O jornalista Waldemar Costa e o Presidente da FEXERJ, Alberto Mascarenhas. Site oficial: www.fexerj.org.br
Recebi umas boas trocas de e-mails entre o Francisco Schwab, Alfredo Santos e José Blanco. Debatem a necessidade de valorização e registro da memória histórica no xadrez do Rio de Janeiro. Particularmente, acho isso deveras importante.
A seguir, reproduzirei um resumo histórico elaborado pelo brilhante jornalista Waldemar Costa em seu site (cliquem AQUI para apreciarem o registro "O xadrez carioca através de fatos e fotos"). Depois, publico a troca de e-mails citada.
A cidade do Rio de Janeiro foi o primeiro lugar do Brasil a ter o seu campeonato organizado. Não existiam confederações e nem federações de xadrez em nenhum local do País. Mesmo assim, um grupo de enxadristas de clubes, principalmente do Clube de Xadrez do Rio de Janeiro e do Automóvel Clube do Brasil, resolveu organizar em 1921 uma competição individual regional que deram o nome de I Campeonato de Xadrez do Distrito Federal, com a vitória de Otávio Trompowsky. O Rio de Janeiro era a capital da República. O presidente do País era Epitácio Pessoa. O prefeito da cidade do Rio de Janeiro (o então Distrito Federal) era Carlos César de Oliveira Sampaio. O Campeonato Carioca Individual passou a ser organizado por diversas entidades até os dias de hoje. De 1921 a 1926, o campeonato foi realizado sem ainda existir uma federação. Em 1927, foi fundada a Federação Brasileira de Xadrez e eleito para presidente o enxadrista Gustavo Garnott, com o objetivo de realizar o Campeonato Brasileiro Individual. A FBX tinha como filiados clubes do Distrito Federal (Rio), São Paulo e Belo Horizonte (não existiam federações de xadrez estaduais). O Campeonato Carioca Individual também foi organizado pela FBX até essa ser substituída em 1941 pela Confederação Brasileira de Xadrez (CBX). A CBX surgiu no Governo de Getúlio Vargas, que estruturou o esporte brasileiro na lei nº 3.199 de 1941, criando confederações, federações, associações, e disciplinando o seu relacionamento com os clubes e atletas. Em 31/5/1941, foi fundada a Federação Metropolitana de Xadrez (FMX) para controlar o enxadrismo no Distrito Federal (Rio). Ao contrário dos outros esportes, a Federação Metropolitana de Xadrez continuou com o mesmo nome ao ser criado o Estado da Guanabara (os outros esportes passaram a usar Federação Carioca, pois o Rio deixou de ser a metrópole do Brasil). Em 1976, surgiu a Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro (FEXERJ) da fusão da FMX (Federação Metropolitana de Xadrez) e FFX (Federação Fluminense de Xadrez). O Campeonato Interclubes-RJ também foi a primeira competição por equipe a surgir no Brasil. Começou a ser organizado em 1928 pela Federação Brasileira de Xadrez. De 1941 até 1975 pela FMX. A partir de 1976, tornou-se estadual dos dois Estados da fusão e organizado pela FEXERJ. Os presidentes da Federação Metropolitana de Xadrez (FMX) foram: Joaquim de Almeida Pinto, Rodolfo Magioli, Lauro Demoro, Francisco de Assis Rosa e Silva Neto, Oswaldo Pereira Caldas, Olício Gadia, José Thiago Mangini, Hilwan Cantenhede, Luciano de Andrade, Júlio de Souza Mendes e Friedrich Salamon. Os presidentes da Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro (FEXERJ) foram: Friedrich Salamon, Carlos Emery Trindade (interino), José Thiago Mangini, Reynaldo Veloso, Djalma Caiafa, Marcelo Einhorn (interino), Eduardo Arruda Cunha, Ricardo Barata e Alberto Mascarenhas.
O enxadrista Francisco Schwab, hoje na cidade de Resende (RJ). Vejam seu blog AQUI
Em 28 de dezembro de 2012 20:29, Francisco Schwab escreveu:
A própria FEXERJ poderia promover isso num dos seus sites, congregando clubes e enxadristas que contribuam para estas Memórias.
É possível separar seções, uma referente a cada Clube, outra dedicada a determinados jogadores notáveis, outra para Crônicas e causos, outra para partidas com comentários pessoais, e até m esmo uma outra para reproduzir recortes de colunas de xadrez que alguns ainda tem guardadas -- basta definir claramente os Objetivos, a coordenação e estabelecer as regras da coisa.
O importante é que haja diversos colaboradores comprometidos, e buscar operar em conjunto para enriquecer o conteúdo, através de um trabalho interativo e evolutivo, num estilo Wikipédia -- aliás, poderiamos até criar uma página na Wikipédia e centrar tudo lá, ou não?!
O que vocês acham?
Prezados,
Lendo o interessante livro "The Bobby Fischer I knew & other stories",
do GM Arnold Denker, fiquei pensando no quanto perdemos ao negligenciar
a MEMÓRIA do xadrez carioca: será que não podemos, coletivamente, fazer
algo a respeito?
Memória
que, apenas por curtos períodos, esteve sendo registrada em revistas
como P4D e Caissa (APSantos), no heróico Blog do Jorge Chaves e no
trabalho de alguns outros dedicados, como é o caso do antológico livro
do Waldemar Costa "Epopéia do Campeonato Brasileiro", bem como no seu
Blog que foca no JTC.
Alguns outros Blogs apresentam, vez por outra, alguma crônica, mas isto fica muito disperso e não tem amplitude.
Fora
isso, deve haver registros, em arquivos, das
colunas de jornais como a do Mangini no GLOBO, do Madeira de Ley no
CORREIO DA MANHÃ, do Luciano Andrade e outras que não me lembro -- só
que isto não é accessível, a não ser para algum pesquisador.
O
livro do Denker é centrado no famoso Manhatan Chess Club, com histórias
e comentários coletados com a contribuição de inúmeras pessoas,
frequentadores atuais e antigos, relembrando várias décadas e retratando
pessoas através de crônicas, entremeadas por partidas.
Será que não poderiamos fazer algo parecido, que afinal seria não só para registrar, mas para nosso próprio lazer e deleite?
Será que não poderiamos fazer algo parecido, que afinal seria não só para registrar, mas para nosso próprio lazer e deleite?
Poderiamos centrar o foco p.ex. no CXGuanabara, na ALEX, no Tijuca, e incluir também histórias de Campeonatos Cariocas, etc.
Quando digo MEMÓRIA, não me refiro
apenas a resultados de torneios ou curriculos enxadrísticos, mas
também a relatos e registros sobre PESSOAS, sobre histórias pessoais,
lembranças de antigos companheiros e relatos de fatos ocorridos que
possam ter interesse mais geral.
Imagino que isto poderia ser feito através de partidas com comentários que não se limitem ao estilo "Informador" e também através de crônicas sobre pessoas, situações, eventos, locais e períodos.
Imagino que isto poderia ser feito através de partidas com comentários que não se limitem ao estilo "Informador" e também através de crônicas sobre pessoas, situações, eventos, locais e períodos.
Também
ENTREVISTAS com pessoas que tem muita coisa para contar, como Peter
Toth, Oscar Vieira, Carlos Eduardo Gouveia, etc. e especialmente um GM
que está incluido nesta mensagem: Darcy Lima -- poderiamos começar por
aí.
É fato que
entrevistar já exige alguém mais capacitado para direcionar a conversa,
registrar e transcrever, mas deveriamos tentar.
O que um jornal aquí de Resende faz é reunir um grupinho e colocar o entrevistado na roda, puxando a conversa naturalmente.
Tomo como exemplo o BLOG que minha turma de Engª da UFRJ montou por ocasião dos nossos 40 anos de formados.
O objetivo era coletar as histórias que cada um tinha para contar, que passam por um mediador e vão sendo disponibilizadas.
Tem sido interessantissimo, divertido, agradável, e ajudou muito a criar novamente familiaridade e união entre a turma.
Eu avalio que uma iniciativa como esta poderia trazer benefícios ao Xadrez Fluminense/Carioca -- dar-lhe mais alma.
Poderiamos criar um BLOG só para isso, ou aproveitar algum existente, caso seu dono venha a se voluntariar como mediador.
A própria FEXERJ poderia promover isso num dos seus sites, congregando clubes e enxadristas que contribuam para estas Memórias.
É possível separar seções, uma referente a cada Clube, outra dedicada a determinados jogadores notáveis, outra para Crônicas e causos, outra para partidas com comentários pessoais, e até m esmo uma outra para reproduzir recortes de colunas de xadrez que alguns ainda tem guardadas -- basta definir claramente os Objetivos, a coordenação e estabelecer as regras da coisa.
O importante é que haja diversos colaboradores comprometidos, e buscar operar em conjunto para enriquecer o conteúdo, através de um trabalho interativo e evolutivo, num estilo Wikipédia -- aliás, poderiamos até criar uma página na Wikipédia e centrar tudo lá, ou não?!
O que vocês acham?
Alfredo Pereira dos Santos, professor e pedagogo de Xadrez. Vejam uma coluna periódica dele para a FEXERJ AQUI.
Caro Schwab
Eu acho a idéia excelente, pois tem muita coisa a que não se dá o devido reconhecimento. Você falou na revista P4D, da qual no início o Mecking foi um dos colaboradores, mas eu raramente vi alguém fazer referências a ela. Note-se que eu cobri todo o Interzonal de Petrópolis e publiquei todas as partidas, inclusive com fotos de todos os jogadores.
Ninguém, mas ninguém mesmo, fala no Torneio Popular de 1971, em que nós dois ficamos empatados em primeiro lugar. Em 1970 eu fui o vencedor e não há registro disso em nenhum lugar. Naturalmente que eu não faço questão dessas coisas, pois não alimento essas pequenas vaidades, mas se é para contar a história que se a conte toda. No Rio de Janeiro tem "historiador" do xadrez que sabe desses eventos, pois eu mesmo o informei, mas não divulga.
Você sabe que a AABB-Lagoa foi, entre os anos 70 e 80 uma força no xadrez do Rio de Janeiro, várias vezes campeão do Interclubes. O xadrez organizado na AABB-Lagoa teve início com a iniciativa de um funcionário do Banco do Brasil, chamado Hélio Fernandes de Mattos, um paraense que veio trabalhar no Rio. Nós, eu e o Hélio, costumávamos jogar os torneios do Clube de Xadrez Guanabara e voltávamos sempre juntos pois ele morava em Copacabana e eu no Leblon. Numa dessas ocasiões ele me disse que pretendia criar uma "Escolinha de Xadrez" e me convidou para ser o seu primeiro professor. Foi nessa escolinha que os então meninos Sadi Dumont, Eduardo Limp, Fernando Duarte, José Toledano, entre outros, encontraram ambiente para se desenvolver. Posteriormente a AABB teve outros professores, como o Carlos Guzman e, mais recentemente, o Amorim que, infelizmente, nos deixou. Tudo começou lá, em 1969, com o Helio Mattos, auxiliado por pessoas cujo nome eu tenho na memória mas a história do xadrez não vai registrar, a menos que eu me anime a fazer uma página para isso. Diga-se de passagem que diversas pessoas para as quais você mandou essa mensagem podem atestar essas coisas que lhe digo.
José Manuel Blanco, presidente da ALEX (Associação Leopoldinense de Xadrez- vejam site AQUI )
Esqueceram de falar no maior de todos: Dijama Caiafa!!
Sozinho, nos tempos de papel e lápis, fazia os famosos boletins registrando os torneios.
Não se espantem, mas esse é um mal que assola o país: a memória ser privada e não pública.
Evidente que daqui não emana uma crítica dicotonômica (privado x
público), mas a simples constatação de que essa História está dispersa
na pequenas histórias individuais dos atores que as viveram.
Na própria ALEX temos esse gravíssimo problema.
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Bem, solicito a todos aqueles que tenham dados sobre a memória histórica do Xadrez no Rio de Janeiro, que os enviem para meu mail: joseeduardomaia@terra.com.br. com o fito de evoluir esta nova série de postagens deste blog: A História do Xadrez do Rio de Janeiro.
FELIZ 2013!!!
Ah, por falar em história:
GALERIA DE TODOS OS CAMPEÕES DO RJ AQUI!
Fonte: site do Waldemar Costa.
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