há casos, chamados de 'mate ajudado'; nestes, o adversário faz lances completamente absurdos, tais como, levar o seu próprio rei para o cadafalso (canto do tabuleiro) e, além disso, deixar sua própria peça na casa de única fuga possível para o rei.
A própria peça ficaria, neste caso, com a alcunha de 'bandida'.
Evidentemente, o árbitro não pode decretar o empate se a seta do relógio do jogador caiu e ainda há jogo no tabuleiro.
Volto a frisar: a lei não disciplina os casos de empate teórico.
Mais absurdo, ainda, seria o árbitro decretar empate desafiando o adversário a dar uma linha de ganho.
Não tem cabimento. A lei do xadrez não regula nada disso.
Conclusão: O árbitro estaria, portanto, distorcendo o resultado da partida, premiando o um dos lados com o
empate, ao invés de aplicar o resultado normal: derrota por queda de seta, evidentemente, na hipótese de o adversário ter material suficiente para dar mate.
Art. 10.2 Reivindicação de empate em partida jogada com relógio digital -
Pergunta 29: Num torneio disputado com relógio digital no ritmo de 1h:30 para toda a partida + bônus de 30 segundos para cada lance executado a partir do 1º lance, pode o jogador reivindicar empate com base no art. 10.2?
Resposta: Consoante decisão do Comitê de Regras da FIDE, o jogador não pode reivindicar empate com base no art. 10.2 caso receba 30 ou mais segundos de incremento em seu relógio por lance executado.
Pergunta 18: Como o árbitro deve agir quando o jogador, faltando menos de dois minutos para terminar a partida de quickplay, reivindica empate?
Resposta: O art. 10.2, sem dúvida, é um dos pontos mais polêmicos da Lei do Xadrez.
Após uma reivindicação de empate, o árbitro conta com três alternativas:
a) aceitar a reivindicação de empate com fulcro no disposto na alínea do art. 10.2 “a”.
b) adiar a decisão (10.2."b") e a partida continua; fica a critério do árbitro conceder, ou não, 2 minutos para o adversário. Após a queda de seta, o árbitro define qual o resultado da partida, podendo inclusive decretar o empate, ou seja, concordando com a reivindicação; sua decisão de empate também é definitiva.
c) rejeitar a reivindicação de empate; neste caso, o árbitro deve adicionar 2 minutos ao relógio do adversário. (10.2."c")
OBS: A decisão do árbitro será definitiva, não cabendo recurso (10.2 "d").
Art. 10.2 Reivindicação de empate - Quais critérios o árbitro deve considerar?
Pergunta 19: Para o árbitro decidir sobre a reivindicação de empate com base no art. 10.2, ele deve levar em consideração o que? a) somente a posição; b) somente a conduta dos jogadores, vendo se há esforço para o ganho; c) ou ambos?
Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo: quem está ganho, quem está superior etc...
Para decidir, o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva, ou seja, verificar se o adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo e não está se esforçando para ganhar por meios normais, (forçar o xeque mate, por exemplo). Ou, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais, ou não está fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
Nota: A exemplo da Lei do futebol que não obriga que o árbitro tenha sido um renomado jogador, a Lei do Xadrez também não exige que o árbitro conheça xadrez tanto quanto um Grande Mestre, ou mesmo que seja um jogador. Logo, não cabe ao árbitro analisar posições.
10. 2 – Reivindicação de empate - Intervenção do árbitro
Pergunta 20: No caso de reivindicação de empate a que se refere o artigo 10. 2, por melhor que esteja o jogador, na posição ou material, se a sua seta cair a partida está, a princípio, perdida pelo tempo? Caso contrário o relógio não cumpriria o seu objetivo? (a não ser que a posição esteja clara e evidentemente empatada. Ex: RxR, RBxR, RCxR,etc)
Resposta: Ao analisar reivindicações de empate feitas com base no art. 10.2 da Lei do Xadrez, o árbitro não deve se preocupar com aspectos de ordem subjetiva: a) quem está ganho? b) quem está perdido? c) quem está superior?
O árbitro deve se preocupar com aspectos de ordem objetiva: por exemplo, perguntar a si próprio:
- O adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo? ou,
- O adversário não está se esforçando para ganhar por meios normais (forçando o xeque mate)? ou,
- O adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais?
Se o árbitro estiver absolutamente convencido de que o adversário não está fazendo esforço para ganhar por meios normais, mas apenas explorando a vantagem no tempo, ou que o adversário não pode ganhar em qualquer hipótese, aí sim deve intervir e decretar o empate.
Mas, se o árbitro não estiver absolutamente convencido disso, deve deixar a partida continuar.
É importante lembrar que, se o árbitro determinou que a partida continuasse (adiou a sua decisão), ele só DEVE DETERMINAR O EMPATE se estiver absolutamente convencido de que o adversário, durante aquele período, jogou somente para explorar a vantagem de tempo.
Caso contrário, ao cair a seta, o árbitro deve verificar se o adversário tem material para dar mate.
Se o adversário não tiver material para dar mate, o árbitro DEVE DECRETAR O EMPATE.
Por outro lado, se o adversário tiver material para dar mate e, não explorou a sua vantagem de tempo, logicamente deverá ter a sua vitória confirmada pelo árbitro, independentemente de quem esteja superior na posição final.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - caso polêmico
Pergunta 21: Dois jogadores titulados estão na fase final de uma partida de xadrez pensado. Faltando menos de 2 minutos no seu relógio, as pretas reivindicam empate valendo-se do art. 10.2, tendo o árbitro adiado sua decisão.
Situação: brancas com rei, dama, bispo e peão (dispunha de algo em torno de 5 minutos de tempo); pretas com rei, dama e peão. A seta do jogador das brancas cai (fato sinalizado pelo árbitro). O árbitro declara então o empate, com base no disposto na alínea b do art. 10.2. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: De acordo com o disposto no art. 10.2 da Lei do Xadrez o árbitro, ao examinar uma reivindicação de empate, poderá decretar o empate, adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
No caso em questão o árbitro determinou que a partida continuasse, adiando sua decisão.
Após a queda de seta do jogador das brancas, o árbitro deve decretar o resultado com base no bom senso e é claro que o comportamento dos dois jogadores nos instantes em que ele pode observar a partida.
Conclusão: Se o árbitro estiver convencido de que, nenhum dos dois, fez suficientes tentativas, para vencer por meios normais, ou concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais, deverá decretar o empate. Se foi realmente isso o que aconteceu, a decisão parece ter sido correta.
"Art. 10.2 - Se o jogador, com a vez de jogar, tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar empate antes da queda de sua seta. Deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a) Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido, deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b) Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá decretar a partida empatada.
c) Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão
d) A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c". "
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - outro caso polêmico
Pergunta 22: Num torneio no ritmo de 61 minutos, em uma partida válida pela 4ª rodada, o jogador das pretas estava muito apurado no tempo e reivindicou empate com base no art. 10.2. O árbitro não atendeu porque o adversário, embora inferiorizado, tinha material para mate. A partida prosseguiu e em seguida caiu a seta das pretas. A questão gerou polêmica porque na posição final (final de torres e peões) as pretas estavam praticamente ganhas. O árbitro tomou a decisão certa ao dar a vitória às brancas?
Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo, por exemplo, quem está GANHO, quem está SUPERIOR etc...
Para decidir o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva; por exemplo, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais.
O árbitro deve ter adiado a decisão porque teve dúvida. Nestes casos, o árbitro deve observar o comportamento dos dois jogadores até que haja uma queda de seta. Após a queda de seta o árbitro deve verificar se as brancas têm material para dar mate. Caso positivo, deve decretar a vitória das brancas.
Conclusão: A decisão do árbitro deve ter sido correta.
Art. 10. 2 - Se o jogador com a vez de jogar tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar um empate antes da queda de sua seta. Ele deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a. Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b. Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá declarar a partida empatada se concordar que a posição não pode ser ganha por meios normais, ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
c. Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão
d. A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c"."
Art. 10. 2 - Reivindicação de empate no período do primeiro controle tempo
Pergunta 23: Numa partida de xadrez pensado, no ritmo de 2 horas para 40 lances + 1h nocaute, o jogador das brancas (com rei e torre) depois do 30º lance, com seta pendurada, oferece empate para seu adversário (rei e 2 peões dobrados na coluna f) que recusa. Desesperado, percebendo que sua seta cairá em poucos segundos, para o relógio e exige empate ao árbitro, uma vez que seu adversário está totalmente perdido. Pode o árbitro decretar o empate?
Resposta: No primeiro controle de tempo não é licito ao jogador reivindicar empate com base no art. 10.2. Assim, o árbitro não poderá atender a reivindicação do jogador das brancas e deve determinar que a partida prossiga.
Na hipótese de não ter sido completado o número prescrito de lances após a queda de seta do jogador das brancas (e tendo o jogador das pretas material para dar mate) o árbitro terá de considerar o jogador das pretas vencedor da partida, com base no disposto no art. 6.10 da Lei do Xadrez.
"Art. 6.10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."
Art. 10. 2 Reivindicação de empate - O árbitro agiu corretamente?
Pergunta 24: Numa partida, o jogador das brancas estava com cerca de 7 minutos, na posição, Rg1, g3, f4 Be3, b2; o jogador B de pretas estava com 30 segundos, na posição, Rf7, f6, f5, h5, Ce7, b5. O jogador apurado no tempo reivindicou o empate para o árbitro, alegando que o branco não tinha plano nenhum. O árbitro não concordou e determinou que a partida continuasse. Alguns lances mais tardes, cai a seta do jogador das pretas na seguinte posição: brancas Rh5, Bc5 g3, f4, b4; pretas Rd5, Ce4, f6, f5, b5. O árbitro confirmou a vitória do jogador das brancas, que havia acusado a queda de seta. Muito irritado, o jogador das pretas retirou-se do torneio alegando que naquela posição outros árbitros sempre dariam empate para ele. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: O árbitro, com certeza, adiou a decisão no intuito de averiguar se o jogador das brancas iria fazer esforço para ganhar a partida por meios normais e não apenas aguardar a simples queda da seta do jogador das pretas, já que por algum motivo não tinha presenciado a partida. A decisão foi acertada porque não importa para o árbitro se o preto está melhor ou pior na posição (questão de ordem subjetiva). O importante nessas situações é ter-se a convicção de que o jogador, melhor no tempo, não está se valendo disso para ganhar a partida, sem se esforçar para aplicar o xeque-mate (questão de ordem objetiva). Nessa hipótese, ou, se o jogador das brancas não tivesse (na posição final) material para dar mate, o árbitro, aí sim, deveria decretar o empate.
Mas, ao cair a seta do jogador reivindicante, o árbitro só não decretará a derrota dele:
a) se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais; ou,
b) se o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
Art. 10.2 – Uma grande dúvida!
Pergunta 25: Uma dúvida que sempre tenho a respeito do art. 10.2 é a seguinte:
Se o jogador que tem tempo suficiente, sabe que, se não estivesse em apuro de tempo, nunca ganharia a partida. Joga no intuito de empatar. O jogador com pouco tempo reclama empate, e o árbitro manda continuar. E logo o tempo se esgota, o que decreta o árbitro?
Resposta: Se faltam ao jogador menos de dois minutos em seu relógio pode reivindicar empate antes que caia sua seta.
Depois que parar seu relógio, o jogador deve chamar o árbitro.
Se o árbitro concorda que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o adversário não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais, então declarará empatada a partida.
Se não concordar poderá adiar decisão ou rejeitar a reclamação.
Se o árbitro posterga sua decisão, o adversário pode ser compensado com 2 minutos de acréscimo em seu tempo de refflexão e a partida continuará en presencia del árbitro. Se o árbitro rejeita a reclamação o adversário deverá receber acréscimo de 2 minutos.
O arbitro declarará o resultado final após a queda de seta.
Art. 10.2 – Reivindicação de empate sob alegação de empate teórico
Pergunta 26: Faltando 1 minuto em seu relógio para terminar a partida o jogador A (com Rei e Torre) reivindica empate alegando empate teórico. O jogador B tem Rei, Torre e Bispo. O árbitro manda continuar a partida e cai seta do jogador B. O que deve decidir o árbitro: empate ou vitória das brancas?
Resposta: Conforme já frisei anteriormente, a lei não define situações de empate teórico, logo a decisão do árbitro foi acertada.
Após a queda de seta de um dos jogadores o árbitro deve declarar a partida empatada se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais. Caso contrário, não há empate, ou seja, perde a partida o jogador cuja seta caiu.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate - Adversário está em rede de mate!
Pergunta 27: Um jogador chama o árbitro alegando que o seu adversário não tem como ganhar a partida e demonstra a seqüência de jogadas que o leva a ganhar a partida, analisando todas as respostas possíveis de seu adversário (o famoso mate em cinco ou mate forçado em mais lances). Se o árbitro observar que a seqüência dada é correta, deve declarar a partida empatada? Ou deve deixar o jogo prosseguir até que um dos jogadores dê mate ou que alguma seta caia?
Resposta: Não compete ao árbitro analisar posições da partida para verificar quem está ganho, quem está melhor, quem está pior! A posição não tem a menor importância.
Além disso, não existe nenhum dispositivo na lei do xadrez que garanta a vitória para o jogador que disponha de mate em 1, 2, 3, 4 ou 5, etc...
Vale lembrar, também, que a lei do xadrez tem duas partes: uma trata das regras do jogo e a outra versa sobre as regras da competição.
E o fator tempo é importante também, visto que a queda de seta (devidamente acusada) implica na perda da partida, a não ser que o adversário não tenha material para dar MATE.
O árbitro não pode decretar empate nestas situações, uma vez que estaria agindo, desastradamente, interferindo no resultado normal de uma partida. Deve, portanto, deixar a partida prosseguir.
Art. 10.2 - Reivindicação de empate – Árbitro desafia jogador a derrotá-lo!
Pergunta 28: Num torneio o jogador A (brancas) reivindicou empate, mas sua seta caiu. O árbitro decretou o empate. O outro jogador protestou. O árbitro, que também é jogador, resolveu desafiar o jogador B (pretas) a derrotá-lo naquela posição. O árbitro pode usar como critério ao decretar empate o fato de o outro jogador não conseguir derrotá-lo?
Resposta: Recordemos o que pode o árbitro decidir nos casos de reivindicação de empate (10.2):
O árbitro poderá de acordo com a lei, aceitar a reivindicação e decretar o empate. (art. 10.2.a).
Ou adiar a decisão e poderá decretar o empate mesmo depois da seta caída. (art. 10.2.b).
Poderá rechaçar o empate e aí o adversário receberá um bônus extra de dois minutos. (art. 10.2.c).
Claro que o árbitro só pode decretar o empate, após a queda de seta, se:
a) a posição é “morta”; (conforme definido no art. 5.2.b) ou
b) o adversário não tem material para dar mate; ou
c) o adversário não pode dar mate por meios normais.
Mas, o que significa a expressão "dar mate por meios normais"?
Dar mate por meios normais significa que o jogador tem material suficiente para matematicamente dar mate, sem contar com a ajuda do adversário.
Sem dúvida há casos, chamados de 'mate ajudado'; nestes, o adversário faz lances completamente absurdos, tais como, levar o seu próprio rei para o cadafalso (canto do tabuleiro) e, além disso, deixar sua própria peça na casa de única fuga possível para o rei.
A própria peça ficaria, neste caso, com a alcunha de 'bandida'.
Evidentemente, o árbitro não pode decretar o empate se a seta do relógio do jogador caiu e ainda há jogo no tabuleiro.
Volto a frisar: a lei não disciplina os casos de empate teórico.
Mais absurdo, ainda, seria o árbitro decretar empate desafiando o adversário a dar uma linha de ganho.
Não tem cabimento. A lei do xadrez não regula nada disso.
Conclusão: O árbitro estaria, portanto, distorcendo o resultado da partida, premiando o um dos lados com o
empate, ao invés de aplicar o resultado normal: derrota por queda de seta, evidentemente, na hipótese de o adversário ter material suficiente para dar mate.
Art. 10.2 Reivindicação de empate em partida jogada com relógio digital -
Pergunta 29: Num torneio disputado com relógio digital no ritmo de 1h:30 para toda a partida + bônus de 30 segundos para cada lance executado a partir do 1º lance, pode o jogador reivindicar empate com base no art. 10.2?
Resposta: Consoante decisão do Comitê de Regras da FIDE, o jogador não pode reivindicar empate com base no art. 10.2 caso receba 30 ou mais segundos de incremento em seu relógio por lance executado.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
60- Quiz Maiakowsky!!
Enviarei por mail a segunda (e última) apostila de cálculo do GM Leitão ao primeiro
de meus leitores que responderem corretamente a esta pergunta: Qual enxadrista do primeiro quarto do século XX era cego da vista direita? este cidadão era figurinha manjada nos grandes torneios internacionais!
de meus leitores que responderem corretamente a esta pergunta: Qual enxadrista do primeiro quarto do século XX era cego da vista direita? este cidadão era figurinha manjada nos grandes torneios internacionais!
59- Questões de Arbitragem III
Armageddom – É jogado em que cadência?
13-Pergunta: Li que nos desempates de torneios Fide, pode ser decidido o desempate com base no armageddom. Em que ritmo é jogada esta partida?
Resposta: Nos desempates em torneios valendo rating FIDE, dois jogadores empatados em pontuação e em todos os outros critérios de desempate, devem para definir o 1º lugar jogar uma partida armagedom, também conhecido como morte súbita, brancas com 5 minutos, pretas com 4 minutos, brancas jogando para ganhar.
Art. 10.2 da Lei do Xadrez, o jogador está com peça a mais devido a sacrifício feito pelo adversário
14-Pergunta: Numa partida de xadrez pensado, o jogador das brancas sacrifica uma peça por ataque de mate. O jogador das pretas, com peça a mais, mas apurado no tempo, reivindica empate com base no art. 10.2. O arbitro adia a decisão determinando que a partida continue. As pretas não fazem o seu lance, aguardando a queda de sua seta (na expectativa da decretação do empate). O que o árbitro deve decidir?
Resposta: O árbitro agiu com bom senso ao adiar a sua decisão. Não poderia decretar o empate visto que o jogador das brancas sacrificou uma peça, está no ataque e tem material para dar mate.
Ao cair a seta das pretas o resultado da partida é logicamente a vitória das brancas.
O árbitro só poderia decretar o empate se as brancas na posição final não tiverem material para dar mate.
Artigo 10.2 não se aplica no caso de ‘morte súbita’ ?
15-Pergunta: Na final de um campeonato absoluto sub-20, dois jogadores terminam empatados no primeiro. Segundo o regulamento, o desempate deve ser efetuado em match de 2 partidas entre os jogadores, na modalidade morte-súbita. Na primeira partida, no ritmo de 15 minutos para cada jogador, o jogador A , que tem rei e torre, oferece empate. O Jogador B, que tem rei e cavalo recusa a oferta, uma vez que o adversário está apurado. O jogador A, então reivindica empate, no tempo regulamentar, com base no art. 10.2. O árbitro rejeita a reivindicação de empate afirmando que “a nova lei estabelece que não se aplica o art. 10.2 para partidas de morte-súbita”. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: O tiebreak foi jogado no ritmo de 15 minutos para cada jogador que é considerado ritmo rápido, conforme o disposto no apêndice B. A reivindicação de empate, com base no art. 10.2, é factível tanto no ritmo pensado quanto no rápido. Só é vedado no ritmo de blitz, face ao disposto no apêndice C2.
Conclusão: A decisão do árbitro não tem amparo legal.
Art. 10.2 da Lei do Xadrez – Aplicabilidade no Nocaute – e no Blitz?
16-Pergunta: O artigo 10.2, segundo entendo, se aplica aos torneios nocaute, em que todos os lances devem ser executados em um tempo determinado. Não se aplica ao blitz, mas se aplica aos torneios com relógio digital. Está correto?
Resposta: O artigo 10.2 aplica-se à fase de uma partida em que todos os lances remanescentes devem ser efetuados num determinado período (limite) de tempo.
Exemplificando: Suponhamos que o torneio seja disputado na cadência de 2 horas para os 40 lances iniciais + 1 hora ‘quickplay finish’.
O torneio terá dois períodos bem definidos. Nas duas primeiras horas não será aplicável o art. 10.2.
No segundo período, que é conhecido como ‘quickplay finish’, o jogador, quando faltar-lhe menos de 2 minutos para sua queda de seta, poderá utilizar-se da prerrogativa do art. 10.2.
Realmente, o art. 10.2 não se aplica aos torneios de blitz (relâmpago), tendo em conta o disposto no Apêndice C2 das Leis do Xadrez.
Além disso, o art. 10.2 também não é aplicável nos torneios com relógios eletrônicos em que haja acréscimo igual ou superior a 30 segundos por lance executado, desde o 1º lance.
”C2 - ...Os artigos 10.2 e B6 não se aplicam.”
Art. 10. 2 Recurso – Cabe recurso sobre decisão do árbitro de empate
17-Pergunta: Cabe apelação sobre uma decisão do árbitro feita com base no artigo 10.2, ou melhor, pode o jogador envolvido acionar a Comissão de Apelação para recorrer da decisão do árbitro sobre o artigo 10.2?
Resposta: A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) conforme o previsto no art. 10.2 “d" da Lei do Xadrez. Por isso recomenda a prudência que o árbitro adie sua decisão se não estiver absolutamente convencido de que a posição está empatada.
Vale lembrar que o empate pode ser decretado até mesmo depois da queda de seta.
Conclusão: O jogador não deve apresentar apelação porque a decisão do árbitro é definitiva, não cabendo recurso.
”Art. 10.2, b - A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas a, b e c.”
13-Pergunta: Li que nos desempates de torneios Fide, pode ser decidido o desempate com base no armageddom. Em que ritmo é jogada esta partida?
Resposta: Nos desempates em torneios valendo rating FIDE, dois jogadores empatados em pontuação e em todos os outros critérios de desempate, devem para definir o 1º lugar jogar uma partida armagedom, também conhecido como morte súbita, brancas com 5 minutos, pretas com 4 minutos, brancas jogando para ganhar.
Art. 10.2 da Lei do Xadrez, o jogador está com peça a mais devido a sacrifício feito pelo adversário
14-Pergunta: Numa partida de xadrez pensado, o jogador das brancas sacrifica uma peça por ataque de mate. O jogador das pretas, com peça a mais, mas apurado no tempo, reivindica empate com base no art. 10.2. O arbitro adia a decisão determinando que a partida continue. As pretas não fazem o seu lance, aguardando a queda de sua seta (na expectativa da decretação do empate). O que o árbitro deve decidir?
Resposta: O árbitro agiu com bom senso ao adiar a sua decisão. Não poderia decretar o empate visto que o jogador das brancas sacrificou uma peça, está no ataque e tem material para dar mate.
Ao cair a seta das pretas o resultado da partida é logicamente a vitória das brancas.
O árbitro só poderia decretar o empate se as brancas na posição final não tiverem material para dar mate.
Artigo 10.2 não se aplica no caso de ‘morte súbita’ ?
15-Pergunta: Na final de um campeonato absoluto sub-20, dois jogadores terminam empatados no primeiro. Segundo o regulamento, o desempate deve ser efetuado em match de 2 partidas entre os jogadores, na modalidade morte-súbita. Na primeira partida, no ritmo de 15 minutos para cada jogador, o jogador A , que tem rei e torre, oferece empate. O Jogador B, que tem rei e cavalo recusa a oferta, uma vez que o adversário está apurado. O jogador A, então reivindica empate, no tempo regulamentar, com base no art. 10.2. O árbitro rejeita a reivindicação de empate afirmando que “a nova lei estabelece que não se aplica o art. 10.2 para partidas de morte-súbita”. Foi correta a decisão do árbitro?
Resposta: O tiebreak foi jogado no ritmo de 15 minutos para cada jogador que é considerado ritmo rápido, conforme o disposto no apêndice B. A reivindicação de empate, com base no art. 10.2, é factível tanto no ritmo pensado quanto no rápido. Só é vedado no ritmo de blitz, face ao disposto no apêndice C2.
Conclusão: A decisão do árbitro não tem amparo legal.
Art. 10.2 da Lei do Xadrez – Aplicabilidade no Nocaute – e no Blitz?
16-Pergunta: O artigo 10.2, segundo entendo, se aplica aos torneios nocaute, em que todos os lances devem ser executados em um tempo determinado. Não se aplica ao blitz, mas se aplica aos torneios com relógio digital. Está correto?
Resposta: O artigo 10.2 aplica-se à fase de uma partida em que todos os lances remanescentes devem ser efetuados num determinado período (limite) de tempo.
Exemplificando: Suponhamos que o torneio seja disputado na cadência de 2 horas para os 40 lances iniciais + 1 hora ‘quickplay finish’.
O torneio terá dois períodos bem definidos. Nas duas primeiras horas não será aplicável o art. 10.2.
No segundo período, que é conhecido como ‘quickplay finish’, o jogador, quando faltar-lhe menos de 2 minutos para sua queda de seta, poderá utilizar-se da prerrogativa do art. 10.2.
Realmente, o art. 10.2 não se aplica aos torneios de blitz (relâmpago), tendo em conta o disposto no Apêndice C2 das Leis do Xadrez.
Além disso, o art. 10.2 também não é aplicável nos torneios com relógios eletrônicos em que haja acréscimo igual ou superior a 30 segundos por lance executado, desde o 1º lance.
”C2 - ...Os artigos 10.2 e B6 não se aplicam.”
Art. 10. 2 Recurso – Cabe recurso sobre decisão do árbitro de empate
17-Pergunta: Cabe apelação sobre uma decisão do árbitro feita com base no artigo 10.2, ou melhor, pode o jogador envolvido acionar a Comissão de Apelação para recorrer da decisão do árbitro sobre o artigo 10.2?
Resposta: A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) conforme o previsto no art. 10.2 “d" da Lei do Xadrez. Por isso recomenda a prudência que o árbitro adie sua decisão se não estiver absolutamente convencido de que a posição está empatada.
Vale lembrar que o empate pode ser decretado até mesmo depois da queda de seta.
Conclusão: O jogador não deve apresentar apelação porque a decisão do árbitro é definitiva, não cabendo recurso.
”Art. 10.2, b - A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas a, b e c.”
quinta-feira, 24 de julho de 2008
58- Futebol, Remo e.......Xadrez!!
Remo, futebol e (quem sabe, um dia) xadrez
Alfredo Pereira dos Santos
Vocês podem não acreditar, mas o fato é que o futebol, para se tornar o Rei dos Esportes no Brasil, teve antes que destronar o remo. A imprensa sempre se fazia presente em qualquer regatazinha, enquanto que, no futebol, a ausência de fotógrafos e repórteres era coisa normal (1).
Marcar um jogo de futebol para um dia de regata era besteira, pois o fracasso seria certo. O remo era considerado o esporte másculo por excelência. Esporte para homem. Do futebol dizia-se que “tinha uma delicadeza de balé” que, no Brasil, para muita gente, é coisa de fresco, “jogadores correndo atrás de uma bola, levantando a perna, dando saltinhos” (2).
É possível ver, em fotos tiradas no início do século passado, que o remo era, realmente, muito popular. No Rio de Janeiro não havia praia que não tivesse a turma da regata. O Flamengo foi fundado em 1895, não como clube de futebol, mas sim como clube de regatas. Aliás, essa presença do remo pode ser vista em muitos nomes de clubes pelo Brasil a fora. Para ficar só no Rio de Janeiro, além do Clube de Regatas do Flamengo, já citado, podemos mencionar Botafogo de Futebol e Regatas e Clube de Regatas Vasco da Gama.
Antes que o Charles Miller retornasse ao Brasil, com a bola de futebol e com as regras do jogo, o remo já estava aqui, trazido por alemães e italianos. Então, quem tinha tradição era o remo. E quando alguns clubes começaram a introduzir o futebol este foi objeto de oposição e protestos da turma do remo, que achavam que futebol nada tinha a ver com as origens náuticas dos clubes. A sociedade carioca não via o futebol com entusiasmo.
Por razões que a mim faltam o engenho e a arte para explicar, o futebol foi, aos poucos, tendo a sua imagem modificada, passando a ser a do futebol-força, da virilidade física dos jogadores disputando a posse da bola. E o que era considerado “passo de balé” passou a ser tratado, sobretudo pela imprensa, como “lance viril”.
Eu não sei se a crescente popularidade do futebol levou a imprensa a se interessar por ele ou se o enorme destaque que a imprensa dá ao esporte o transformou no que ele é hoje. Ou seriam as duas coisas atuando reciprocamente, interagindo entre si? Deixo essa questão a cargo dos estudiosos da sociologia do futebol – creio até que já existam estudos sobre isso – convidando os meus leitores a aventarem hipóteses sobre o tema. O que eu sei é que o futebol penetrou tanto na alma e no coração do povo brasileiro que se transformou num fenômeno lingüístico. Hoje é comum ouvir-se expressões, que tiveram origem no jogo, empregadas em contextos totalmente alheios ao futebol. Exemplos:
Pisou na bola, significando fazer coisa errada, deixar furo.
Bateu na trave, quase conseguir um objetivo.
Bola pra frente, não desistir, continuar.
Ficar fora da jogada, não ser incluído em alguma coisa.
Entrar de sola, agir agressivamente.
Tirar o time de campo, desistir, ir embora.
Ademais, expressões comuns no futebol passaram a ser usadas em novelas e em publicidade (3).
Além disso o futebol passou a ser meio de afirmação nacional, além de meio de afirmação do negro e do branco de poucas posses. De esporte, passou a ser também, meio de vida. Milhares de pessoas dependem dele.
Como se não bastasse, o futebol não só constitui a válvula de escape das camadas populares, mas também de intelectuais e homens de negócios que se apaixonam por esse esporte e estão sujeitos a uma mesma seqüência emotiva: excitação, sensação, alegria, e isso repetidas vezes (4).
Existe também no futebol uma clara conotação sexual, manifesta em expressões como “véu da noiva”, referindo-se à rede. E encontrar o caminho da rede é o grande objetivo. É na feitura do gol, conclusão do ato da posse da bola, que se manifesta a satisfação completa. É um ato de penetração. Notem a expressão “entrou com bola e tudo”.
Interessaria, pois, aos adeptos do xadrez, saber como seria possível fazer entrar o seu jogo predileto nos corações e almas dos brasileiros.
A gente sabe que existem lutas que são desiguais. De cara a gente sabe que o xadrez não tem como representar, para o povo brasileiro, o mesmo que representa o futebol. As motivações inconscientes que levam um homem a jogar xadrez não são as mesmas que o levam a jogar futebol. Enfiar uma bola numa rede é coisa bem distinta do que dar xeque-mate, que significa “Morte ao Rei”. E esse Rei pode ser perfeitamente a imagem do pai. Os pesquisadores da Clínica Tavistock, de Londres, dizem que “O xadrez é um assassinato planejado”.
Xadrez e futebol devem, pois, transitar em espaços distintos. Eles não se excluem, mutuamente. Então não seria o caso de fazer acontecer o que aconteceu com o futebol em relação ao remo, de um desbancar o outro. Naturalmente que o futebol, ao destronar o remo, não o fez por maldade. Simplesmente ocorreu o fenômeno e gente do remo está fazendo pesquisa para saber o porquê desse esporte hoje ter tão pouca divulgação no Brasil.
Numa enquête realizada (5) eles pedem as pessoas que selecionem uma das seguintes hipóteses:
1) Porque falta apoio das empresas, do governo e da mídia; sem isso, não podemos cobrar nada.
2) É um esporte elitista, que não possibilita a grande parte do público praticar.
3) É o tipo de esporte que não atrai as massas; quem é que vai querer ver uma competição dessas?
4) Porque o Brasil jamais teve um atleta de nível internacional; no dia em que isso acontecer, haverá a divulgação.
5) Quem disse que remo tem pouca divulgação no Brasil? E essa página aqui, o que é?
Mais de 60 por cento dos que responderam optaram pela primeira alternativa. O que responderiam os nosso jogadores de xadrez se fossem responder à mesma enquête, substituindo, naturalmente, remo por xadrez? Fica a sugestão da pesquisa.
Para mim o sucesso do futebol aconteceu porque ele saiu dos clubes fechados da elite e chegou ao povão. E passou a ser jogado em campos de várzea. Um pedaço de terra, dois pedaços de pau, com uma travessa por cima, fincados no chão, uma bola de meia e pronto. Foi assim que o Pelé começou. (6)
Foi dito, anteriormente, que antigamente toda praia tinha a sua turma da regata. Então seria preciso também que toda a praia e toda praça tivesse a sua turma do xadrez. Só que os enxadristas insistem em jogar em suas casas e em seus clubes fechados. Sei, de ver e ouvir dizer, que muitos pais não gostam de ver seus filhos enfurnados em salas de xadrez. Preferem-nos vê-los ao ar livre, correndo e brincando, nos parques, nas praias e nas piscinas. Que tal se colocássemos, próximo a essas, mesas de xadrez?
O primeiro grande craque brasileiro de futebol não saiu dos clubes de elite. Era filho de um alemão com uma negra. Refiro-me ao grande Arthur Friedenreich (7). Arthur era mulato e teve dificuldades para jogar nos clubes da idiota elite branca racista. Mas ele se impôs pelo seu grande talento e conquistou o seu lugar.
Desse modo, com a participação do povão, o futebol não só melhorou de nível como passou a atrair a atenção da imprensa e da sociedade em geral. Eu tenho certeza de que com o xadrez também vai ser assim. Sem o povão não tem solução. O xadrez vai ficar nessa lengalenga, nesse vai-não-vai, andando a passos de cágado (felizmente, com a reforma ortográfica, as palavras proparoxítonas vão continuar sendo acentuadas, caso contrário eu não sei como a coisa iria ficar).
Pelo exposto, seria de bom alvitre que os responsáveis pelo xadrez deixassem de tergiversações, de leguleios, de embromações e procurassem motivar os enxadristas a irem para as ruas. Xadrez na escola é bom, mas é muito mais fácil levá-lo para as praças. Ou será que se esqueceram do que disse Castro Alves: “A praça é do povo, como o céu é do condor”?
Clauzewitz disse, certa vez, que “A guerra é assunto importante demais para ficar apenas à cargo dos generais”. Parafraseando-o, eu diria que “O xadrez é importante demais para ficar apenas nas mãos daqueles que o administram”. Sinergia é fundamental e com o xadrez não seria exceção. Então é preciso que os enxadristas comecem a dar tratos à bola e botem a imaginação criadora para funcionar, para ver se as coisas mudam. Que não fiquem dependentes de dirigentes e de federações. O xadrez é maior do que tudo isso.
Por enquanto a única expressão do xadrez com trânsito na mídia é xeque-mate. Por exemplo, “A Polícia Federal deu um xeque-mate em Daniel Dantas”. No dia em que expressões como “A sua impetuosidade entrou como uma Torre na sétima fila da minha sensibilidade” forem comuns em diálogos das moças com os seus namorados eu vou começar a achar que o tempo do xadrez está chegando. Vocês acham que eu estou brincando? Pois fiquem sabendo que na Idade Média, quando o xadrez era bastante popular, ele era usado em alegorias conhecidas como “moralidades”, que tentavam estabelecer paralelos entre a organização da vida e o jogo de xadrez. O movimento da Torre, por exemplo, era assim descrito: “A Torre representa os juízes itinerantes que
viajam por todo o reino e seu movimento é sempre reto, porque o juiz deve tratar com justiça”. É claro que no Brasil os juízes nem sempre são como essas Torres medievais. Alguém tem dúvidas quanto a isso?
Rio de Janeiro, 16 de junho de 2008
NOTAS
1) Mario Filho. O Negro no futebol brasileiro.
2) Ibidem.
3) Maria do Carmo Fernández. Futebol – Fenômeno Lingüístico.
4) Ibidem.
5) http://cgi2.uol.com.br/cgi-bin/urnavirt/urna2.cgi?urna=olim04
6) José Castello. Pelé – Os dez corações do Rei.
7) http://www.futebolamadordeminas.com/craque14.htm
Alfredo Pereira dos Santos
Vocês podem não acreditar, mas o fato é que o futebol, para se tornar o Rei dos Esportes no Brasil, teve antes que destronar o remo. A imprensa sempre se fazia presente em qualquer regatazinha, enquanto que, no futebol, a ausência de fotógrafos e repórteres era coisa normal (1).
Marcar um jogo de futebol para um dia de regata era besteira, pois o fracasso seria certo. O remo era considerado o esporte másculo por excelência. Esporte para homem. Do futebol dizia-se que “tinha uma delicadeza de balé” que, no Brasil, para muita gente, é coisa de fresco, “jogadores correndo atrás de uma bola, levantando a perna, dando saltinhos” (2).
É possível ver, em fotos tiradas no início do século passado, que o remo era, realmente, muito popular. No Rio de Janeiro não havia praia que não tivesse a turma da regata. O Flamengo foi fundado em 1895, não como clube de futebol, mas sim como clube de regatas. Aliás, essa presença do remo pode ser vista em muitos nomes de clubes pelo Brasil a fora. Para ficar só no Rio de Janeiro, além do Clube de Regatas do Flamengo, já citado, podemos mencionar Botafogo de Futebol e Regatas e Clube de Regatas Vasco da Gama.
Antes que o Charles Miller retornasse ao Brasil, com a bola de futebol e com as regras do jogo, o remo já estava aqui, trazido por alemães e italianos. Então, quem tinha tradição era o remo. E quando alguns clubes começaram a introduzir o futebol este foi objeto de oposição e protestos da turma do remo, que achavam que futebol nada tinha a ver com as origens náuticas dos clubes. A sociedade carioca não via o futebol com entusiasmo.
Por razões que a mim faltam o engenho e a arte para explicar, o futebol foi, aos poucos, tendo a sua imagem modificada, passando a ser a do futebol-força, da virilidade física dos jogadores disputando a posse da bola. E o que era considerado “passo de balé” passou a ser tratado, sobretudo pela imprensa, como “lance viril”.
Eu não sei se a crescente popularidade do futebol levou a imprensa a se interessar por ele ou se o enorme destaque que a imprensa dá ao esporte o transformou no que ele é hoje. Ou seriam as duas coisas atuando reciprocamente, interagindo entre si? Deixo essa questão a cargo dos estudiosos da sociologia do futebol – creio até que já existam estudos sobre isso – convidando os meus leitores a aventarem hipóteses sobre o tema. O que eu sei é que o futebol penetrou tanto na alma e no coração do povo brasileiro que se transformou num fenômeno lingüístico. Hoje é comum ouvir-se expressões, que tiveram origem no jogo, empregadas em contextos totalmente alheios ao futebol. Exemplos:
Pisou na bola, significando fazer coisa errada, deixar furo.
Bateu na trave, quase conseguir um objetivo.
Bola pra frente, não desistir, continuar.
Ficar fora da jogada, não ser incluído em alguma coisa.
Entrar de sola, agir agressivamente.
Tirar o time de campo, desistir, ir embora.
Ademais, expressões comuns no futebol passaram a ser usadas em novelas e em publicidade (3).
Além disso o futebol passou a ser meio de afirmação nacional, além de meio de afirmação do negro e do branco de poucas posses. De esporte, passou a ser também, meio de vida. Milhares de pessoas dependem dele.
Como se não bastasse, o futebol não só constitui a válvula de escape das camadas populares, mas também de intelectuais e homens de negócios que se apaixonam por esse esporte e estão sujeitos a uma mesma seqüência emotiva: excitação, sensação, alegria, e isso repetidas vezes (4).
Existe também no futebol uma clara conotação sexual, manifesta em expressões como “véu da noiva”, referindo-se à rede. E encontrar o caminho da rede é o grande objetivo. É na feitura do gol, conclusão do ato da posse da bola, que se manifesta a satisfação completa. É um ato de penetração. Notem a expressão “entrou com bola e tudo”.
Interessaria, pois, aos adeptos do xadrez, saber como seria possível fazer entrar o seu jogo predileto nos corações e almas dos brasileiros.
A gente sabe que existem lutas que são desiguais. De cara a gente sabe que o xadrez não tem como representar, para o povo brasileiro, o mesmo que representa o futebol. As motivações inconscientes que levam um homem a jogar xadrez não são as mesmas que o levam a jogar futebol. Enfiar uma bola numa rede é coisa bem distinta do que dar xeque-mate, que significa “Morte ao Rei”. E esse Rei pode ser perfeitamente a imagem do pai. Os pesquisadores da Clínica Tavistock, de Londres, dizem que “O xadrez é um assassinato planejado”.
Xadrez e futebol devem, pois, transitar em espaços distintos. Eles não se excluem, mutuamente. Então não seria o caso de fazer acontecer o que aconteceu com o futebol em relação ao remo, de um desbancar o outro. Naturalmente que o futebol, ao destronar o remo, não o fez por maldade. Simplesmente ocorreu o fenômeno e gente do remo está fazendo pesquisa para saber o porquê desse esporte hoje ter tão pouca divulgação no Brasil.
Numa enquête realizada (5) eles pedem as pessoas que selecionem uma das seguintes hipóteses:
1) Porque falta apoio das empresas, do governo e da mídia; sem isso, não podemos cobrar nada.
2) É um esporte elitista, que não possibilita a grande parte do público praticar.
3) É o tipo de esporte que não atrai as massas; quem é que vai querer ver uma competição dessas?
4) Porque o Brasil jamais teve um atleta de nível internacional; no dia em que isso acontecer, haverá a divulgação.
5) Quem disse que remo tem pouca divulgação no Brasil? E essa página aqui, o que é?
Mais de 60 por cento dos que responderam optaram pela primeira alternativa. O que responderiam os nosso jogadores de xadrez se fossem responder à mesma enquête, substituindo, naturalmente, remo por xadrez? Fica a sugestão da pesquisa.
Para mim o sucesso do futebol aconteceu porque ele saiu dos clubes fechados da elite e chegou ao povão. E passou a ser jogado em campos de várzea. Um pedaço de terra, dois pedaços de pau, com uma travessa por cima, fincados no chão, uma bola de meia e pronto. Foi assim que o Pelé começou. (6)
Foi dito, anteriormente, que antigamente toda praia tinha a sua turma da regata. Então seria preciso também que toda a praia e toda praça tivesse a sua turma do xadrez. Só que os enxadristas insistem em jogar em suas casas e em seus clubes fechados. Sei, de ver e ouvir dizer, que muitos pais não gostam de ver seus filhos enfurnados em salas de xadrez. Preferem-nos vê-los ao ar livre, correndo e brincando, nos parques, nas praias e nas piscinas. Que tal se colocássemos, próximo a essas, mesas de xadrez?
O primeiro grande craque brasileiro de futebol não saiu dos clubes de elite. Era filho de um alemão com uma negra. Refiro-me ao grande Arthur Friedenreich (7). Arthur era mulato e teve dificuldades para jogar nos clubes da idiota elite branca racista. Mas ele se impôs pelo seu grande talento e conquistou o seu lugar.
Desse modo, com a participação do povão, o futebol não só melhorou de nível como passou a atrair a atenção da imprensa e da sociedade em geral. Eu tenho certeza de que com o xadrez também vai ser assim. Sem o povão não tem solução. O xadrez vai ficar nessa lengalenga, nesse vai-não-vai, andando a passos de cágado (felizmente, com a reforma ortográfica, as palavras proparoxítonas vão continuar sendo acentuadas, caso contrário eu não sei como a coisa iria ficar).
Pelo exposto, seria de bom alvitre que os responsáveis pelo xadrez deixassem de tergiversações, de leguleios, de embromações e procurassem motivar os enxadristas a irem para as ruas. Xadrez na escola é bom, mas é muito mais fácil levá-lo para as praças. Ou será que se esqueceram do que disse Castro Alves: “A praça é do povo, como o céu é do condor”?
Clauzewitz disse, certa vez, que “A guerra é assunto importante demais para ficar apenas à cargo dos generais”. Parafraseando-o, eu diria que “O xadrez é importante demais para ficar apenas nas mãos daqueles que o administram”. Sinergia é fundamental e com o xadrez não seria exceção. Então é preciso que os enxadristas comecem a dar tratos à bola e botem a imaginação criadora para funcionar, para ver se as coisas mudam. Que não fiquem dependentes de dirigentes e de federações. O xadrez é maior do que tudo isso.
Por enquanto a única expressão do xadrez com trânsito na mídia é xeque-mate. Por exemplo, “A Polícia Federal deu um xeque-mate em Daniel Dantas”. No dia em que expressões como “A sua impetuosidade entrou como uma Torre na sétima fila da minha sensibilidade” forem comuns em diálogos das moças com os seus namorados eu vou começar a achar que o tempo do xadrez está chegando. Vocês acham que eu estou brincando? Pois fiquem sabendo que na Idade Média, quando o xadrez era bastante popular, ele era usado em alegorias conhecidas como “moralidades”, que tentavam estabelecer paralelos entre a organização da vida e o jogo de xadrez. O movimento da Torre, por exemplo, era assim descrito: “A Torre representa os juízes itinerantes que
viajam por todo o reino e seu movimento é sempre reto, porque o juiz deve tratar com justiça”. É claro que no Brasil os juízes nem sempre são como essas Torres medievais. Alguém tem dúvidas quanto a isso?
Rio de Janeiro, 16 de junho de 2008
NOTAS
1) Mario Filho. O Negro no futebol brasileiro.
2) Ibidem.
3) Maria do Carmo Fernández. Futebol – Fenômeno Lingüístico.
4) Ibidem.
5) http://cgi2.uol.com.br/cgi-bin/urnavirt/urna2.cgi?urna=olim04
6) José Castello. Pelé – Os dez corações do Rei.
7) http://www.futebolamadordeminas.com/craque14.htm
quarta-feira, 23 de julho de 2008
57- GANHE A APOSTILA DO GM LEITÃO!
Enviarei, por e-mail, a apostila de cálculo do GM Rafael Leitão ao primeiro sabidão que responder a esta pergunta: Quais foram os enxadristas que em suas carreiras derrotaram, ambos, Capablanca e Fischer?
Bom final de semana a todos! agora vou assistir ao "clássico" Mengão x Lusa!
Bom final de semana a todos! agora vou assistir ao "clássico" Mengão x Lusa!
terça-feira, 15 de julho de 2008
56- ENTREVISTA COM O GM RAFAEL LEITÃO
O atual nº 3 do Brasil (rating FIDE de 2590), GM Rafael Dualibe Leitão, concedeu uma entrevista, por mail, para este blog. Espero que meus estimados leitores apreciem este bate-papo!
Maia: Como foi seu processo de estudo do jogo no início de sua carreira em São Luís do Maranhão e depois com o GM Gilberto Milos em São Paulo? Quais foram os conteúdos assimilados e os métodos utilizados de estudo e treinamento? Quais foram seus pontos fortes e fracos?
Leitão: Quando morava em São Luís treinava geralmente sozinho ou com meu pai, que apesar de não ser um enxadrista forte, sabia muito bem quais as prioridades no treinamento, além de me ajudar na leitura dos livros em inglês. A prioridade do meu treinamento nessa época - e que persistiu por muito tempo - era o cálculo de variantes. Inicialmente, até atingir certo nível, resolvia principalmente combinações de um livrinho chamado "Test Your Chess IQ" e outros exercícios semelhantes. Graças a esse esforço, obtive rapidamente uma visão tática muito boa, o que era certamente o meu ponto forte. Já o trabalho com o Milos foi algo completamente diferente, pois eu já tinha força de candidato a mestre. O que fazíamos basicamente era analisar diversas posições e ver partidas, mas sem uma didática típica treinador - aluno. Éramos mais "companheiros de análise" e este é um sistema que recomendo para enxadristas aspirantes que tiverem interesse de treinar com um GM,com duas ressalvas: 1- o treinamento precisa, neste caso, ser ao vivo; 2- O aspirante precisa ser muito dedicado e ter realmente vontade de progredir. Com esse método, pulei de candidato a mestre a GM em 3 anos.
Maia: Você também dá aulas e tem uma academia de xadrez (www.academiarafaelleitao.com). Como é seu processo de avaliação do aluno/treinando antes de ministrar as aulas/treinos?
Leitão: O processo de avaliação envolve análises de posições selecionadas de meio-jogo e finais, além de algumas partidas de 15 minutos. Após algumas horas é possível diagnosticar quais são os pontos fortes e fracos do aluno, permitindo a montagem de um programa de treinamento adequado.
Maia: Teria algum conselho a dar para os jogadores que têm pouco tempo para estudar? Se não dá para aperfeiçoar todos os aspectos, o que seria prioritário? Qual habilidade/competência considera mais vital para um enxadrista de competição de força média (1800 a 2100 rating FIDE)?
Leitão: Com certeza o mais importante para enxadristas deste nível é o cálculo de variantes. É preciso dar ênfase à resolução de combinações e estudos artísticos. Curiosamente, a imensa maioria destes enxadristas comete o grave erro de dedicarem seu pouco tempo disponível à memorização de variantes de abertura e à leitura "passiva" de livros (apenas repassando as análises do autor ou mesmo pulando as páginas que contêm mais variantes). A preparação de aberturas só é realmente importante a partir de uma força de 2400+.
Maia: Fiz uma enquete no meu blog sobre o livro Mi Sistema, de Nimzowitsch (leitura recomendada pelo treinador Mark Dvoretsky). A prática em competições e os métodos de estudo e treinamento mudaram muito. Você ainda recomendaria os velhos manuais clássicos (Mi Sistema, Estratégia do Pachman, etc) como referência nos estudos de xadrez? Cite os livros que mais lhe impressionaram ao longo de seus estudos no xadrez.
Leitão: Os livros clássicos citados foram muito importantes em sua época e ainda hoje servem como referência histórica. Entretanto, os métodos de aprendizado mudaram muito com o advento da informática. Sabendo-se utilizar com a inteligência a informação gerada por bases de dados+engines, é possível desenvolver-se mais rapidamente do que lendo estas obras. Existe um livro clássico que ainda considero leitura obrigatória: Zurich 53, do Bronstein. Além deste, os livros que mais me impressionaram foram os do Dvoretsky (todos).
Maia: Como massificar o xadrez no Brasil? por que, na sua opinião, não surgem, em boa quantidade, novos jogadores talentosos por ano? Os projetos de xadrez escolar no Brasil são eficazes (atingem as metas) e eficientes (relação custo/benefício)?
Leitão: O xadrez jamais será um esporte popular ou de massa no Brasil. É uma questão cultural: não temos nenhuma identidade com o jogo, ao contrário do que acontece em outros países. Na Argentina, para não irmos longe, quase todos sabem jogar xadrez. E por quê? Pelos projetos de xadrez nas escolas? Desconheço qualquer grande ação nesse sentido. Porque já tiveram um grande jogador? Mequinho foi mais longe que Panno. É simplesmente uma questão cultural. Justamente por isso os talentos aqui são esporádicos. Poucos têm contato com o jogo e mesmo os que se destacam têm dificuldades em conseguir treinamento especializado. Em relação aos projetos de xadrez escolar, careço de informações mais detalhadas para opinar.
Maia: Conte como foi a experiência de treinar com Mark Dvoretsky.
Leitão: Ir a Moscou, a eterna capital do xadrez, e estudar com um dos mais respeitados treinadores do mundo é uma experiência fascinante para quem é apaixonado por xadrez. Como escrevi anteriormente, cresci lendo os livros do Dvoretsky. Ele era (e ainda é) um ídolo para mim. E nessas 2 semanas pude absorver um pouco do que o xadrez significa para os russos e no que consiste a famosa escola russa de xadrez. Este conhecimento me ajudou a melhorar meu jogo e também a montar programas de treinamento para meus alunos, mesmo que muitos deles - infelizmente - jamais tenham lido um livro do Dvoretsky.
Maia: Sua apostila de cálculo é excelente. Nela você aborda sobre os "lances candidatos". Esta técnica, como está nos livros (Kotov, Nunn, Tisdall, Dvoretsky), é utilizada pelos super GM´s ?
Leitão: A técnica dos lances candidatos é muito importante para o aperfeiçoamento do cálculo e é utilizada pelos GMs. Entretanto, deve-se fazer uma ressalva. Não somos robôs preparados para fazer lances candidatos automaticamente em todas as posições. Para utilizar o método eficientemente é preciso treinamento e bom senso. O que ocorre é que a maioria dos enxadristas, em posições de cálculo complexo, são imediatamente seduzidos por alguma continuação e começam a analisá-la. Até aí tudo natural e isso ocorre com os GMs também. A diferença é que os enxadristas mais fracos persistem nessa mesma continuação durante muito tempo, quando muitas vezes o que deveriam fazer é voltar à posição inicial e se perguntar se não existe uma idéia mais efetiva (lances candidatos). A melhor explicação sobre lances candidatos está no livro do Nunn (Secrets of Practical Chess). O livro do Kotov, "Pense com um Grande Mestre" é muito importante por ser a obra que introduziu este conceito, mas discordo do método "robótico" por ele sugerido e discordo mais ainda do sistema de "árvore" de análises.
Maia:Ser enxadrista profissional não é fácil. Alguma vez você pensou em parar, fazer outras coisas profissionalmente?
Leitão: Sim, já pensei nisso diversas vezes. Mas não consigo ficar muito tempo longe de um tabuleiro. Fiz faculdade de Direito por 2 anos, mas tive que interromper os estudos devido às competições. Mesmo se eu fosse advogado ou exercesse alguma outra profissão, jamais perderia o contato com o xadrez. Essa idéia de parar com o xadrez de competição passa vez ou outra pela mente de todos os profissionais (especialmente depois de uma derrota amarga ou um torneio sofrível). A realidade, porém, é que um GM adquiriu um certo nível de status e excelência no que faz e não é fácil começar alguma outra atividade do zero. Atualmente estou feliz com as atividades de jogador e treinador e não pretendo fazer outra coisa.
Maia: Quais suas metas na carreira?
Leitão: Como jogador pretendo subir meu rating e entrar na lista dos Top 100. Como treinador tenho uma meta a longo prazo, que é ajudar algum enxadrista talentoso a conseguir o título de GM.
Maia: Você vai optar por jogar as Olimpíadas ou os Jogos Abertos de SP?
Leitão: Infelizmente a coincidência de datas entre os dois eventos não me deixa outra escolha a não ser disputar os Jogos Abertos.
Maia: Este ano teremos eleições na CBX. A atual gestão foi ótima ao sanear as finanças e produzir um bom caixa, além de várias outras iniciativas muito boas. Mas uma crítica que fazem é que teve uma atenção muito acentuada nos GM´s, esquecendo um pouco da base. O que você acha destas críticas e o que você espera da próxima gestão da CBX ?
Leitão: Acho que as críticas são infundadas e que a atual gestão da CBX está desenvolvendo um trabalho excepcional. Depois de um longo período no vermelho, finalmente a CBX tem dinheiro em caixa. Quanto às críticas ao apoio dado aos GMs, cumpre dizer que esta é uma das atribuições mais importantes de um Confederação: apoiar seus melhores jogadores. Aliás, este apoio não foi dado somente a GMs, mas também a muitos outros jogadores. Espero que a próxima gestão dê continuidade a este trabalho e que não haja um retrocesso.
Maia: Na sua opinião como está o desenvolvimento do xadrez no Brasil em termos regionais? tem acompanhado o desenvolvimento de federações do norte/nordeste, como, por exemplo, a do Pará (que realizou diversos eventos) ?
Leitão: Não tenho conhecimento suficiente para opinar sobre o desenvolvimento do xadrez em outras regiões. 90% dos torneios que disputo no Brasil são realizados em São Paulo.
Maia: O jogo de xadrez é sempre citado como grande instrumento pedagógico em idade escolar, auxiliando no desenvolvimento de outras habilidades como matemática, etc. Você concorda integralmente ou acha que há uma certa superestimação ideal dos benefícios do jogo?
Leitão: Concordo integralmente com os benefícios do xadrez para crianças em idade escolar. Claro que existem exceções, como enxadristas que tenham dificuldade na escola, mas isso é extremamente raro.
Maia: Obrigado pelo papo, GM Rafael Leitão! Apesar de você ser botafoguense, sou muito seu fã!!
55-Questões de Arbitragem II
Anotação - jogador pode anotar a partida em agenda eletrônica?
Pergunta 6: Durante o torneio o jogador pode anotar a partida numa ‘palm-top’ ao invés de usar a planilha fornecida pelo organizador?
Resposta: O jogador é obrigado a anotar a partida em uma planilha de papel, tão claro e legível quanto possível, consoante o disposto no artigo 8.1 da Lei do Xadrez.
É possível que num futuro próximo a legislação seja alterada e permita que no xadrez pensado a anotação seja feita com a utilização de computadores de bolso ‘palm top’ exclusivamente para efeito de registro dos lances da partida.
"Art. 8.1 - No decorrer do jogo a cada jogador é requerido anotar na planilha prescrita para a competição, em notação algébrica (Apêndice E), os próprios lances e os do oponente, de maneira correta, lance a lance, tão claro e legível quanto possível..."
Anotação - Quando o jogador, em torneios oficiais, usa a anotação descritiva, qual deve ser a postura correta do árbitro?
Pergunta 7: A lei do xadrez dá margem a dupla interpretação ao regular a anotação das partidas; primeiro orienta que se deve anotar em notação algébrica, mas não diz que é obrigado; depois diz que só reconhece a algébrica como oficial para fins de reclamação.
O fato é que ainda existem muitos jogadores, em torneios estaduais que aprenderam a jogar e estudaram D´Agostinni, em notação descritiva. Qual a postura correta do árbitro com estes jogadores: permite que anotem em descritivo e se houver algum problema exige que transcrevam para o algébrico durante o seu tempo de reflexão? (não se incomodando caso não haja problemas) ou imediatamente percebendo alguém anotando em descritivo pede para mudar? (o que vai gerar um desconforto para uma pessoa normalmente mais idosa que raciocina em descritivo)
Resposta: Realmente, a FIDE recomenda que os jogadores anotem as partidas em notação algébrica (art. 8.1 da Lei do Xadrez). Não há proibição expressa ao uso de outro tipo de anotação, por exemplo, a anotação descritiva, que é utilizada por alguns jogadores saudosistas.
Ocorre que, se o jogador quiser requerer empate (e isso vale para qualquer reclamação em que o jogador tenha de utilizar a planilha como prova), por exemplo, por repetição de lances, o árbitro não poderá aceitar a sua planilha (com notação diferente da algébrica) como prova, tendo em vista que somente as planilhas anotadas em notação algébrica são válidas para efeito de prova (vide apêndice E da Lei do Xadrez).
De acordo com o disposto no apêndice E da Lei do Xadrez, o árbitro que observar um jogador utilizando outro sistema de notação, que não seja o algébrico, deverá alertá-lo sobre essa restrição.
Se a competição for válida para rating FIDE, o árbitro deverá exigir que o jogador entregue a planilha (ao final da partida) em anotação algébrica, uma vez a Federação Internacional reconhece, para as competições válidas para rating FIDE, apenas um sistema de notação, o sistema algébrico.
Anotação - Obrigatoriedade de anotação e o "famoso jeitinho”
Pergunta 8: Em torneio no ritmo de 1h30 para toda a partida com bônus de 30 segundos para cada lance, um jogador reclamou ao árbitro que seu adversário, que estava apurado no tempo, tinha pulado lances nas últimas anotações e além disso teria parado de anotar.
O adversário alegou que não teria tempo de corrigir, face ao exíguo tempo que lhe restava. Pode o árbitro autorizar o jogador que estava com apenas alguns segundos no relógio a pará-lo para anotar corretamente os lances. Está correta a decisão?
Resposta: O artigo 8.1 da Lei do Xadrez obriga que o jogador anote os próprios lances e os do adversário, de maneira correta, lance a lance (sem pular lance), tão claro e legível quanto possível.
Todavia, o artigo 8.4 da Lei do Xadrez faculta ao jogador que estiver apurado no tempo (exceto se receber bônus de pelo menos 30 segundos por lance) deixar de anotar.
É evidente, portanto, que o jogador não pode parar de anotar quando recebe bônus de 30 segundos (ou mais).
O árbitro extrapolou a determinação da norma quando autorizou o jogador a parar o relógio para atualizar a planilha. Trata-se do não politicamente correto 'jeitinho'.
Anotação - Proibição de anotação dos lances antes da realização no tabuleiro
Pergunta 9: Vi que a última alteração nas regras da FIDE incluiu a proibição de anotação dos lances na planilha antes da realização do lance no tabuleiro. Esta é uma reivindicação antiga de alguns jogadores que diziam que a prática era pouco recomendável ou até antiética. Confesso que nunca entendi o motivo destas reclamações; nunca vi nenhum mal em se anotar os lances com antecedência.
Considerando que agora virou regra oficial gostaria de entender a motivação desta proibição?
Resposta: Embora seja uma regra – à primeira vista – antipática, acredito que Comitê de Arbitragem da FIDE tenha proibido a anotação do lance antes de o jogador executá-lo no tabuleiro em função de muitas reclamações. A anotação prévia do lance do lance servia de desculpas para práticas nada recomendáveis, tais como:
a) alguns jogadores costumam anotar o lance ‘errado’ e deixar à vista do oponente com a intenção de quebra da concentração; depois de alguns minutos, risca o lance e escreve outro, criando típica situação de ‘guerra de nervos’.
b) nos apuros de tempo, o jogador anota o lance (e às vezes carreiras de lances forçadas, ou não) antes de jogar e, com isso, ‘leva vantagem’ porque pode responder imediatamente ao lance, ou seqüência de lances.
Conclusão: A obrigatoriedade de o jogador anotar o lance depois de efetuado no tabuleiro, sem dúvida, irá facilitar o trabalho da arbitragem, sobretudo nos apuros de tempo.
A propósito, abaixo, está a redação do artigo que proíbe a anotação prévia de lances (A regra tem exceção)
”Art. 8.1 - ... É proibido anotar previamente o lance, exceto se o jogador estiver reivindicando empate na forma dos artigos 9.2 ou 9.3...” (casos de reivindicação de empate por repetição de jogadas e dos 50 lances ... sem capturas ou movimento de peão)
Anúncio de Xeque- Obrigatório ou Facultativo?
Pergunta 10: É obrigatório ou facultativo o anúncio do xeque? Resposta: Não existe obrigatoriedade de avisar-se um xeque. A lei é omissa com relação a esse assunto. Não existe também punição para o jogador que avise um xeque desde que o faça no seu próprio tempo e de maneira discreta.
Em partidas no ritmo de xadrez pensado, alguns jogadores costumam avisar quando ocorre o xeque. Nos últimos anos, raramente há avisos de xeque. No xadrez rápido e no xadrez relâmpago, por motivos óbvios, ninguém costuma anunciar xeque.
Apuro de tempo - Jogador não apurado pode deixar de anotar?
Pergunta 11: No final de uma partida (no ritmo de mais de uma hora para cada) o jogador A (brancas) tem, por exemplo, mais de 15 minutos e seu adversário dispõe de menos de 5 minutos (apurado) para executar todos os seus lances. As brancas fazem 2 lances 31º e 32º rapidamente, em resposta ao adversário, e somente depois disso anotam as duas carreiras de lances. Deve o árbitro intervir?Resposta: A conduta do jogador de efetuar um lance sem que tenha anotado o seu anterior implica em transgressão da regra estabelecida no art. 8.1 da Lei do Xadrez.
O árbitro deve penalizá-lo observando o elenco de punições previstas no art. 13.4 da Lei do Xadrez.
Vale lembrar que o grau da penalidade a ser aplicada vai depender da quantidade de tempo que o jogador apurado dispuser. Se, por exemplo, estiver muito apurado será inócua a aplicação de uma simples advertência. Assim, caso a caso, o árbitro deve valer-se do bom senso para aplicar a penalidade mais adequada à situação enfrentada de modo a não cometer injustiça.
"Art. 8.1 - O jogador pode responder a um lance do oponente antes de anotá-lo, se assim o desejar.
Todavia não pode executar um lance se deixou de anotar o seu lance anterior..."
"Art. 13.4 - O árbitro pode aplicar uma ou mais das seguintes penalidades:
a) advertência;
b) aumentar o tempo remanescente do oponente;
c) reduzir o tempo remanescente do jogador infrator;
d)declarar a perda da partida;
e) reduzir os pontos ganhos na partida pelo jogador infrator;
f)aumentar os pontos ganhos na partida pelo oponente até o máximo possível para aquela partida;g) expulsão do evento".
Apuro de tempo - Jogador apurado que volta a ter mais de 5 minutos em seu relógio ficará obrigado a anotar novamente?
Pergunta 12: Supondo uma partida com ritmo superior a 1 hora para cada jogador, o jogador "A" entra nos últimos 5 minutos e para de anotar seus lances, enquanto o jogador "B" tem mais de 5 minutos ainda. Após uns 10 lances, o jogador "A" está com 4 minutos e o jogador "B", ainda não apurado, realiza um lance impossível, que é punido com o acréscimo de 2 minutos para "A". Pergunta: "A" deverá voltar a anotar, já que estará novamente com mais de 5 minutos (mais precisamente seis, no presente exemplo)?
Resposta: À primeira vista pareceria óbvio que o jogador deveria voltar a anotar.
Todavia, analisando com mais acuidade a questão, nota-se que o legislador estabeleceu no art. 7.4 “b”, que é considerado ‘extra’ o tempo outorgado à parte prejudicada. Tratando-se de “tempo extra” concedido a título de punição, em virtude da falta praticada pelo adversário, é claro, que não poderá ser considerado parte integrante do tempo principal que os jogadores recebem no início da partida.
Exemplificando: Se os jogadores dispuserem de 2 horas para 40 lances + 1 hora nocaute, o tempo principal outorgado a cada jogador é de 3 horas.
Conseqüentemente, é considerado tempo "extra" o que for concedido pelo árbitro, no decorrer da partida.
Conclusão: É claro que o jogador continuaria "apurado" e a anotação, no caso, seria facultativa, não podendo o árbitro obrigá-lo a anotar novamente.
"Art. 8.4 da Lei do Xadrez: Quando o jogador tiver menos de cinco minutos em seu relógio (e não recebe bônus de 30 segundos ou mais após cada lance) ele não é obrigado a atender aos requisitos do Artigo 8.1. Imediatamente após a queda de uma das ‘setas’ o jogador deve atualizar a sua planilha antes de mover uma peça no tabuleiro".
"Art. 7.4 “b” - Após a adoção das ações descritas na alínea "a" do Artigo 7.4, para os dois primeiros lances ilegais feitos por um jogador, o árbitro deverá dar dois minutos extras (grifo nosso) ao oponente, a cada instância; para o terceiro lance ilegal efetuado pelo mesmo jogador, o árbitro deverá declarar a partida perdida para este jogador".
Pergunta 6: Durante o torneio o jogador pode anotar a partida numa ‘palm-top’ ao invés de usar a planilha fornecida pelo organizador?
Resposta: O jogador é obrigado a anotar a partida em uma planilha de papel, tão claro e legível quanto possível, consoante o disposto no artigo 8.1 da Lei do Xadrez.
É possível que num futuro próximo a legislação seja alterada e permita que no xadrez pensado a anotação seja feita com a utilização de computadores de bolso ‘palm top’ exclusivamente para efeito de registro dos lances da partida.
"Art. 8.1 - No decorrer do jogo a cada jogador é requerido anotar na planilha prescrita para a competição, em notação algébrica (Apêndice E), os próprios lances e os do oponente, de maneira correta, lance a lance, tão claro e legível quanto possível..."
Anotação - Quando o jogador, em torneios oficiais, usa a anotação descritiva, qual deve ser a postura correta do árbitro?
Pergunta 7: A lei do xadrez dá margem a dupla interpretação ao regular a anotação das partidas; primeiro orienta que se deve anotar em notação algébrica, mas não diz que é obrigado; depois diz que só reconhece a algébrica como oficial para fins de reclamação.
O fato é que ainda existem muitos jogadores, em torneios estaduais que aprenderam a jogar e estudaram D´Agostinni, em notação descritiva. Qual a postura correta do árbitro com estes jogadores: permite que anotem em descritivo e se houver algum problema exige que transcrevam para o algébrico durante o seu tempo de reflexão? (não se incomodando caso não haja problemas) ou imediatamente percebendo alguém anotando em descritivo pede para mudar? (o que vai gerar um desconforto para uma pessoa normalmente mais idosa que raciocina em descritivo)
Resposta: Realmente, a FIDE recomenda que os jogadores anotem as partidas em notação algébrica (art. 8.1 da Lei do Xadrez). Não há proibição expressa ao uso de outro tipo de anotação, por exemplo, a anotação descritiva, que é utilizada por alguns jogadores saudosistas.
Ocorre que, se o jogador quiser requerer empate (e isso vale para qualquer reclamação em que o jogador tenha de utilizar a planilha como prova), por exemplo, por repetição de lances, o árbitro não poderá aceitar a sua planilha (com notação diferente da algébrica) como prova, tendo em vista que somente as planilhas anotadas em notação algébrica são válidas para efeito de prova (vide apêndice E da Lei do Xadrez).
De acordo com o disposto no apêndice E da Lei do Xadrez, o árbitro que observar um jogador utilizando outro sistema de notação, que não seja o algébrico, deverá alertá-lo sobre essa restrição.
Se a competição for válida para rating FIDE, o árbitro deverá exigir que o jogador entregue a planilha (ao final da partida) em anotação algébrica, uma vez a Federação Internacional reconhece, para as competições válidas para rating FIDE, apenas um sistema de notação, o sistema algébrico.
Anotação - Obrigatoriedade de anotação e o "famoso jeitinho”
Pergunta 8: Em torneio no ritmo de 1h30 para toda a partida com bônus de 30 segundos para cada lance, um jogador reclamou ao árbitro que seu adversário, que estava apurado no tempo, tinha pulado lances nas últimas anotações e além disso teria parado de anotar.
O adversário alegou que não teria tempo de corrigir, face ao exíguo tempo que lhe restava. Pode o árbitro autorizar o jogador que estava com apenas alguns segundos no relógio a pará-lo para anotar corretamente os lances. Está correta a decisão?
Resposta: O artigo 8.1 da Lei do Xadrez obriga que o jogador anote os próprios lances e os do adversário, de maneira correta, lance a lance (sem pular lance), tão claro e legível quanto possível.
Todavia, o artigo 8.4 da Lei do Xadrez faculta ao jogador que estiver apurado no tempo (exceto se receber bônus de pelo menos 30 segundos por lance) deixar de anotar.
É evidente, portanto, que o jogador não pode parar de anotar quando recebe bônus de 30 segundos (ou mais).
O árbitro extrapolou a determinação da norma quando autorizou o jogador a parar o relógio para atualizar a planilha. Trata-se do não politicamente correto 'jeitinho'.
Anotação - Proibição de anotação dos lances antes da realização no tabuleiro
Pergunta 9: Vi que a última alteração nas regras da FIDE incluiu a proibição de anotação dos lances na planilha antes da realização do lance no tabuleiro. Esta é uma reivindicação antiga de alguns jogadores que diziam que a prática era pouco recomendável ou até antiética. Confesso que nunca entendi o motivo destas reclamações; nunca vi nenhum mal em se anotar os lances com antecedência.
Considerando que agora virou regra oficial gostaria de entender a motivação desta proibição?
Resposta: Embora seja uma regra – à primeira vista – antipática, acredito que Comitê de Arbitragem da FIDE tenha proibido a anotação do lance antes de o jogador executá-lo no tabuleiro em função de muitas reclamações. A anotação prévia do lance do lance servia de desculpas para práticas nada recomendáveis, tais como:
a) alguns jogadores costumam anotar o lance ‘errado’ e deixar à vista do oponente com a intenção de quebra da concentração; depois de alguns minutos, risca o lance e escreve outro, criando típica situação de ‘guerra de nervos’.
b) nos apuros de tempo, o jogador anota o lance (e às vezes carreiras de lances forçadas, ou não) antes de jogar e, com isso, ‘leva vantagem’ porque pode responder imediatamente ao lance, ou seqüência de lances.
Conclusão: A obrigatoriedade de o jogador anotar o lance depois de efetuado no tabuleiro, sem dúvida, irá facilitar o trabalho da arbitragem, sobretudo nos apuros de tempo.
A propósito, abaixo, está a redação do artigo que proíbe a anotação prévia de lances (A regra tem exceção)
”Art. 8.1 - ... É proibido anotar previamente o lance, exceto se o jogador estiver reivindicando empate na forma dos artigos 9.2 ou 9.3...” (casos de reivindicação de empate por repetição de jogadas e dos 50 lances ... sem capturas ou movimento de peão)
Anúncio de Xeque- Obrigatório ou Facultativo?
Pergunta 10: É obrigatório ou facultativo o anúncio do xeque? Resposta: Não existe obrigatoriedade de avisar-se um xeque. A lei é omissa com relação a esse assunto. Não existe também punição para o jogador que avise um xeque desde que o faça no seu próprio tempo e de maneira discreta.
Em partidas no ritmo de xadrez pensado, alguns jogadores costumam avisar quando ocorre o xeque. Nos últimos anos, raramente há avisos de xeque. No xadrez rápido e no xadrez relâmpago, por motivos óbvios, ninguém costuma anunciar xeque.
Apuro de tempo - Jogador não apurado pode deixar de anotar?
Pergunta 11: No final de uma partida (no ritmo de mais de uma hora para cada) o jogador A (brancas) tem, por exemplo, mais de 15 minutos e seu adversário dispõe de menos de 5 minutos (apurado) para executar todos os seus lances. As brancas fazem 2 lances 31º e 32º rapidamente, em resposta ao adversário, e somente depois disso anotam as duas carreiras de lances. Deve o árbitro intervir?Resposta: A conduta do jogador de efetuar um lance sem que tenha anotado o seu anterior implica em transgressão da regra estabelecida no art. 8.1 da Lei do Xadrez.
O árbitro deve penalizá-lo observando o elenco de punições previstas no art. 13.4 da Lei do Xadrez.
Vale lembrar que o grau da penalidade a ser aplicada vai depender da quantidade de tempo que o jogador apurado dispuser. Se, por exemplo, estiver muito apurado será inócua a aplicação de uma simples advertência. Assim, caso a caso, o árbitro deve valer-se do bom senso para aplicar a penalidade mais adequada à situação enfrentada de modo a não cometer injustiça.
"Art. 8.1 - O jogador pode responder a um lance do oponente antes de anotá-lo, se assim o desejar.
Todavia não pode executar um lance se deixou de anotar o seu lance anterior..."
"Art. 13.4 - O árbitro pode aplicar uma ou mais das seguintes penalidades:
a) advertência;
b) aumentar o tempo remanescente do oponente;
c) reduzir o tempo remanescente do jogador infrator;
d)declarar a perda da partida;
e) reduzir os pontos ganhos na partida pelo jogador infrator;
f)aumentar os pontos ganhos na partida pelo oponente até o máximo possível para aquela partida;g) expulsão do evento".
Apuro de tempo - Jogador apurado que volta a ter mais de 5 minutos em seu relógio ficará obrigado a anotar novamente?
Pergunta 12: Supondo uma partida com ritmo superior a 1 hora para cada jogador, o jogador "A" entra nos últimos 5 minutos e para de anotar seus lances, enquanto o jogador "B" tem mais de 5 minutos ainda. Após uns 10 lances, o jogador "A" está com 4 minutos e o jogador "B", ainda não apurado, realiza um lance impossível, que é punido com o acréscimo de 2 minutos para "A". Pergunta: "A" deverá voltar a anotar, já que estará novamente com mais de 5 minutos (mais precisamente seis, no presente exemplo)?
Resposta: À primeira vista pareceria óbvio que o jogador deveria voltar a anotar.
Todavia, analisando com mais acuidade a questão, nota-se que o legislador estabeleceu no art. 7.4 “b”, que é considerado ‘extra’ o tempo outorgado à parte prejudicada. Tratando-se de “tempo extra” concedido a título de punição, em virtude da falta praticada pelo adversário, é claro, que não poderá ser considerado parte integrante do tempo principal que os jogadores recebem no início da partida.
Exemplificando: Se os jogadores dispuserem de 2 horas para 40 lances + 1 hora nocaute, o tempo principal outorgado a cada jogador é de 3 horas.
Conseqüentemente, é considerado tempo "extra" o que for concedido pelo árbitro, no decorrer da partida.
Conclusão: É claro que o jogador continuaria "apurado" e a anotação, no caso, seria facultativa, não podendo o árbitro obrigá-lo a anotar novamente.
"Art. 8.4 da Lei do Xadrez: Quando o jogador tiver menos de cinco minutos em seu relógio (e não recebe bônus de 30 segundos ou mais após cada lance) ele não é obrigado a atender aos requisitos do Artigo 8.1. Imediatamente após a queda de uma das ‘setas’ o jogador deve atualizar a sua planilha antes de mover uma peça no tabuleiro".
"Art. 7.4 “b” - Após a adoção das ações descritas na alínea "a" do Artigo 7.4, para os dois primeiros lances ilegais feitos por um jogador, o árbitro deverá dar dois minutos extras (grifo nosso) ao oponente, a cada instância; para o terceiro lance ilegal efetuado pelo mesmo jogador, o árbitro deverá declarar a partida perdida para este jogador".
sábado, 12 de julho de 2008
54- Jogador Patológico!
Para enriquecer nosso final de semana, posto aqui novo texto do prof. Alfredo Santos, brilhante como sempre!
O texto veio bem a calhar em função do alto grau de insanidade mental que vêm apresentando algumas pessoas no nosso Xadrez-Pólis.........
============================xxx==================================
DROGA POR DROGA FIQUE COM O XADREZ
Alfredo Pereira dos Santos
Num trabalho intitulado “Jogo patológico, uma revisão da literatura” a psicóloga Tatiana Avelino dos Santos afirma que existe uma forma de jogo que nada mais é do que uma tóxico-dependência que subsiste sob uma máscara de pseudo-aceitação social.
Jogar nem sempre é patologia. O jogar é uma atividade prazerosa que potencia a obtenção de competências relevantes para o desenvolvimento do ser humano (Villa & Canal, 1998). Daí a importância do jogo (e do xadrez, em particular) como atividade, dentro ou fora da escola.
Assim como existe o bebedor social, existe também o alcoólatra. E alcoolismo é doença. No jogo ocorre a mesma coisa. Existem aqueles que jogam para se divertir e existem aqueles para os quais o jogo é compulsão, obsessão. O que também é doença. Durante muito tempo não se atentou para esses aspectos do jogo mas, em 1980, a “Associação Americana de Psicologia” o inclui no seu “Manual de Desordens Mentais”.
Segundo alguns estudiosos da matéria existem quatro tipos de jogadores:
1 – O jogador social, que joga ocasionalmente e tem controle sobre a situação.
2 – O jogador profissional, que tem algum controle porque joga com outra motivação, a sua profissão depende disso e a sua atuação está bem fundamentada.
3 – O jogador problema, que já apresenta alguns sinais do jogador patológico, mas não de forma que possa ser considerado como tal.
4 – O jogador patológico.
Nessa última categoria estão três subgrupos. O maior deles, com quase a metade do total, sofria de graves perturbações da personalidade, 29 por cento apresentavam relações pessoais fortemente debilitantes e, aproximadamente, 22 por cento padeciam de sérias desordens psiquiátricas, como esquizofrenia ou perturbação bipolar. Por outro lado, alguns estudos apresentam o jogador patológico como o mais enérgico e com inteligência acima da média.
Os psicanalistas foram os primeiros a oferecer explicações para o jogo patológico. O primeiro estudo sobre o tema foi conduzido por Hattinberg, em 1914. Segundo ele o jogador patológico erotiza a tensão e o medo envolvido no ato de jogar. Isso acontece, segundo ele, porque este tipo de jogador apresenta uma fixação na fase anal do seu desenvolvimento psicossexual, o que explica a faceta compulsiva e masoquista da sua personalidade.
Tais observações nos remetem ao conhecido livro “A psicologia do jogador de xadrez”, do Reuben Fine, um grande mestre de xadrez que deixou o jogo para se dedicar à psicanálise. Não vou falar sobre o livro, que considero leitura obrigatória para qualquer enxadrista. Fico apenas na referência, na confluências das observações encontradas no livro do Fine com a de outros autores.
No final do seu trabalho, Tatiana fala sobre o xadrez e cita uma frase do Kasparov: “O xadrez é tortura mental”. Em seguida faz outra citação, esta de Reider que, em trabalho de 1959, intitulado “Chess, Oedipus and the Mater Dolorosa”, publicado no “International Journal of Psycho-Analysis, 40, 320-334“, diz o seguinte: “Nenhum tipo de jogo fornece à psicanálise tantas oportunidades de investigação e estudo como o xadrez”. Trocando em miúdos, o xadrez e os enxadristas são um prato cheio para os psicólogos.
Tudo o que escrevi até agora foi preâmbulo à conclusão a que cheguei lendo o trabalho da psicóloga Tatiana. Ela cita autores que afirmam que se pode mudar o foco da dependência passando, por exemplo, do álcool para o jogo compulsivo ou da cocaína para o álcool.
Daí então a luminosa idéia que me veio à mente. E quem não achar pode me esculhambar à vontade que eu tenho carapaça de rinoceronte e agüento as pancadas.
É o seguinte: notícias recentes nos dizem que está havendo aumento do consumo de drogas no Brasil. Vejam essa notícia da Agência Brasil:
Brasília - O aumento no consumo de cocaína e maconha no Brasil apontado pelo Relatório Mundial sobre Drogas 2008, do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc), não representou “nenhuma surpresa” para o secretário Nacional Antidrogas, general Paulo Uchôa, diante dos números apresentados por nações vizinhas.
Confiram em:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/06/26/materia.2008-06-26.2414838693/view
E na página do jornal O GLOBO saiu o seguinte:
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2008 informa que o Brasil tem cerca de 870 mil usuários de cocaína e que o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65 anos, no período entre 2001 e 2004, o equivale a créscimo de cerca de 75%. O Brasil é o segundo maior mercado das Américas, com 870 mil usuários, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de seis milhões de consumidores.
Confiram em:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/06/25/brasil_tem_870_mil_usuarios_de_cocaina_relatorio_da_onu_indica_aumento_no_numero_de_usuarios_de_drogas-546963088.asp
Estes números indicam que a sociedade brasileira padece de graves patologias, que se manifestam das mais diferentes maneiras. Além das drogas ilícitas temos: corrupção, violência, injustiças sociais, políticos sem-vergonha, e por ai vai. Sem falar no que Reich chamava de “doença sexual das massas”, o que fica bem caracterizado no sucesso de programas tipo Big Brother Brasil que, se algum mérito tem, é o de poder medir o tamanho da perversão sexual, conhecida como voyeurismo, existente na nossa população. Não se pode esquecer também da dependência televisiva. Sim, pois a televisão é também uma droga e cria dependência.
O fato é que vivemos numa sociedade de adictos, o que faz sentido, pois se a realidade (interna ou externa) é insuportável e o indivíduo não consegue ver “a luz no fim do túnel” não lhe resta alternativa que não seja a de criar um mundo que lhe seja menos doloroso. Naturalmente que a falta de conhecimento próprio (o nosce te ipsun socrático), do mundo e do semelhante agrava o quadro, posto que justamente tira ao indivíduo a possibilidade de “ver a luz no fim do túnel”.
Como muitos argumentos usados pelos que fazem a apologia do jogo, no sentido de induzir as pessoas a praticá-lo, não me parecem muito convincentes, arrisco-me, ainda que com pitadas de galhofa, a propor mais um (que não exclui a possibilidade da adoção das medidas terapêuticas cabíveis em cada caso):
DROGA POR DROGA FIQUE COM O XADREZ
Veja o que o xadrez pode fazer por você:
1 – Dificilmente você vai morrer de overdose.
2 – A polícia não vai lhe prender ou achacar por você estar jogando ou portando um tabuleiro com as peças.
3 – Você não precisará jogar escondido no banheiro.
4 – O xadrez não vai lhe causar impotência sexual.
5 – No xadrez você poderá dar expansão às suas fantasias eróticas, pois, como dizia o Machado de Assis, “é um jogo onde todos comem a todos” (se bem que o grande Machado errou: o Rei ninguém come).
6 – Você não precisará chegar até a “boca de fumo” ou ao pé do morro para obter a sua dose de fuga à realidade. O xadrez vai lhe dar menos trabalho e vai sair mais barato.
Bom, essas foram algumas vantagens que me vieram à mente. Creio que está de bom tamanho, mas quem quiser pode contribuir com outras.
Obrigado pela atenção e aguardem as cenas dos próximos capítulos.
Rio de Janeiro, 10 de julho de 2008
O texto veio bem a calhar em função do alto grau de insanidade mental que vêm apresentando algumas pessoas no nosso Xadrez-Pólis.........
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DROGA POR DROGA FIQUE COM O XADREZ
Alfredo Pereira dos Santos
Num trabalho intitulado “Jogo patológico, uma revisão da literatura” a psicóloga Tatiana Avelino dos Santos afirma que existe uma forma de jogo que nada mais é do que uma tóxico-dependência que subsiste sob uma máscara de pseudo-aceitação social.
Jogar nem sempre é patologia. O jogar é uma atividade prazerosa que potencia a obtenção de competências relevantes para o desenvolvimento do ser humano (Villa & Canal, 1998). Daí a importância do jogo (e do xadrez, em particular) como atividade, dentro ou fora da escola.
Assim como existe o bebedor social, existe também o alcoólatra. E alcoolismo é doença. No jogo ocorre a mesma coisa. Existem aqueles que jogam para se divertir e existem aqueles para os quais o jogo é compulsão, obsessão. O que também é doença. Durante muito tempo não se atentou para esses aspectos do jogo mas, em 1980, a “Associação Americana de Psicologia” o inclui no seu “Manual de Desordens Mentais”.
Segundo alguns estudiosos da matéria existem quatro tipos de jogadores:
1 – O jogador social, que joga ocasionalmente e tem controle sobre a situação.
2 – O jogador profissional, que tem algum controle porque joga com outra motivação, a sua profissão depende disso e a sua atuação está bem fundamentada.
3 – O jogador problema, que já apresenta alguns sinais do jogador patológico, mas não de forma que possa ser considerado como tal.
4 – O jogador patológico.
Nessa última categoria estão três subgrupos. O maior deles, com quase a metade do total, sofria de graves perturbações da personalidade, 29 por cento apresentavam relações pessoais fortemente debilitantes e, aproximadamente, 22 por cento padeciam de sérias desordens psiquiátricas, como esquizofrenia ou perturbação bipolar. Por outro lado, alguns estudos apresentam o jogador patológico como o mais enérgico e com inteligência acima da média.
Os psicanalistas foram os primeiros a oferecer explicações para o jogo patológico. O primeiro estudo sobre o tema foi conduzido por Hattinberg, em 1914. Segundo ele o jogador patológico erotiza a tensão e o medo envolvido no ato de jogar. Isso acontece, segundo ele, porque este tipo de jogador apresenta uma fixação na fase anal do seu desenvolvimento psicossexual, o que explica a faceta compulsiva e masoquista da sua personalidade.
Tais observações nos remetem ao conhecido livro “A psicologia do jogador de xadrez”, do Reuben Fine, um grande mestre de xadrez que deixou o jogo para se dedicar à psicanálise. Não vou falar sobre o livro, que considero leitura obrigatória para qualquer enxadrista. Fico apenas na referência, na confluências das observações encontradas no livro do Fine com a de outros autores.
No final do seu trabalho, Tatiana fala sobre o xadrez e cita uma frase do Kasparov: “O xadrez é tortura mental”. Em seguida faz outra citação, esta de Reider que, em trabalho de 1959, intitulado “Chess, Oedipus and the Mater Dolorosa”, publicado no “International Journal of Psycho-Analysis, 40, 320-334“, diz o seguinte: “Nenhum tipo de jogo fornece à psicanálise tantas oportunidades de investigação e estudo como o xadrez”. Trocando em miúdos, o xadrez e os enxadristas são um prato cheio para os psicólogos.
Tudo o que escrevi até agora foi preâmbulo à conclusão a que cheguei lendo o trabalho da psicóloga Tatiana. Ela cita autores que afirmam que se pode mudar o foco da dependência passando, por exemplo, do álcool para o jogo compulsivo ou da cocaína para o álcool.
Daí então a luminosa idéia que me veio à mente. E quem não achar pode me esculhambar à vontade que eu tenho carapaça de rinoceronte e agüento as pancadas.
É o seguinte: notícias recentes nos dizem que está havendo aumento do consumo de drogas no Brasil. Vejam essa notícia da Agência Brasil:
Brasília - O aumento no consumo de cocaína e maconha no Brasil apontado pelo Relatório Mundial sobre Drogas 2008, do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc), não representou “nenhuma surpresa” para o secretário Nacional Antidrogas, general Paulo Uchôa, diante dos números apresentados por nações vizinhas.
Confiram em:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/06/26/materia.2008-06-26.2414838693/view
E na página do jornal O GLOBO saiu o seguinte:
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2008 informa que o Brasil tem cerca de 870 mil usuários de cocaína e que o consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65 anos, no período entre 2001 e 2004, o equivale a créscimo de cerca de 75%. O Brasil é o segundo maior mercado das Américas, com 870 mil usuários, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de seis milhões de consumidores.
Confiram em:
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/06/25/brasil_tem_870_mil_usuarios_de_cocaina_relatorio_da_onu_indica_aumento_no_numero_de_usuarios_de_drogas-546963088.asp
Estes números indicam que a sociedade brasileira padece de graves patologias, que se manifestam das mais diferentes maneiras. Além das drogas ilícitas temos: corrupção, violência, injustiças sociais, políticos sem-vergonha, e por ai vai. Sem falar no que Reich chamava de “doença sexual das massas”, o que fica bem caracterizado no sucesso de programas tipo Big Brother Brasil que, se algum mérito tem, é o de poder medir o tamanho da perversão sexual, conhecida como voyeurismo, existente na nossa população. Não se pode esquecer também da dependência televisiva. Sim, pois a televisão é também uma droga e cria dependência.
O fato é que vivemos numa sociedade de adictos, o que faz sentido, pois se a realidade (interna ou externa) é insuportável e o indivíduo não consegue ver “a luz no fim do túnel” não lhe resta alternativa que não seja a de criar um mundo que lhe seja menos doloroso. Naturalmente que a falta de conhecimento próprio (o nosce te ipsun socrático), do mundo e do semelhante agrava o quadro, posto que justamente tira ao indivíduo a possibilidade de “ver a luz no fim do túnel”.
Como muitos argumentos usados pelos que fazem a apologia do jogo, no sentido de induzir as pessoas a praticá-lo, não me parecem muito convincentes, arrisco-me, ainda que com pitadas de galhofa, a propor mais um (que não exclui a possibilidade da adoção das medidas terapêuticas cabíveis em cada caso):
DROGA POR DROGA FIQUE COM O XADREZ
Veja o que o xadrez pode fazer por você:
1 – Dificilmente você vai morrer de overdose.
2 – A polícia não vai lhe prender ou achacar por você estar jogando ou portando um tabuleiro com as peças.
3 – Você não precisará jogar escondido no banheiro.
4 – O xadrez não vai lhe causar impotência sexual.
5 – No xadrez você poderá dar expansão às suas fantasias eróticas, pois, como dizia o Machado de Assis, “é um jogo onde todos comem a todos” (se bem que o grande Machado errou: o Rei ninguém come).
6 – Você não precisará chegar até a “boca de fumo” ou ao pé do morro para obter a sua dose de fuga à realidade. O xadrez vai lhe dar menos trabalho e vai sair mais barato.
Bom, essas foram algumas vantagens que me vieram à mente. Creio que está de bom tamanho, mas quem quiser pode contribuir com outras.
Obrigado pela atenção e aguardem as cenas dos próximos capítulos.
Rio de Janeiro, 10 de julho de 2008
sexta-feira, 11 de julho de 2008
53- Questões de Arbitragem I
Semanalmente postarei aqui cinco questões de arbitragem de um total de 161 dúvidas que foram, ao longo dos anos, enviadas por e-mail ao AI Antônio Bento. A fonte é o site www.bcx.com.br
Vamos lá!
161 Questões de Arbitragem - Perguntas feitas por e-mail
Respostas do AI Antonio Bento, à luz da lei vigente.
Abandono de torneio - Como fica a situação da pontuação do jogador?
Pergunta 1: O que acontece quando um jogador abandona ou é eliminado de um torneio “round-robin” ou “schuring” (todos jogam contra todos)? E num torneio suíço?
Resposta: Num torneio todos contra todos (round robin ou schuring), o árbitro deve adotar os seguintes critérios:
a) se um jogador abandona antes de ter completado 50% (cinqüenta por cento) de suas partidas, a pontuação dele permanece na tabela de torneio (para efeito de “rating” e propósitos históricos), mas os pontos marcados por ele ou contra ele não serão levados em conta na classificação final.
b) se um jogador abandona depois de ter completado, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) de suas partidas, a contagem dele permanecerá na tabela do torneio e será levada em conta na classificação final. FIDE Handbook (C06.V.4)
Se um jogador abandona ou é eliminado de um torneio, disputado pelo sistema suíço, seus pontos e dos oponentes permanecem na tabela cross-table’’ para fins de classificação final. FIDE Handbook (C06.V.5)
OBS: As partidas não jogadas (WO) serão indicadas na tabela de torneio pelos sinais "+" para o vencedor e "-" para o perdedor. Se nenhum dos jogadores estiver presente, será indicado na tabela de torneio o sinal "-” derrota para os dois jogadores.
Abandono ou Pate - Pretas afogam o rei branco - brancas abandonam - O que decide o árbitro?
Pergunta 2: Os dois jogadores estão em uma situação muito complicada, com ambos os reis expostos por causa dos ataques efetuados.
O jogador A, muito mais nervoso que o adversário, e terrivelmente preocupado com a situação desesperadora do seu rei, abandona a partida sem perceber que o último lance, efetuado por seu adversário, jogador B, tinha afogado o seu rei. Qual deve ser a decisão do árbitro: empate ou derrota do jogador A, por abandono?
Resposta: O árbitro tem de analisar a cronologia dos fatos. Se não foi ilegal o lance que deixou o rei do jogador A afogado, a partida está empatada. O ‘pate’ também determina o imediato término da partida. (Vide art. 5.2 “a”)
Não importa o que aconteceu depois, visto que o abandono não teria qualquer eficácia.
Conclusão: O árbitro deve decretar o empate se o lance que produziu a posição de afogado foi legal.
"Art. 5.1. “b” - A partida é vencida pelo jogador cujo oponente declara que abandona. Isto, imediatamente, termina a partida."
"Art. 5.2. “a” - A partida está empatada quando o jogador que tem a vez não tem lance legal e o seu rei não está em xeque. Diz-se que a partida terminou com o rei ‘afogado’. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição de afogado."
Abandono ou Pate - Pretas com o rei já afogado resolvem abandonar. O que decide o árbitro que está presenciando a partida?
Pergunta 3: O jogador das pretas abaixa o seu rei em sinal de abandono. Imediatamente, o árbitro decreta empate pois considerou que a decisão de abandonar teria sido uma decisão extemporânea (tarde demais); afinal como abandonar algo que já estava perfeitamente acabado? A posição no tabuleiro era: Brancas: f7, Rd6, Dc6, c3, b2; Pretas: c4, Ra5. Foi correta a decisão, considerando que a partida era disputada no ritmo de 15 minutos para cada jogador?
Resposta: A situação é idêntica à da questão anterior. Ambas não são hipotéticas. Aconteceram realmente em competições enxadrísticas. Desta vez vamos fazer uma análise mais profunda, abordando aspectos jurídicos.
Vejamos o que diz a lei do xadrez sobre o assunto: Reza o artigo 5.2.a que a partida está empatada quando o jogador que tem a vez não tem lance legal e o seu rei não está em xeque. Diz-se que partida terminou com o rei ‘afogado’. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição de afogado.
O artigo 5.1.b diz que a partida é vencida pelo jogador cujo oponente declara que abandona. Isto, imediatamente, termina a partida.
Efetivamente, tratam-se de duas regras que regulam o fim da partida. Mas o que aconteceu primeiro: o abandono ou o patê?
Ora se foi o patê, então o árbitro, na situação aqui descrita, agiu corretamente ao convalidar (decretar) o empate numa partida no ritmo de pensado.
Mas, estaria correta a atuação do árbitro, numa partida jogada no ritmo de xadrez rápido? No apêndice B5, alínea a, há uma condição restritiva à intervenção do árbitro com relação às disposições do artigo 4; nos casos ali descritos a intervenção só pode ser feita ser houver reclamação de um dos jogadores.
No apêndice B6 há também outra disposição de limite de atuação do árbitro, no que diz respeito a abster-se de assinalar uma queda de seta; só poderá intervir se houver uma motivação.
Da análise dessas hipóteses, verifica-se que a não intervenção do árbitro funda-se no fato de ter-se atribuído aos jogadores o ônus de fiscalizarem uns aos outros.
Vale dizer: se o jogador não prestou atenção, deixou passar. A aplicação da regra dependa da atenção dos jogadores.
Mas isso não significa que o árbitro não poderá intervir em nenhuma hipótese. Nem seria razoável se assim não o fosse, uma vez a que não é possível submeter ao critério exclusivo dos jogadores a aplicação ou não das leis do xadrez. Assim é que, havendo uma posição de empate no tabuleiro, tal situação não depende de provocação de qualquer um dos jogadores, isto é, não está a critério dos jogadores ou dependente de sua atenção.
Tanto é assim que não existe qualquer dispositivo no apêndice B que impeça o árbitro de aplicar o disposto no supracitado artigo 5.2.b; resulta claro que não se poderá impedir que o árbitro atue fazendo valer tal regra (do pate), que com certeza, vale também para o ritmo rápido.
Conclusão: Foi oportuna e absolutamente correta a decisão do árbitro. Não há dúvida que o árbitro não poderia se furtar ao que se chama “dever de ofício” de aplicar uma regra pertinente à situação configurada no tabuleiro e não sujeita à fiscalização das partes. O dever de agir (com presteza) incumbe ao árbitro a quem cabe por ofício zelar pela fiel observância aos ditames da Lei. Caso tivesse decretado a vitória das brancas, ou se omitido, aí sim, teria cometido uma terrível injustiça com o jogador das pretas, pois é óbvio que estaria agindo desastradamente, ou seja, mudando o resultado correto de uma partida.
Adulteração de posição de peças - Decisão do árbitro
Pergunta 4: Enquanto aguarda resposta ao seu 30º lance, o jogador levanta-se e circula pelo salão de jogos. Depois de notar que o seu relógio tinha sido acionado, senta-se e anota o lance efetuado pelo adversário. Percebe, então, que o seu oponente além de fazer um lance de peão teria mudado a posição de uma de suas peças. Verifica a anotação e questiona o adversário, que contesta a adulteração, afirmando que a posição estava correta. Após novo exame das planilhas o jogador constata a fraude e chama o árbitro. Qual deve ser a decisão do árbitro?
Resposta: O árbitro deve fazer minuciosa verificação das planilhas. É claro que uma vez configurada a fraude, que, por seu turno, envolve a má-fé, ou seja, o intuito prévio de enganar o adversário para obter vantagem indevida, o jogador responsável deverá ser punido com a perda da partida. (art. 12.1 da Lei do Xadrez combinado com art. 13.4 “d”. No relatório final do evento, o árbitro deverá registrar a ocorrência para ciência da entidade desportiva competente.
"12.1 - Os jogadores não poderão praticar nenhuma ação que cause má reputação ao jogo de xadrez."
”Art. 13.4 – O árbitro pode .... declarar a perda da partida.”
Agressão verbal ou física - Há alguma punição especial?
Pergunta 5: Tenho curiosidade de saber se existe algum tipo de punição, seja perda da partida, tempo, ou o que for, em caso de agressão verbal ou até mesmo física, as punições são diferentes?Resposta: A lei do xadrez tem remédio para tudo! O artigo 13.4, por exemplo, apresenta um elenco de penalidades que podem ser aplicadas durante um torneio. Além disso o artigo 12.1 também é um comando importante que aumenta sobremaneira o poder discricionário do árbitro, podendo respaldar decisões de mais amplo espectro.
No caso de um jogador ser agredido verbalmente, o árbitro pode advertir o jogador-agressor e alertá-lo que, no caso de reincidência, perderá a partida. Dependendo do grau da agressão verbal, o árbitro poderá aplicar punições mais fortes, valendo-se de seu bom-senso. No caso de agressão física, que é uma infração gravíssima, não cabe só advertência; o árbitro poderá não só declarar a perda da partida como expulsar o jogador-agressor do torneio. E dependendo do grau da agressão física, a possibilidade de o caso ser levado à esfera policial não deixa de ser uma alternativa a ser cogitada.
"Art. 12.1 - Os jogadores não poderão praticar nenhuma ação que cause má reputação ao jogo de xadrez".
"Art. 13.4 - O árbitro pode aplicar uma ou mais das seguintes penalidades:
a. advertência;
b. aumentar o tempo remanescente do oponente;
c. reduzir o tempo remanescente do jogador infrator;
d. declarar a perda da partida;
e. reduzir os pontos ganhos na partida pelo jogador infrator;
f. aumentar os pontos ganhos na partida pelo oponente até o máximo possível para aquela partida;
g. expulsão do evento".
Vamos lá!
161 Questões de Arbitragem - Perguntas feitas por e-mail
Respostas do AI Antonio Bento, à luz da lei vigente.
Abandono de torneio - Como fica a situação da pontuação do jogador?
Pergunta 1: O que acontece quando um jogador abandona ou é eliminado de um torneio “round-robin” ou “schuring” (todos jogam contra todos)? E num torneio suíço?
Resposta: Num torneio todos contra todos (round robin ou schuring), o árbitro deve adotar os seguintes critérios:
a) se um jogador abandona antes de ter completado 50% (cinqüenta por cento) de suas partidas, a pontuação dele permanece na tabela de torneio (para efeito de “rating” e propósitos históricos), mas os pontos marcados por ele ou contra ele não serão levados em conta na classificação final.
b) se um jogador abandona depois de ter completado, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) de suas partidas, a contagem dele permanecerá na tabela do torneio e será levada em conta na classificação final. FIDE Handbook (C06.V.4)
Se um jogador abandona ou é eliminado de um torneio, disputado pelo sistema suíço, seus pontos e dos oponentes permanecem na tabela cross-table’’ para fins de classificação final. FIDE Handbook (C06.V.5)
OBS: As partidas não jogadas (WO) serão indicadas na tabela de torneio pelos sinais "+" para o vencedor e "-" para o perdedor. Se nenhum dos jogadores estiver presente, será indicado na tabela de torneio o sinal "-” derrota para os dois jogadores.
Abandono ou Pate - Pretas afogam o rei branco - brancas abandonam - O que decide o árbitro?
Pergunta 2: Os dois jogadores estão em uma situação muito complicada, com ambos os reis expostos por causa dos ataques efetuados.
O jogador A, muito mais nervoso que o adversário, e terrivelmente preocupado com a situação desesperadora do seu rei, abandona a partida sem perceber que o último lance, efetuado por seu adversário, jogador B, tinha afogado o seu rei. Qual deve ser a decisão do árbitro: empate ou derrota do jogador A, por abandono?
Resposta: O árbitro tem de analisar a cronologia dos fatos. Se não foi ilegal o lance que deixou o rei do jogador A afogado, a partida está empatada. O ‘pate’ também determina o imediato término da partida. (Vide art. 5.2 “a”)
Não importa o que aconteceu depois, visto que o abandono não teria qualquer eficácia.
Conclusão: O árbitro deve decretar o empate se o lance que produziu a posição de afogado foi legal.
"Art. 5.1. “b” - A partida é vencida pelo jogador cujo oponente declara que abandona. Isto, imediatamente, termina a partida."
"Art. 5.2. “a” - A partida está empatada quando o jogador que tem a vez não tem lance legal e o seu rei não está em xeque. Diz-se que a partida terminou com o rei ‘afogado’. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição de afogado."
Abandono ou Pate - Pretas com o rei já afogado resolvem abandonar. O que decide o árbitro que está presenciando a partida?
Pergunta 3: O jogador das pretas abaixa o seu rei em sinal de abandono. Imediatamente, o árbitro decreta empate pois considerou que a decisão de abandonar teria sido uma decisão extemporânea (tarde demais); afinal como abandonar algo que já estava perfeitamente acabado? A posição no tabuleiro era: Brancas: f7, Rd6, Dc6, c3, b2; Pretas: c4, Ra5. Foi correta a decisão, considerando que a partida era disputada no ritmo de 15 minutos para cada jogador?
Resposta: A situação é idêntica à da questão anterior. Ambas não são hipotéticas. Aconteceram realmente em competições enxadrísticas. Desta vez vamos fazer uma análise mais profunda, abordando aspectos jurídicos.
Vejamos o que diz a lei do xadrez sobre o assunto: Reza o artigo 5.2.a que a partida está empatada quando o jogador que tem a vez não tem lance legal e o seu rei não está em xeque. Diz-se que partida terminou com o rei ‘afogado’. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição de afogado.
O artigo 5.1.b diz que a partida é vencida pelo jogador cujo oponente declara que abandona. Isto, imediatamente, termina a partida.
Efetivamente, tratam-se de duas regras que regulam o fim da partida. Mas o que aconteceu primeiro: o abandono ou o patê?
Ora se foi o patê, então o árbitro, na situação aqui descrita, agiu corretamente ao convalidar (decretar) o empate numa partida no ritmo de pensado.
Mas, estaria correta a atuação do árbitro, numa partida jogada no ritmo de xadrez rápido? No apêndice B5, alínea a, há uma condição restritiva à intervenção do árbitro com relação às disposições do artigo 4; nos casos ali descritos a intervenção só pode ser feita ser houver reclamação de um dos jogadores.
No apêndice B6 há também outra disposição de limite de atuação do árbitro, no que diz respeito a abster-se de assinalar uma queda de seta; só poderá intervir se houver uma motivação.
Da análise dessas hipóteses, verifica-se que a não intervenção do árbitro funda-se no fato de ter-se atribuído aos jogadores o ônus de fiscalizarem uns aos outros.
Vale dizer: se o jogador não prestou atenção, deixou passar. A aplicação da regra dependa da atenção dos jogadores.
Mas isso não significa que o árbitro não poderá intervir em nenhuma hipótese. Nem seria razoável se assim não o fosse, uma vez a que não é possível submeter ao critério exclusivo dos jogadores a aplicação ou não das leis do xadrez. Assim é que, havendo uma posição de empate no tabuleiro, tal situação não depende de provocação de qualquer um dos jogadores, isto é, não está a critério dos jogadores ou dependente de sua atenção.
Tanto é assim que não existe qualquer dispositivo no apêndice B que impeça o árbitro de aplicar o disposto no supracitado artigo 5.2.b; resulta claro que não se poderá impedir que o árbitro atue fazendo valer tal regra (do pate), que com certeza, vale também para o ritmo rápido.
Conclusão: Foi oportuna e absolutamente correta a decisão do árbitro. Não há dúvida que o árbitro não poderia se furtar ao que se chama “dever de ofício” de aplicar uma regra pertinente à situação configurada no tabuleiro e não sujeita à fiscalização das partes. O dever de agir (com presteza) incumbe ao árbitro a quem cabe por ofício zelar pela fiel observância aos ditames da Lei. Caso tivesse decretado a vitória das brancas, ou se omitido, aí sim, teria cometido uma terrível injustiça com o jogador das pretas, pois é óbvio que estaria agindo desastradamente, ou seja, mudando o resultado correto de uma partida.
Adulteração de posição de peças - Decisão do árbitro
Pergunta 4: Enquanto aguarda resposta ao seu 30º lance, o jogador levanta-se e circula pelo salão de jogos. Depois de notar que o seu relógio tinha sido acionado, senta-se e anota o lance efetuado pelo adversário. Percebe, então, que o seu oponente além de fazer um lance de peão teria mudado a posição de uma de suas peças. Verifica a anotação e questiona o adversário, que contesta a adulteração, afirmando que a posição estava correta. Após novo exame das planilhas o jogador constata a fraude e chama o árbitro. Qual deve ser a decisão do árbitro?
Resposta: O árbitro deve fazer minuciosa verificação das planilhas. É claro que uma vez configurada a fraude, que, por seu turno, envolve a má-fé, ou seja, o intuito prévio de enganar o adversário para obter vantagem indevida, o jogador responsável deverá ser punido com a perda da partida. (art. 12.1 da Lei do Xadrez combinado com art. 13.4 “d”. No relatório final do evento, o árbitro deverá registrar a ocorrência para ciência da entidade desportiva competente.
"12.1 - Os jogadores não poderão praticar nenhuma ação que cause má reputação ao jogo de xadrez."
”Art. 13.4 – O árbitro pode .... declarar a perda da partida.”
Agressão verbal ou física - Há alguma punição especial?
Pergunta 5: Tenho curiosidade de saber se existe algum tipo de punição, seja perda da partida, tempo, ou o que for, em caso de agressão verbal ou até mesmo física, as punições são diferentes?Resposta: A lei do xadrez tem remédio para tudo! O artigo 13.4, por exemplo, apresenta um elenco de penalidades que podem ser aplicadas durante um torneio. Além disso o artigo 12.1 também é um comando importante que aumenta sobremaneira o poder discricionário do árbitro, podendo respaldar decisões de mais amplo espectro.
No caso de um jogador ser agredido verbalmente, o árbitro pode advertir o jogador-agressor e alertá-lo que, no caso de reincidência, perderá a partida. Dependendo do grau da agressão verbal, o árbitro poderá aplicar punições mais fortes, valendo-se de seu bom-senso. No caso de agressão física, que é uma infração gravíssima, não cabe só advertência; o árbitro poderá não só declarar a perda da partida como expulsar o jogador-agressor do torneio. E dependendo do grau da agressão física, a possibilidade de o caso ser levado à esfera policial não deixa de ser uma alternativa a ser cogitada.
"Art. 12.1 - Os jogadores não poderão praticar nenhuma ação que cause má reputação ao jogo de xadrez".
"Art. 13.4 - O árbitro pode aplicar uma ou mais das seguintes penalidades:
a. advertência;
b. aumentar o tempo remanescente do oponente;
c. reduzir o tempo remanescente do jogador infrator;
d. declarar a perda da partida;
e. reduzir os pontos ganhos na partida pelo jogador infrator;
f. aumentar os pontos ganhos na partida pelo oponente até o máximo possível para aquela partida;
g. expulsão do evento".
quinta-feira, 10 de julho de 2008
51- Hummmmmm, era fake!!
Em outro blog perguntaram por que eu apaguei um post e os comentários do "Jorge Lima-SP".
Em primeiro lugar, apaguei porque o blog é meu, quem mais poderia fazê-lo? :)
Em segundo lugar, apaguei porque muitos amigos de São Paulo me escreveram dizendo não conhecerem nenhum Jorge Lima. E pelos INÚMEROS ERROS DE PORTUGUÊS, cheguei à conclusão que trata-se de um fake, porque os fakes criados aqui no Rio de Janeiro têm essa característica: são SEMI-ANALFABETOS!
Uma curiosidade: que fina sintonia entre o "Vice-Pres. Adm. da Fexerj" e o "Jorge Lima-SP" (aspas repletas de significado para ambos)!!
BOM FIM DE SEMANA A TODOS!
Em primeiro lugar, apaguei porque o blog é meu, quem mais poderia fazê-lo? :)
Em segundo lugar, apaguei porque muitos amigos de São Paulo me escreveram dizendo não conhecerem nenhum Jorge Lima. E pelos INÚMEROS ERROS DE PORTUGUÊS, cheguei à conclusão que trata-se de um fake, porque os fakes criados aqui no Rio de Janeiro têm essa característica: são SEMI-ANALFABETOS!
Uma curiosidade: que fina sintonia entre o "Vice-Pres. Adm. da Fexerj" e o "Jorge Lima-SP" (aspas repletas de significado para ambos)!!
BOM FIM DE SEMANA A TODOS!
terça-feira, 8 de julho de 2008
50- NOVO TEXTO DE A.P. SANTOS
SEGUE NOVO TEXTO DO PROF. ALFREDO SANTOS. BOA LEITURA! AGUARDO MUITOS COMENTÁRIOS.
============================X==========================================
Falando sério (mas com pitadas de galhofa)
Ah xadrez do jeito que suncê tá
Alfredo Pereira dos Santos
Não é de hoje que eu venho me manifestando contra a maneira pela qual algumas pessoas fazem a apologia do jogo de xadrez. E isso por uma razão muito simples: trata-se de um discurso inócuo. É, mal comparando, como aquela história do técnico de futebol que, antes de um jogo, dizia para a equipe o que eles iriam fazer para vencer o adversário. E do jeito que ele falava parecia que tudo seria moleza, o que levou o Garrincha (que dispensa apresentações) a lhe fazer a seguinte pergunta: “Mas, nos já combinamos isso com eles, com o adversário?”
Naturalmente que não estamos aqui nos referindo a adversários, mas seria bem o caso de combinar antes com os jovens, com seus pais, com dirigentes de escolas e de clubes, a quem pretendemos levar o xadrez, o seguinte: que eles vão aceitar de bom grado esse jogo maravilhoso que vai ajudá-los a “resgatar” a sua auto-estima, que vai ajuda-los a melhorar a sua capacidade de concentração, as suas notas escolares, a desenvolver a sua inteligência e operar grandes transformações em sua vida.
Posso estar enganado, mas esse discurso me cheira a idealismo. Estão dourando muito a pílula e o povo, desconfiado como é, vai achar que estão “gastando cera com mau defunto”.
Eu sempre disse que a principal justificativa para alguém jogar xadrez é a vontade e o gosto de fazê-lo. Quando aprendi o jogo, há mais de cinqüenta anos, não estava preocupado com questões de “auto-estima” (eu não fazia a menor idéia do que fosse isso) nem estava esperando, através dele, obter resultados espetaculares em português, matemática ou em qualquer outra disciplina. Pode ser que o xadrez tenha me ajudado. Pode ser que não. Mas isso não teve, para mim, a menor importância. Eu simplesmente vi o tabuleiro e as peças na casa de um amigo, tive curiosidade, pedi a ele que me ensinasse e foi só isso. Depois disso sai jogando pela vida a fora. Gostava de jogar e isso me bastava.
Eu pergunto a qualquer um dos meus eventuais leitores se eles tentariam vender geladeiras a esquimós. Certamente que não, é claro, pois geladeiras não atendem aos anseios daquela gente, não fazem falta e ninguém iria comprá-las. Da mesma forma, se o entendimento das pessoas não for no sentido de que o jogo de xadrez possa ter um papel importante em suas vidas e de que vai preencher algum tipo de necessidade, não vai ter publicidade e marketing que dê jeito.
O aprendizado de qualquer coisa depende de vários fatores, entre eles a necessidade e o afeto. Pense no seguinte: Alguém chega para você e lhe fala maravilhas do sânscrito e acha que você deve aprendê-lo. Você gosta da pessoa que fez a sugestão e a idéia de aprender uma língua lhe agrada. Só que você está se preparando para o vestibular, onde não vão lhe perguntar nada de sânscrito, ou vai fazer um concurso público, onde a língua que vai ser exigida é a portuguesa. Então, seja franco: você vai aprender sânscrito?
E tem mais: não basta querer aprender, é preciso saber se a pessoa pode aprender. Tem gente em cuja cabeça a matemática, depois de um certo tempo, não entra de jeito nenhum. O mesmo ocorre com o xadrez. E isso independe da qualidade do professor e da excelência dos curricula. Mas isso não significa dizer que se deva usar “professores” improvisados e que os curricula sejam deficientes ou inexistentes.
Nesse ponto quero deixar bem claro que não sou contra o xadrez nem contra o seu ensino nas escolas e clubes e muito menos contra as iniciativas que visem torna-lo mais popular. O que não gosto é essa idéia de que o xadrez é panacéia. Eu sempre que posso o divulgo e já perdi a conta da quantidade de pessoas que ensinei a jogar e, não raras vezes, pergunto, como provocação, a alguns amigos: “quantas pessoas VOCÊ já ensinou a jogar?”. As respostas, em geral, foram desalentadoras. Mas devo reconhecer que, para cada pessoa que se interessou pelo jogo, um número muito maior o ignorou solenemente. Em qualquer lugar do mundo deve ser assim, mas aqui a proporção é surpreendente.
O gosto que eu tenho quando vejo uma criança jogando xadrez é que, naquele momento, ela não está em frente a um aparelho de TV. Eu não sei o quanto o xadrez pode ajudar uma criança (eu acho que ajuda), mas a televisão eu tenho certeza que faz mal. Por outro lado, sendo eu um leitor de textos psicanalíticos, me arrisco a dizer que fortes argumentos em favor do xadrez, e que nunca vi mencionados, podem ser encontrados no livro do doutor Bruno Bettelheim, UMA VIDA PARA O SEU FILHO – PAIS BONS O BASTANTE, onde já no primeiro capítulo se faz referência ao jogo, bem como em três páginas do capítulo 19, num parágrafo que se inicia com o título O REAL JOGO DE XADREZ (falo da edição de 1988, Editora Campus, página 208, que é a que eu tenho).
O xadrez é um jogo e muitos grandes educadores falaram da importância do jogo na vida da criança. Piaget dedicou um livro inteiro ao tema, tendo ele o classificado em três categorias: os jogos sensórios-motores, os jogos simbólicos e os jogos de regras. É nessa última categoria que se enquadra o xadrez, que ele dizia ser “a atividade lúdica do ser socializado”.
Só que esse tipo de argumentação psicológica não sensibiliza todo mundo e há quem seja refratário e até hostil a ele. Um psicanalista conhecido meu, quando falava das dificuldades de se usar a psicanálise com pessoas de pouca instrução e cultura, concluía dizendo que, para tais pessoas, talvez o que ajudasse fosse uma visita ao Pai de Santo, um bom banho de descarrego ou um despacho na encruzilhada.
Então, eu acho que mesmo esse discurso de conteúdo psicanalítico, por mais bem fundamentado que possa ser, não vai colar, a não ser com uma minoria de pessoas. Com as exceções de praxe, é claro.
Então, com todo o meu agnosticismo, e enveredando pelo terreno da galhofa, eu peço aos dirigentes do xadrez que querem atingir as camadas mais populares, que abandonem o discurso idealista e apelem para Xangô (podendo apelar também para outras entidades), para ver se ele abre os caminhos do jogo. Talvez ao xadrez se aplique o que diz a letra da música de Edenal Rodrigues, dos anos 70, cantada pelo Noriel Vilela:
Ah mô fio do jeito que suncê tá
Só o ôme é que pode ti ajudá
Ah mô fio do jeito que suncê tá
Só o ôme é que pode ti ajudá
Suncê compra um garrafa de marafo
Marafo que eu vai dizê o nome
Meia noite suncê na incruziada
Distampa a garrafa e chama o ôme
O galo vai cantá suncê escuta
Rêia tudo no chão que tá na hora
E se guáda noturno vem chegando
Suncê óia pa ele que ele vai andando
Ah mô fio do jeito que suncê tá
...
...
Quem sabe se não dá certo? Mas como é bom dar uma no cravo e outra na ferradura, um pedido ao Bispo Edir Macedo não cairia mal.
Rio de Janeiro, 30 de junho de 2008
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Falando sério (mas com pitadas de galhofa)
Ah xadrez do jeito que suncê tá
Alfredo Pereira dos Santos
Não é de hoje que eu venho me manifestando contra a maneira pela qual algumas pessoas fazem a apologia do jogo de xadrez. E isso por uma razão muito simples: trata-se de um discurso inócuo. É, mal comparando, como aquela história do técnico de futebol que, antes de um jogo, dizia para a equipe o que eles iriam fazer para vencer o adversário. E do jeito que ele falava parecia que tudo seria moleza, o que levou o Garrincha (que dispensa apresentações) a lhe fazer a seguinte pergunta: “Mas, nos já combinamos isso com eles, com o adversário?”
Naturalmente que não estamos aqui nos referindo a adversários, mas seria bem o caso de combinar antes com os jovens, com seus pais, com dirigentes de escolas e de clubes, a quem pretendemos levar o xadrez, o seguinte: que eles vão aceitar de bom grado esse jogo maravilhoso que vai ajudá-los a “resgatar” a sua auto-estima, que vai ajuda-los a melhorar a sua capacidade de concentração, as suas notas escolares, a desenvolver a sua inteligência e operar grandes transformações em sua vida.
Posso estar enganado, mas esse discurso me cheira a idealismo. Estão dourando muito a pílula e o povo, desconfiado como é, vai achar que estão “gastando cera com mau defunto”.
Eu sempre disse que a principal justificativa para alguém jogar xadrez é a vontade e o gosto de fazê-lo. Quando aprendi o jogo, há mais de cinqüenta anos, não estava preocupado com questões de “auto-estima” (eu não fazia a menor idéia do que fosse isso) nem estava esperando, através dele, obter resultados espetaculares em português, matemática ou em qualquer outra disciplina. Pode ser que o xadrez tenha me ajudado. Pode ser que não. Mas isso não teve, para mim, a menor importância. Eu simplesmente vi o tabuleiro e as peças na casa de um amigo, tive curiosidade, pedi a ele que me ensinasse e foi só isso. Depois disso sai jogando pela vida a fora. Gostava de jogar e isso me bastava.
Eu pergunto a qualquer um dos meus eventuais leitores se eles tentariam vender geladeiras a esquimós. Certamente que não, é claro, pois geladeiras não atendem aos anseios daquela gente, não fazem falta e ninguém iria comprá-las. Da mesma forma, se o entendimento das pessoas não for no sentido de que o jogo de xadrez possa ter um papel importante em suas vidas e de que vai preencher algum tipo de necessidade, não vai ter publicidade e marketing que dê jeito.
O aprendizado de qualquer coisa depende de vários fatores, entre eles a necessidade e o afeto. Pense no seguinte: Alguém chega para você e lhe fala maravilhas do sânscrito e acha que você deve aprendê-lo. Você gosta da pessoa que fez a sugestão e a idéia de aprender uma língua lhe agrada. Só que você está se preparando para o vestibular, onde não vão lhe perguntar nada de sânscrito, ou vai fazer um concurso público, onde a língua que vai ser exigida é a portuguesa. Então, seja franco: você vai aprender sânscrito?
E tem mais: não basta querer aprender, é preciso saber se a pessoa pode aprender. Tem gente em cuja cabeça a matemática, depois de um certo tempo, não entra de jeito nenhum. O mesmo ocorre com o xadrez. E isso independe da qualidade do professor e da excelência dos curricula. Mas isso não significa dizer que se deva usar “professores” improvisados e que os curricula sejam deficientes ou inexistentes.
Nesse ponto quero deixar bem claro que não sou contra o xadrez nem contra o seu ensino nas escolas e clubes e muito menos contra as iniciativas que visem torna-lo mais popular. O que não gosto é essa idéia de que o xadrez é panacéia. Eu sempre que posso o divulgo e já perdi a conta da quantidade de pessoas que ensinei a jogar e, não raras vezes, pergunto, como provocação, a alguns amigos: “quantas pessoas VOCÊ já ensinou a jogar?”. As respostas, em geral, foram desalentadoras. Mas devo reconhecer que, para cada pessoa que se interessou pelo jogo, um número muito maior o ignorou solenemente. Em qualquer lugar do mundo deve ser assim, mas aqui a proporção é surpreendente.
O gosto que eu tenho quando vejo uma criança jogando xadrez é que, naquele momento, ela não está em frente a um aparelho de TV. Eu não sei o quanto o xadrez pode ajudar uma criança (eu acho que ajuda), mas a televisão eu tenho certeza que faz mal. Por outro lado, sendo eu um leitor de textos psicanalíticos, me arrisco a dizer que fortes argumentos em favor do xadrez, e que nunca vi mencionados, podem ser encontrados no livro do doutor Bruno Bettelheim, UMA VIDA PARA O SEU FILHO – PAIS BONS O BASTANTE, onde já no primeiro capítulo se faz referência ao jogo, bem como em três páginas do capítulo 19, num parágrafo que se inicia com o título O REAL JOGO DE XADREZ (falo da edição de 1988, Editora Campus, página 208, que é a que eu tenho).
O xadrez é um jogo e muitos grandes educadores falaram da importância do jogo na vida da criança. Piaget dedicou um livro inteiro ao tema, tendo ele o classificado em três categorias: os jogos sensórios-motores, os jogos simbólicos e os jogos de regras. É nessa última categoria que se enquadra o xadrez, que ele dizia ser “a atividade lúdica do ser socializado”.
Só que esse tipo de argumentação psicológica não sensibiliza todo mundo e há quem seja refratário e até hostil a ele. Um psicanalista conhecido meu, quando falava das dificuldades de se usar a psicanálise com pessoas de pouca instrução e cultura, concluía dizendo que, para tais pessoas, talvez o que ajudasse fosse uma visita ao Pai de Santo, um bom banho de descarrego ou um despacho na encruzilhada.
Então, eu acho que mesmo esse discurso de conteúdo psicanalítico, por mais bem fundamentado que possa ser, não vai colar, a não ser com uma minoria de pessoas. Com as exceções de praxe, é claro.
Então, com todo o meu agnosticismo, e enveredando pelo terreno da galhofa, eu peço aos dirigentes do xadrez que querem atingir as camadas mais populares, que abandonem o discurso idealista e apelem para Xangô (podendo apelar também para outras entidades), para ver se ele abre os caminhos do jogo. Talvez ao xadrez se aplique o que diz a letra da música de Edenal Rodrigues, dos anos 70, cantada pelo Noriel Vilela:
Ah mô fio do jeito que suncê tá
Só o ôme é que pode ti ajudá
Ah mô fio do jeito que suncê tá
Só o ôme é que pode ti ajudá
Suncê compra um garrafa de marafo
Marafo que eu vai dizê o nome
Meia noite suncê na incruziada
Distampa a garrafa e chama o ôme
O galo vai cantá suncê escuta
Rêia tudo no chão que tá na hora
E se guáda noturno vem chegando
Suncê óia pa ele que ele vai andando
Ah mô fio do jeito que suncê tá
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Quem sabe se não dá certo? Mas como é bom dar uma no cravo e outra na ferradura, um pedido ao Bispo Edir Macedo não cairia mal.
Rio de Janeiro, 30 de junho de 2008
domingo, 6 de julho de 2008
49- AXXM e ADUX
Boas notícias!
Temos um novo clube no Rio: a AXXM-Associação de Xadrez Xeque Mate, fundada em 01/03/08 e cujo presidente é o Eduardo Anzuategui. A AXXM fica no bairro de Marechal Hermes e seu site é: www.xequemate.org.br .
Em breve teremos outro clube: o Bira e o Fernando Garrido informam que em 13/07/08 será realizada a assembléia de fundação da ADUX-Associação Duque-Caxiense de Xadrez!
Quanto mais clubes melhor! este blog deseja sucesso e vida longa para a AXXM e ADUX!
Temos um novo clube no Rio: a AXXM-Associação de Xadrez Xeque Mate, fundada em 01/03/08 e cujo presidente é o Eduardo Anzuategui. A AXXM fica no bairro de Marechal Hermes e seu site é: www.xequemate.org.br .
Em breve teremos outro clube: o Bira e o Fernando Garrido informam que em 13/07/08 será realizada a assembléia de fundação da ADUX-Associação Duque-Caxiense de Xadrez!
Quanto mais clubes melhor! este blog deseja sucesso e vida longa para a AXXM e ADUX!
quarta-feira, 2 de julho de 2008
48- TROCANDO IDÉIAS
"Trocando Idéias" é o subject de alguns e-mails trocados entre mim, Alfredo Santos e Francisco Schwab. Esta troca de e-mails se iniciou após a publicação dos textos do Prof. Alfredo neste blog. Vou aprendendo com os dois "velha-guarda"!!
Reproduzo abaixo (com autorização) interessante e-mail do Schwab sobre o xadrez Sul-Fluminense. Compartilho com meus interessados leitores. É um bom testemunho para trocarmos novas idéias!
====================xxxxxx==================================
Alô Alfredo e Maia, tenho alguns comentários também:
Meu envolvimento com xadrez depois de 1978 tem sido intermitente, por diversas razões.
No último período ativo, entre 1994 e 97, já notei um ambiente diferente do que conhecia.
Acho, sinceramente, que houve uma evolução, principalmente nas motivações e atitudes dos jogadores e das Federações. O pessoal ficou mais civilizado, mais amigável, menos arrogante, menos esquizofrênico...! Talvez porque Fischer e Mecking tinham sumido ?!
Quando retomei o xadrez agora, desde Julho2007, notei outras diferenças, também para melhor. O que mais me chamou a atenção foi o desenvolvimento do Xadrez Escolar, que considero com o maior potencial de benefícios que o Xadrez pode nos trazer.
Tem xadrez ativo no Brasil inteiro, muitas cidades do interior tem clubes e associações.
Pelo que sei tem Xadrez nas escolas de quase todas as cidades do interior do Est. do Rio...!
Joguei os Regionais 2007 de Mendes, Petrópolis e Paulo de Frontin, e VRedonda 2008: a garotada está animada e a quantidade é bem significativa. Isto é muito animador.
Neste fim de semana encontrei na rua o Lourenço, atual Secretário de Esportes de Resende, meu velho conhecido que não via há tempos (eu andei ajudando a promover xadrez aquí, várias vezes, sem sucesso). Ele sempre foi envolvido com diversos esportes atléticos e muito atuante.
Pois não é que ele me surpreendeu, dizendo que - curioso de ver a gente jogando - aprendeu a jogar xadrez sozinho, comprou 40 jogos de peças e tabuleiros, e faz tempo vem incentivando o Xadrez Escolar na cidade...!
(o programa www.xadreznasescolas.com.br esteve ativo por aquí, em 4 colégios estaduais, mas pelo que fiquei sabendo, no momento está paralizado: também era só em escolas do Estado)
Oferecí meu apoio onde possível e comentei que estava a ponto de doar um jogo de peças para meu amigo Dudu Arbex, que está administrando a Biblioteca Municipal de Resende, para servir de polo e dar início a um núcleo de xadrez lá. Pois o local fica bem no centro da cidade e é frequentado por estudantes o dia inteiro.
Lourenço comprou a idéia e me garantiu que vai procurar Dudu e implementar isso, vamos ver.
Perguntei se ele não tinha procurado apoio da FEXERJ: disse que sim, mas que insistiram em pedir cerca de R$30.000 para promover um evento em Resende...!
Conclui-se que certo grau de profissionalização pode ser benéfico, mas se exorbitar passa a ser um entrave ao desenvolvimento do Xadrez.
Também em V.Redonda, que já tinha tido uma onda de Xadrez nas escolas antes, está retomando agora (a pessoa que coordenava tudo enfiou os pés pelas mãos, fez várias irregularidades, trambiques, vendeu material para ficar com o dinheiro, uma lambança...)
O Renato Oliveira (que inclusive é árbitro credenciado) montou uma empresa e pegou um contrato com a Prefeitura (que é rica) para dar aulas em dezenas de escolas municipais, com mais de 2.000 alunos no total.
Semana passada Renato teve também uma proposta de projeto aprovada pela Prefeitura de B.Mansa (cidade geminada com VRedonda) e pretendem fazer um torneio em 6 e 7 de Setembro próximo: estão acertando com a CBX para ver se oficializam um Aberto do Brasil com prêmios milionários. Vamos ver se dará certo.
Está previsto um congresso na sexta-feira dia 5 voltado para o Xadrez Escolar, com palestras, debates, etc. Estão pensando grande, com planejamento e organização.
Resende já teve salas de Xadrez em vários clubes da cidade, sendo que a AMAN- Academia Militar das Agulhas Negras tinha uma equipe que sempre fazia intercâmbios pelo Brasil.
Desde que vim para cá, em 1993, não há clube nem local de encontro estabelecido. Chamei 2 ou 3 enxadristas que encontrei e fomos jogar no calçadão, aos sábados à tarde ou domingos. Consequimos uma boa exposição durante muitos meses, mas - ao contrário do que eu supunha - não apareceu mais ninguém. Aí fui fazer mestrado e doutorado, parei completamente.
Creio que a situação de Resende é emblemática: o xadrez no Brasil teve um estímulo enorme na década de 70 com Mequinho, etc. Depois parece que entrou em lenta decadência, com altos e baixos, até chegar a uma situação de marasmo.
O que eu noto agora é que parece estar havendo uma retomada, e alavancada pelo Xadrez Escolar !! Considero isto muito saudável, algo que pode ser duradouro, sustentável, e que pode levar o Xadrez a ter um lugar adequado na educação e no lazer da população.
O que vocês acham?
Abrs,
Francisco C. Schwab
Reproduzo abaixo (com autorização) interessante e-mail do Schwab sobre o xadrez Sul-Fluminense. Compartilho com meus interessados leitores. É um bom testemunho para trocarmos novas idéias!
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Alô Alfredo e Maia, tenho alguns comentários também:
Meu envolvimento com xadrez depois de 1978 tem sido intermitente, por diversas razões.
No último período ativo, entre 1994 e 97, já notei um ambiente diferente do que conhecia.
Acho, sinceramente, que houve uma evolução, principalmente nas motivações e atitudes dos jogadores e das Federações. O pessoal ficou mais civilizado, mais amigável, menos arrogante, menos esquizofrênico...! Talvez porque Fischer e Mecking tinham sumido ?!
Quando retomei o xadrez agora, desde Julho2007, notei outras diferenças, também para melhor. O que mais me chamou a atenção foi o desenvolvimento do Xadrez Escolar, que considero com o maior potencial de benefícios que o Xadrez pode nos trazer.
Tem xadrez ativo no Brasil inteiro, muitas cidades do interior tem clubes e associações.
Pelo que sei tem Xadrez nas escolas de quase todas as cidades do interior do Est. do Rio...!
Joguei os Regionais 2007 de Mendes, Petrópolis e Paulo de Frontin, e VRedonda 2008: a garotada está animada e a quantidade é bem significativa. Isto é muito animador.
Neste fim de semana encontrei na rua o Lourenço, atual Secretário de Esportes de Resende, meu velho conhecido que não via há tempos (eu andei ajudando a promover xadrez aquí, várias vezes, sem sucesso). Ele sempre foi envolvido com diversos esportes atléticos e muito atuante.
Pois não é que ele me surpreendeu, dizendo que - curioso de ver a gente jogando - aprendeu a jogar xadrez sozinho, comprou 40 jogos de peças e tabuleiros, e faz tempo vem incentivando o Xadrez Escolar na cidade...!
(o programa www.xadreznasescolas.com.br esteve ativo por aquí, em 4 colégios estaduais, mas pelo que fiquei sabendo, no momento está paralizado: também era só em escolas do Estado)
Oferecí meu apoio onde possível e comentei que estava a ponto de doar um jogo de peças para meu amigo Dudu Arbex, que está administrando a Biblioteca Municipal de Resende, para servir de polo e dar início a um núcleo de xadrez lá. Pois o local fica bem no centro da cidade e é frequentado por estudantes o dia inteiro.
Lourenço comprou a idéia e me garantiu que vai procurar Dudu e implementar isso, vamos ver.
Perguntei se ele não tinha procurado apoio da FEXERJ: disse que sim, mas que insistiram em pedir cerca de R$30.000 para promover um evento em Resende...!
Conclui-se que certo grau de profissionalização pode ser benéfico, mas se exorbitar passa a ser um entrave ao desenvolvimento do Xadrez.
Também em V.Redonda, que já tinha tido uma onda de Xadrez nas escolas antes, está retomando agora (a pessoa que coordenava tudo enfiou os pés pelas mãos, fez várias irregularidades, trambiques, vendeu material para ficar com o dinheiro, uma lambança...)
O Renato Oliveira (que inclusive é árbitro credenciado) montou uma empresa e pegou um contrato com a Prefeitura (que é rica) para dar aulas em dezenas de escolas municipais, com mais de 2.000 alunos no total.
Semana passada Renato teve também uma proposta de projeto aprovada pela Prefeitura de B.Mansa (cidade geminada com VRedonda) e pretendem fazer um torneio em 6 e 7 de Setembro próximo: estão acertando com a CBX para ver se oficializam um Aberto do Brasil com prêmios milionários. Vamos ver se dará certo.
Está previsto um congresso na sexta-feira dia 5 voltado para o Xadrez Escolar, com palestras, debates, etc. Estão pensando grande, com planejamento e organização.
Resende já teve salas de Xadrez em vários clubes da cidade, sendo que a AMAN- Academia Militar das Agulhas Negras tinha uma equipe que sempre fazia intercâmbios pelo Brasil.
Desde que vim para cá, em 1993, não há clube nem local de encontro estabelecido. Chamei 2 ou 3 enxadristas que encontrei e fomos jogar no calçadão, aos sábados à tarde ou domingos. Consequimos uma boa exposição durante muitos meses, mas - ao contrário do que eu supunha - não apareceu mais ninguém. Aí fui fazer mestrado e doutorado, parei completamente.
Creio que a situação de Resende é emblemática: o xadrez no Brasil teve um estímulo enorme na década de 70 com Mequinho, etc. Depois parece que entrou em lenta decadência, com altos e baixos, até chegar a uma situação de marasmo.
O que eu noto agora é que parece estar havendo uma retomada, e alavancada pelo Xadrez Escolar !! Considero isto muito saudável, algo que pode ser duradouro, sustentável, e que pode levar o Xadrez a ter um lugar adequado na educação e no lazer da população.
O que vocês acham?
Abrs,
Francisco C. Schwab
terça-feira, 1 de julho de 2008
47- NIMZO ERA UMA FIGURA!
Terminou (até que enfim!) a primeira enquete deste blog sobre se a leitura de Mi Sistema (editado pela primeira vez em alemão em 1925!) ainda seria válida nos dias de hoje. Tivemos um número de votantes expressivo: 28...! :)
9 votos para "Sim, os conceitos apresentados são eternos";
6 votos para "Sim, porque é uma obrigação ler os clássicos";
6 votos para "Não, porque é um livro ultrapassado no xadrez de hoje e alguns conceitos como "profilaxia" são melhores explicados em obras contemporâneas";
3 votos para "Sim, porque alguns conceitos estratégicos tipo "profilaxia" devem ser estudados a priori na obra de Nimzowitsch";
2 votos para "Mi Sistema? meu livro de cabeceira!";
2 votos para "Mi Sistema? isto é livro de xadrez? muito primitivo!"
Os números não mentem! Mi Sistema não é um livro de treinamento. Tem muitas variantes concretas furadíssimas (Nimzowitsch forçava um pouco a barra para demonstrar suas idéias) mas é um clássico que tem conceitos importantíssimos como bloqueio, profilaxia, sobredefesa,etc. Não é a toa que nas listas dos melhores livros de xadrez já escritos sempre aparece entre os primeiros (um outro "campeão" é o Zurich 53). Querem ver quem recomenda a leitura de Mi Sistema? olhem então o seguinte link: http://www.clubedexadrez.com.br/menu_artigos.asp?s=cmdview1070. Sim senhores, o badalado Mark Dvoretsky.
Há quem diga que Nimzowitsch era um embusteiro e que o "sistema dele" simplesmente não funcionava contra Alekhine e Capablanca (nunca ganhou umazinha destes monstros!) mas acho que não é bem assim. Acho que merecia ter jogado um match pelo Campeonato Mundial (até Janowsky jogou, meu Deus!).
E mais, o cara era engraçado! Mi Sistema tem umas tiradas divertidas! o cara era um "poeta"! vamos ver alguns gracejos ( retirados da tradução em português, da Editora Solis):
"Se eu tiver que disputar uma corrida com alguém, devo saber que não é oportuno perder parte do tempo assoando o nariz, sem que por isso pretenda criticar esse ato em si; mas se eu puder instigar meu adversário a fazê-lo, ele perderia tempo e eu obteria uma vantagem na corrida" =>SOBRE A VANTAGEM NO DESENVOLVIMENTO
"Quando um fazendeiro perde seus leitões devido a uma peste, lamenta não somente a perda dos leitões mas também da ração consumida" => SOBRE (NA ABERTURA) A TROCA DE UMA PEÇA QUE TENHA CONSUMIDO VÁRIOS TEMPOS POR OUTRA QUE CONSUMIU, NO MÁXIMO, UM TEMPO
"Quando um comerciante percebe que seu negócio vai mal, fará bem em liquidá-lo e começar com os meios que lhe restarem um outro negócio mais promissor. Lamentavelmente há também outra alternativa: o comerciante pede emprestado de um lado para pagar do outro, e assim faz tantas vezes até que não consiga pagar em nenhuma parte, o que não é muito correto" => SOBRE A LIQUIDAÇÃO (TROCA DE PEÇAS) PARA EVITAR ATRASO NO DESENVOLVIMENTO.
"O peão central móvel e livre do inimigo deve ser considerado como um criminoso temível (ou melhor, como um cavalo selvagem), contra o qual deve-se empenhar com todo furor" =>SOBRE O PEÃO CENTRAL QUE NÃO TEM OPONENTE NA MESMA COLUNA (MÓVEL).
"A coluna aberta é o favorito dentre os meus filhos espirituais" SAI DESSE CORPO QUE NÃO LHE PERTENCE!!
E POR FIM:
"Para mim, o peão passado, como os demais atores deste drama, tem alma, desejos nele contidos e temores cuja existência apenas suspeita" ERA UM FIGURAÇA!
Já ia esquecendo, em 1926, Capablanca aceitou um match pelo título mundial mas Nimzowitsch não conseguiu reunir a grana necessária dos patrocinadores!
É isso aí, pessoal!
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