Todos sabem da aversão do clube ao descompromisso que a federação leva o interclubes, único evento clubístico do calendário, desvalorizado ano após ano, num sistema de super pingão e com inacreditáveis 3 rodadas/dia.
É difícil montar equipes e ter gente motivada para enfrentar essa maratona, que é visível, afora aquela que é invisível: os temíveis e previsíveis atrasos!!
No ano passado não tivemos equipe na classe A e montamos 2 times na C.
Neste ano fizemos 3 equipes e nos representamos em todas as categorias (A, B e C).
Tivemos uma primeira jornada (sábado) que nos colocou em posição bastante interessante em todas as categorias: 2 em 3 na A; 2,5 em 3 na B, e, 1,5 em 3 na C.
A equipe C ficou no esperado. A equipe B superou as expectativas, apesar de que eu acreditava que poderíamos aprontar poucas e boas mesmo jogando com um classe C no quarto tabuleiro. Já a equipe A perdeu, pelo placar míni mo, um match em que tinha totais condições de faturar.
Hoje (domingo), a coisa não andou bem para nosso lado! Não sei o que foi, mas não repetimos as boas atuações da véspera e a coisa não encaixou.
Na classe C, por estarmos na parte inferior da tabela, acreditava que nos sairíamos melhor, mas repetimos a performance do sábado fazendo 50% (1V, 1E, 1D).
Já na classe B, na hora de decolarmos (quarta rodada) perdemos e caímos. Num esforço redobrado, se conseguiu reverter na última rodada e fizemos 50% nesse dia.
Por fim, a classe A teve um emparceiramento perverso que nos colocou de cara com a segunda equipe da competição e estávamos com 1 tabuleiro a menos em decorrência de problemas de saúde do Evanir. Logo, saindo com 1x0 contra, a pressão aumentou bastante e se somou ao fato de não sermos os favoritos. Resultado foi normal (perder). Na segunda rodada do dia conseguimos um empate por intervenção divina que fez o adversário do Bráulio cometer um lance impossível quando nosso atleta está total e absolutamente perdido no tempo (ganho na posição). O adversário fez o lance impossível e nem aguardou o árbitro chegar, abandonando em seguida.
En passant: fato semelhante aconteceu na mesma rodada, só que na classe B, quando o Soriano tb se beneficiou e empatou o match.
Na derradeira rodada de domingo, por inscrível que pareça, fomos emparceirados contra o time biônico do TTC e o resultado foi o normal, sendo que a Katrine ficou totalmente ganha contra o GM Krikor mas apurou-se e empatou por perpétuo.
Parabéns para todos nós que cumprimos o nosso dever de prestigiar o INTERCLUBES e na próxima viremos mais fortes, mas sem equipe biônica!!
Abraços,
José Manuel Blanco Pereira
PRESIDENTE DA ALEX
P.S.: Explico que a Katrine não pode ser considerada biônica, pois não é o fato de ser estrangeiro que caracteriza a brincadeira, mas sim o sujeito vir de fora (normalmente outro Estado), papar a grana, e ir embora sem deixar nada de concreto para o xadrez local (é claro que o sujeito não é culpado e não tem nada haver com o ego que move alguns). Ela vive no RJ e já jogou competição local (foi campeão do blitz da federação em 2010). E jogou na ALEX porque solicitou, não recebendo nada além do respeito, atenção, camaradagem e carinho dos alexanos.
VEJAM MAIS FOTOS DA 2ª RODADA DO INTERCLUBES AQUI
PARABÉNS A TODOS OS CLUBES PARTICIPANTES, PRINCIPALMENTE AQUELES QUE VIERAM DO INTERIOR DO ESTADO DO RJ!!!
Em tempo: Cristiano Porto pediu para eu registrar neste blog que ele ganhou do MI Diego Di Berardino! Feita a sua vontade, Colosso!!!
9 comentários:
"...sendo que a Katrine ficou totalmente ganha contra o GM Krikor mas apurou-se e empatou por perpétuo...".
Correção técnica sobre o comentário acima a respeito da partida - jogamos uma Índia do Rei interessante, onde creio que obtive vantagem, mas cometi uma imprecisão deixando a posição confusa, e logo em seguida pendurei uma peça. Eventualmente, eu ainda tinha uma pressão forte, e a única linha ganhadora que ela tinha era bem difícil - para quem estava assistindo: o Tg7, que parecia bom, sugerido pelo Mascarenhas, empata por Txf8+! Cxf8 De6+ Tdf7 Txf8+! Rxf8 Dc8+ Re7 Dc7+ Rf6 Dxd6+ Rg5 Ce4+ duplo +-. Por isso, De1+! (pra tirar a Dama de d2 do duplo e defender o peão de e5) seguido de Tg7 ganharia.
Concluindo, ela não ficou 'totalmente ganha' (termo forte, usado inapropriadamente por muita gente, como se eu tivesse Dama a menos), e ela não errou por apuro de tempo - ela ainda tinha cerca de 15 minutos. A questão é que encontrar a idéia ganhadora era realmente difícil, ainda mais em uma partida de 1h.
Saudações,
KSM
Ok, Krikor, correção feita!
Blanco, resenha sem emoção!! :)
Complementando, para comentar uma citação passada (da postagem 1097):
"...O que será que passa na cabeça desses dirigentes? será que acham realmente que a contratação dessas estrelas do Xadrez vão agregar algo ao nosso combalido Xadrez do Estado do RJ? não, não vão agregar nada. Os contratados mamam a grana do cachê (Ihh, cuidado com os voadores pessoal!) e vão embora, sem deixarem qualquer contribuição."
É desrespeituoso se referir a nós, jogadores profissionais do xadrez, que tanto nos esforçamos ao longo da vida, e que já temos uma carreira muito sofrida, com esses termos pejorativos.
1º - A gente não tá 'mamando' nada, estamos trabalhando, assim como todos fazem honestamente em suas respectivas profissões.
2º - Falar que não agregamos "NADA" é um comentário muito cabeça-dura, além de um absurdo, se de fato foi feito em sã consciência. Não preciso nem explicar o porquê, mas posso citar que, quando criança, várias ocasiões que me motivaram profundamente envolveram contato com jogadores de renome internacional (MFs, MIs, GMs). Sem essa motivação, certamente o Brasil não teria mais que 10 GMs hoje.
De repente investir em xadrez escolar ou em projetos educacionais com xadrez seria mais proveitoso, poderia render mais frutos, beneficiar mais pessoas? talvez sim, talvez não.
Não vou entrar nos méritos do que os clubes devem ou não fazer - vocês estão livres para se questionar, se criticar, etc. Apenas peço respeito em nome dos profissionais do nosso esporte.
KSM
Caro GM Krikor,
minha intenção não foi desrespeitar os profissionais de xadrez, de forma alguma. Convivi já com muitos profissionais, MI´s e GM´s e sei o quão a opção é dura, o caminho é penoso, não obstante ser sempre feliz quem segue seus sonhos.
Ratifico minha opinião de que contratar profissionais que não têm uma mínima relação com os clubes contratantes, apenas uma relação mercantil (sem colocar juízo de valor negativo nessa relação) é um desrespeito ao trabalho dos demais clubes e seus diretores aqui no Rio de Janeiro, que vive um cenário de terra arrasada no xadrez (você não tem obrigação de saber disso). Essas contratações e consequentes dispêndios são atos meramente ególatras de mentes incapazes de planejarem um projeto consistente para o desenvolvimento do xadrez, principalmente no interior de nosso estado.
Qual a sua relação com seu clube contratante, o Tijuca Tênis Clube, além de meramente mercantil? se você tivesse um mínimo de relação construída, como, por exemplo, o Ovelha tem com o Clube de Xadrez de Três Rios, eu nem teria óbice mas...
Vocês, profissionais, obviamente, vêm aqui e ganham suas remunerações dignamente (ok, desculpe pela expressão "mamar a grana")mas mantenho a posição de que isso não agrega nada para a realidade nossa local, reconhecendo, porém o quão doloroso deve ser para um profissional digno e trabalhador como você ler isto.
É coisa meio tupiniquim sabe, em vez de pensar, planejar e construir ações de médio e longo prazo com os recursos humanos e logísticos disponíveis, gasta-se em "ações de impacto" de benefícios muito subjetivos.
Será que a contratação do Dvoretsky para treinar a equipe olímpica em curto espaço de tempo valeu o investimente. Eu, como super-capivara posso ter essa dúvida. Você como desconhecedor da realidade do xadrez do Rio pode ter dúvidas em relação aos benefícios de contratar profissionais para o Interclubes.
O que me tranquiliza é que meu comentário "cabeça-dura" e "absurdo" é comungado por muita gente aqui no Rio.
Finalizando, ratifico meu profundo respeito a todos os profissionais de xadrez, tanto os GM´s (tenho imensos respeito e admiração pelo Rafael Leitão), como amigos meus (Sadi Dumont, Eduardo Limp) e também por aquele humilde professor que leciona para crianças em escolas modestas.
Fraterno abraço, mui respeitosamente.
Caro Maia,
De fato não conheço a situação do xadrez no RJ com detalhes. Você levanta pontos passíveis de discussão - concordo inclusive com vários deles, mas isso não vem ao caso.
Sei que sua intenção não era nos desrespeitar, fico grato com sua resposta.
A única coisa que ainda me incomoda é que 'não agregar nada' significa dizer que: a minha presença durante o Interclubes ou colocar um laptop com o Rybka para jogar as 6 rodadas no meu lugar é a mesma coisa (além, claro, da diferença de 500 pontos de força). E isso sim, volta a ser algo ofensivo para os jogadores, enquanto seres humanos.
Joguei a competição como um profissional por uma remuneração sim, naturalmente. Mas no momento em que eu volto pra casa, gosto de lembrar que fiz uma diferençazinha na vida de uma pessoa - seja um leitor do meu blog, uma criança, um professor, um idoso, não importa.
Não sei, talvez eu que me incomode mais do que devia com alguns termos e palavras específicas. Pois a nossa participação apenas nesse evento, especificamente, não vai resolver os problemas de vocês, com certeza, e de repente a gente nem agregue o suficiente à realidade local, mas isso ainda assim é mais que 'nada'.
Grande abraço,
KSM
GM Krikor,
Não quero fazer aqui a defesa do Maia. Com certeza, se achar necessário, ele saberá fazê-la, mas acho importante me manifestar e começo frisando o importante momento político pelo qual o xadrez do estado está passando e que culminará com as eleições para a presidência da FEXERJ em 2012.
Estou nessa atividade – professor de xadrez – há 12 anos aproximadamente (antes disso, mal sabia as regras do jogo, apesar de, eventualmente, “brincar” de jogar xadrez), e desde então a presidência da federação não mudou. Aliás, antes de eu começar o presidente atual já estava lá.
Faço parte, juntamente com o Maia, do movimento que se intitula CONVERGÊNCIA, e que propõe mudanças neste cenário que mais parece de pós-tsunami.
Apesar de novo, você tem experiência suficiente para avaliar o nível em que se encontra o xadrez fluminense em relação aos demais estados do país. Embora tenha sido o maior palco do xadrez nacional, e por isso tenha tradição, e tenha o 2º maior PIB do país, não fazemos jus a esses dois fatores e nos encontramos em uma colocação bastante inferior, haja vista os resultados de nossos enxadristas em campeonatos nacionais e, até mesmo, embora isso seja menos relevante, em termos de quantidade de participantes nos mesmos campeonatos.
Talvez o Maia não tenha usado as melhores palavras para se referir às estrelas que são contratadas para disputar o INTERCLUBES. Talvez ele esteja sendo muito romântico (tomara que não o ÚLTIMO) e queira defender uma competição entre os enxadristas que estejam, de verdade, vinculados aos clubes - que “amem” a camisa, e que a presença dos “importados”, para apenas um fim-de-semana, descaracterize o maior evento do xadrez fluminense. Poderíamos, perfeitamente, fazer um paralelo com o carnaval carioca dos últimos 40 anos: há um racha entre os sambistas de raiz e os da atualidade (há prós e contras, de um lado e de outro...).
Evidentemente que a presença de vocês – titulados – é agregadora, mas, como pensa o Maia, talvez devesse acontecer em qualquer outra competição, ou, até mesmo, nessa, se houvesse concomitantemente, um trabalho de base.
Para mim, principalmente neste momento, com todo respeito a vocês, essa é uma discussão menos importante. Compreenda nosso cenário político atual e releve os ânimos acirrados. As “feras” sempre serão bem vindas, entretanto, AGORA, e por um longo período, precisamos de um forte investimento de base, o que as últimas administrações da FEXERJ não fizeram.
CONTINUA
Finalmente, deixo para você um pouco do que foi meu encontro com a KARINA ABRAHIM, do Tijuca Tênis Club, no segundo dia do INTERCLUBES, para demonstrar o que também é um dos objetivos do meu trabalho e, acredito profundamente, do movimento CONVERGÊNCIA:
Nos cumprimentamos animadamente porque Karina já esteve em Vassouras, conquistou um título estadual aqui, ganhou um belo troféu, foi muito bem recebida e, de brinde pelo título, ganhou um relógio de xadrez que, segundo ela, você, em algum momento do INTERCLUBES, usou.
Disse que o JOSÉ CUBAS usou, numa competição em que fez 9 em 9!!, uma caneta que ela emprestou – caneta essa que ela ganhou, de brinde, em outra competição que disputou em Vassouras.
Senti, pelo tom entusiasmante com que falava, o quanto Vassouras, através dos torneios que organizei, foi marcante na vida dessa “menina”.
Vocês podem imaginar o quanto orgulhoso me senti ouvindo isso dela?
Sou um profissional de xadrez, digo isso para todos com quem converso, mas não penso somente no lado financeiro e acho que é por isso que, volta e meia, recebo elogios sinceros – e a gente sente quando o são. Para mim, eles são o parâmetro!
Você é uma referência para muitos, com certeza, e para mim também: a caixa do meu relógio de xadrez tem um autógrafo seu!! E não foi neste fim de semana que eu o “consegui”.
Não nos queira mal. Estamos unidos com o objetivo de fazer com que o xadrez fluminense “renasça das cinzas”.
Um forte abraço,
Silvio Henriques – professor de xadrez
P.S.: escrevi estas palavras após o terceiro comentário e, portanto, antes da resposta do MAIA que, neste momento, vi publicada.
Ok, GM Krikor e Professor Silvio.
O Prof. Silvio reforçou com mais clareza minha posição: em função das circunstâncias aqui no RJ e do evento jogado. Nada, mas absolutamente nada contra, em termos gerais,a vinda de profissionais.
Krikor, LHE GARANTO: SE O MF ALBERTO MASCARENHAS VENCER AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES À FEXERJ, VOCÊ VERÁ UM RIO DE JANEIRO ACOLHEDOR AOS PROFISSIONAIS DE XADREZ, INCLUINDO TRABALHO DE BASE E COMPETIÇÕES DE ALTO RENDIMENTO.
Sem mais, respeitosamente aceitem um fraterno abraço.
GM Krikor,
desejo expressar mais pensamentos sobre essa rica troca de emails.
Você sabe o quanto admiro a luta de vocês, nossos jovens GM´s, que lutam arduamente pelo engrandecimento e valorização do xadrez brasileiro. Lembro de ter escrito no seu blog que a 1a. tourné europeia de vocês foi um dos fatores que me motivaram a voltar a jogar xadrez competitivo desde 2008 (após quase 20 anos parado).
Vibro com cada atuação de vocês e torço sinceramente pelo crescimento e valorização de vocês, como profissionais de xadrez e pessoas.
Você certamente não sabe, mas um de meus maiores orgulhos é poder dizer que meu primeiro emprego CLT foi de professor de xadrez de um clube aqui do RJ nos idos dos anos 80!
Isso posto, o que desejamos aqui para o RJ é poder ter enxadristas do seu nível, do Cubas, do Fier, do Vescovi etc, para citar alguns dos GMs que por aqui passaram de forma esporádica, numa condição mais digna, estruturada e competitiva. E que efetivamente traga claros benefícios para todos.
Infelizmente, e você pode constatar isso neste último torneio, não havia equipe minimamente à altura de vocês do TTC1. Nenhuma cobertura de mídia e torneio não valendo FIDE, com enorme desgaste físico em 3 rodadas/ dia de 1h nocaute.
Mesmo assim foi uma festa, ok.
O que eu sinceramente desejo ver num futuro próximo é um Interclubes RJ (e muitos mais eventos... temos ideia de fazer um circuito profissional no estado, nos moldes do circuito catalão... aguarde...) melhor estruturado, com rodadas menos agressivas (3 partidas/dia, 1h nocaute é de matar) com as categorias amadoras adequadamente representadas e uma categoria especial com fortes enxadristas profissionais (como você) regiamente remunerados e mais valorizados, forte mídia cobrindo e trazendo público e mais praticantes, além de tentar ofertar algo mais em termos de possibilidades FIDE (rating, normas etc).
Estamos muito longe disso ainda, mas é uma visão que desejo compartilhar com você e outros GM´s. Desejamos transformar o RJ numa meca de xadrez para todos os níveis, com concretas possibilidades para desde o amador iniciante até o GM mais qualificado.
Tenha absoluta certeza que todos apoiamos e admiramos a sua (e dos demais profissionais brasileiros de xadrez) dedicação e paixão pelo xadrez e saiba que lutaremos para criar condições ainda mais dignas para todos por aqui.
Mas a rota é longa.
Trabalho é o que não falta...
Mas como tenho repetido á exaustão.
SÓ DEPENDE DE NÓS !
A paixão nos une. Evoluiremos.
E muito obrigado por ter vindo ao RJ (estensivo aos demais GM´s e titulados presentes) e espero que possa(m) retornar em condições ainda melhores. Trabalharemos para isso.
Se depender da Convergência, faremos acontecer muita coisa boa por aqui. Mas de forma gradual e consistente. Há muito por ser feito.
Forte e agardecido abraço,
MF Alberto Mascarenhas
PS: E pelo nível técnico atual daqui, desconsidere os comentários sobre sua partida... a diferença de força é enorme. Você que nos ensina. E a paixão amadora, literalmente falando.
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