terça-feira, 3 de novembro de 2009

413- Análise do Masca sobre os cariocas na Semifinal do Brasileiro

Amigos,
muito legal ver a repercussão de meu desempenho (talvez melhor dizer, exemplo) e partidas (com erros vários, mas sempre com emoção...). Maia obrigado pela cobertura no blog ! Aquele diagrama da 5a. rodada após meu b5 é quase um orgasmo !! (rsrsrs)
Falando um pouco dos cariocas, quem realmente diferenciou e que deve fazer um trabalho mais especialista de preparação e treinamento é o Pedro Paiva.
O surfista tá jogando muito! Massacrou nas três primeiras e depois sentiu o esforço e despencou, chegando a apenas 3,5 em sete. (0,5 em 4 é muito pouco para o nível de jogo que ele apresenta no momento).
Não vi as partidas que ele perdeu (vou fazer isso com todas as partidas dele. São agradáveis de ver e analisar-se) , mas a minha sensibilidade diz que desse mato sai cachorro ! Ou seja, é talento para chegar a níveis de excelência e resultados maiores. Basta suporte técnico e exposição competitiva de alto nível.
Pedrão, se estiver lendo esta mensagem, saiba que pode contar comigo para ajudá-lo nessa melhora (não dando aulas, talvez você é que possa me ensinar algo), quer seja com conselhos ou mesmo algum apoio para participar em eventos de nível.
Você tem uma excelente visão de análise e geração de posições extremamente complexas e sutis que vi em muito poucos jogadores.
Talvez um trabalho de alto nível de preparação de aberturas e de melhor ritmo competitivo (Santo Dvoretsky ajudaria muuuiiito !), atrelado a maior exposição competitiva podem gerar o sucesso previsível. Em resumo, você é um talento !
Dos demais cariocas, o Vinícius teve uma atuação bastante firme e com méritos chegou aos 4,5 com melhor posição na tabela entre os cariocas. Sempre via em seus olhos a gana de ganhar todas ! Isso é muito bom. Tem consciência de sua forma atual e apresenta uma consistência competitiva muito boa. Pode ir mais longe e está no caminho.
Seu peão dama não produziu tanto diferencial nas aberturas (lugar comum da necessária preparação mais refinada, que nós cariocas não fazemos no nível necessário para enfrentar jogadores mais fortes) mas lutou muito e deve ter saído satisfeito também. Sua última partida, quase das últimas a terminar, foi um exemplo de seu comportamento em busca da vitória.
Okamura, como seu estilo super tenaz, teve também atuação dentro do esperado. Lutando muito a cada ponto, curtindo o torneio tanto quanto eu ! Para ver seu resultado durante o torneio, teve o prazer de jogar com o MI Mekhitarian !
O Bortoloso (de Petrópolis) também fez seu papel e curtiu o torneio! Nada como lutar partida a partida, sorrir, sofrer e curtir o evento !! Parabéns por ter ido !!
Fucs teve um início bom, com 2 em 2 ganhando uma posição inferior do Teixeira na 2a. rodada, mas em seguida jogou uma partida com o fortissimo jovem valor Silvio Oliveira (SP, ELO 2350+) e foi massacrado. Partida de planos posicionais mais longos, contra fortes jogadores é quase suicídio (é como jogar no fundo da rede no tênis contra o Federer... não tem defesa e perde-se no fim...). Perdeu também do irmão do MI Matsuura, muito forte também. Meu conselho a ele é que não acredite tanto em sua capacidade de resistência em posições algo restritas. Vira presa fácil de jogadores com boa técnica que acabam destruindo suas defesas. Se calibrar melhor seu repertório, jogando aberturas/defesas mais dinâmicas pode e vai conseguir melhores resultados.
E o MF Teixeira, como alguém escreveu neste blog, num suíço cada um faz um torneio particular. O resultado dele com o Fucs pela segunda rodada caiu como uma ducha fria e com 3 rodadas neste dia, acabou não produzindo bem na terceira (tablas) e o mal já estava feito.
Conversamos a respeito disso e de como é barra enfrentar jovens valores com elo baixo (em torno de 2000) ou ainda em formação mas com jogo muito mais potente e sedentos de ganhar ou formar elo FIDE. O esforço é enorme e com moral baixo fica tudo mais difícil. Ver uma alekine que ele perdeu na segunda metade do torneio. Foi atropelado sem chance e aí é que vemos esseh efeito devastador em torneios suíços. Não há como recuperar-se (é exceção).
E quanto a mim... Saí gratificado pela participação e resultado, mas tenho plena consciência que apresentei falhas clamorosas de análise em quase todas as partidas... (um pequeno exemplo, dentre muitos que comentarei na ALEX na próxima terça à noite: Na primeira rodada, ao entrar naquele final de bispos de casas brancas, eu cheguei a uma posição (na mente) com meu bispo c2 (batendo no peão dele de f5, o que dificultaria e5), mas quando joguei a variante o bispo acabava em d1 (após tomar a torre) e o final na verdade é algo melhor para as negras após correrem e jogar e5. O garoto não viu e acabou perdendo após um erro com a tomada do peão em b4.
Por fim, no meu nível atual de preparação, não dá para encarar jogadores com elo 2300+. É puro sofrimento.
Enfrentar MI para mais com meu atual nível de preparação é morte lenta e certa... Acertar um deles é puro acaso. Tenho de obrar mais...
Mas , sinceramente falando, o que mais importava para mim não era o resultado (apesar de lutar por ele com todo o meu ser) mas sim o prazer de participar, VIVER XADREZ EM SUA PLENITUDE !!
Por fim, aos colegas/amigos cariocas sobre os quais teci alguns comentários, peço que considerem como uma visão pessoal minha, que não necessariamente representa a verdade. Se desejarem dialogar comigo a respeito, e até comentando como me viram no torneio, todos ganharemos com isso ! Fiquem à vontade de me procurar.
Um abraço galera !!
Mascarenhas

3 comentários:

Kleber Victor disse...

Mestre Mascarenhas é um exemplo a ser seguido por todos. O amor que demonstra ao xadrez continua inabalável mesmo com o decorrer dos anos. Tem a simpatia e a modéstia dos grandes, tratando a todos de forma igual, desde o capivara ao mestre.
Assim como na sociedade em geral, o ambiente do xadrez é altamente competitivo, mas certos valores não podem ser deixados de lado, e tenho a honra de tê-lo como colega de clube e porque não dizer, amigo mesmo, aliás a ALEX é uma grande confraria de amizades que tenho.
Sobre o desempenho dos outros cariocas, pode variar de torneio p/ torneio, mas é claro que a ausência de torneios abertos de nível nacional no nosso estado influi no resultado individual, pela falta de contato que os jogadores do Rio tem com os do restante do país. Nos tornamos uma ilha, e quem quiser manter intercâmbios em torneios tem que jogar fora do estado.
PS: Meu caro Pedro Paiva, você assim como o Arthur tem talento de sobra p/ chegar a MI, se é isso que quer, é só se dedicar mais, que chega lá. Depois de ganhar as 3 primeiras no sábado, inclusive de MI, sei que a pouca idade é p/ curtir a vida, as capixabas são lindas..., e a tentação da noite de sábado de balada em Vitória deve ter sido grande...,rss.
Abraço a todos, Kleber

ViniciusRego disse...

Reportou muito bem o grande torneio! Fiquei adimirado com a quantidade de jogadores fortes! Tanta gente forte que não conhecia. Eu estava bem afastado do senário nacional de xadrez, é duro jogar com os caras....
Precisamos de torneios mais fortes aqui no rio, para nos prepararmos melhor pra estas batalhas, joguei 10 regionais, e em todos esses regionais so joguei uma contra o Mi Diego e ainda é 1 Ko.

Foi uma Semi nota 10! quem sabe na próxima não teremos algum carioca classificado.

neijrodrigues disse...

Realmente todos que aqui escreveram, contribuíram com revelações sobre a nossa realidade no Rio de Janeiro: o nível em Minas, São Paulo e no Nordeste é imprecionante, jogar com a garotada sem rating FIDE dá até arrepios. Eu não sei como resolver o problema, pois como disse o Vinícius não faltaram Regionais, mas me parece que com a melhora na qualidade dos torneios e uma maior motivação dos jogadores em jogar em outros Estados já ajudaria. Bem alguma coisa tem que ser feita se quizermos ter alguém na final do Brasileiro nos próximos anos.
Nei Jorge