domingo, 11 de maio de 2008

24- Maiakowsky filosofa


O Mengão vence e este blog volta a funcionar!
O amigo Stelling reclamou de minha ausência, então volto animado a desafia-lo! o diagrama ao lado é uma composição de Herman Mattow, ops, nada disso, Herman Matison, 1924. As Brancas jogam. Stelling e os meus outros três leitores devem fundir a cuca e calcular o veredito! É mais um ótimo exemplo de composição que serve como excelente treinamento de cálculo no xadrez.
Hoje li no sujíssimo O Globo matéria sobre os 40 anos dos movimentos estudantis na França e a Primavera de Praga. Triste perceber como o mundo anda "pragmático", ultra-individualista e, assim sendo, acaba renegando ou minimizando manifestações históricas de efeitos sócio-culturais tão importantes. Mas, diabos, que isto tem a ver com xadrez? é que imaginei que, de certa forma,
o xadrez de hoje também reflete o pragmatismo citado. É o triunfo da força bruta do cálculo, do concreto das variantes sobre o subjetivismo dos conceitos. Querem um exemplo? visitem o blog do simpático GM brazuca Fier. Vejam a entrevista que ele postou lá. Tudo bem, o garoto joga uma barbaridade, vai chegar em breve a 2600 de rating FIDE mas o pensamento dele é a representação enxadrística da "vertigem pós-moderna" que vivemos. Não gostei do que li na entrevista e nem gosto como ele resenha as partidas no blog.
Fiz uma enquete sobre um livro de 1925 (!!), pouco conhecido, chamado Mi Sistema. Espero que as pessoas participem. Este livro sempre aparece nas cabeças quando fazem pesquisas do tipo "os melhores livros de xadrez já escritos" (pesquisem na internet). Na verdade, nunca entendi o porquê de tamanha fama.....
Boa semana a todos. Hoje, filosofei. Estou em fase pós-surto!

14 comentários:

Albert Silver disse...

Grande Maia,

Li a entrevista em questão (peço gentilmente o link da próxima vez), mas não entendi o que te desagradou. É o fato de ele nao ter nenhuma grande cultura enxadristica, ou era outra coisa, como a opinião dele sobre o que separa o MI do GM (cálculo)? Por mais que isto seja também um fator signficativo, lembra que os GMs aqui no Brasil são quase todos autodidatos em grande parte. Pega um Dvoretsky da vida, guru da escola russa, e você o verá esculachando até mesmo o grande Magnus Carlsen por falhas em finais básicas.

Nota que a materia dele é excelente, pois ele levanta algo extremamente válido: a importancia de não apenas estudar a teoria das finais, mas de por-las em pratica, treinando-as.

Mas voltando: o comentário do Fier não perde seu valor portanto. Veja a coluna no Chesscafe do Seirawan , grande jogador posicional. Depois do 23o. lance, ele comenta

"Muitas vezes me perguntam, “Quantos lances pra frente o grandemestre enxerga?” Evidentemente, não há resposta simples a essa pergunta. Algumas posições lhe permitem de ver variantes de cinco, dez, ou até mesmo quinze lances. Em outras, você enxerga planos, padrões, mas quase nenhum lance.

Desde o lance 16 ambos os jogadores tinham visto essa posição, mas o Johann (Hjartarson) não viu o meu lance seguinte."
24.Ba4! (ganhando uma qualidade)."

Ou seja, ele teria calculado 7 lances pra frente, e visto uma astucia tática na 8a. lance da linha em questão. Reforçando que todos os planos do mundo não vão lhe ajudar se perder uma peça no meio do caminho. ;-)

Anônimo disse...

Grande mestre Maia.
Depois de um tempo de deliberação (em formato "treino de solução de estudos": limite de 40 minutos para encontrar s solução do problema) cheguei a conclusão que é empate! Um belo empate, aliás! Se quiser posto a minha solução e o tempo que levei para resolver.

Não sei exatamente o que não te agradou da entrevista do Fier, eu achei muito interessante e revela um pouco do garoto por trás do tabuleiro.
Eu poderia especular um pouco sobre o que acho que não te agradou mas acho que seria mais interessante se você elaborasse um pouco mais.
Em relação às análises eu concordo a sua crítica porém é preciso levar em consideração que o blog do Fier é um espaço para ele extravasar e não para publicar variantes concretas ou ensinar xadrez.
Achei interessante também o ponto de vista do Albert (que não faço a menor idéia de quem seja, já que o perfil não é público). O curioso é que o tipo de final que ele cita do Carlsen foi tema da palestra que dei na Alex há pouco tempo!!
Abração,
Stelling

Albert Silver disse...

(Não leia se estiver analizando o estudo ainda!)

Bom, infelizmente sou mais Hjartarson do que Seirawan, pois deixei de ver uma astucia tática no 8o. lance, como o Rybka me mostrou.

Eu tinha chegado a conclusão de que era empate, mas porque não via como as brancas procederiam depois de 1.Th8+ Rd7 2.Tb8 Rxc7. Pois 3.h7 Rxb8 4.h8:D+ Rc7 não leva a nada, e não acredito que as brancas ganham a final depois de 3.Txb2 Bxh6. Porém o erro foi na linha com 1...Rf7, aonde passei um bom tempo calculando (e procurando lances).

Cheguei a achar (sem engine e sem mexer as peças é claro) 1.Th8+ Rf7 2.Tb8 Cb5 3.Tf8+!! Rg6 (se 3...Rxf8?? 4.c8:D+ Rf7 5.Dc2 b1:D+ 6.Dxb1 Cc3+ 7.Rd3 Cxb1 8.h7! e o peão faz dama) mas aqui eu errei ao analizar 4.Tf1?? (ao invés de 4.Cf4+) Bc1 (bloqueando a torre) 5.Cf4+ (o bispo estaria sobrelotado) Rh7 6.c8:D b1:D+ 7.Cd3 e as brancas deveriam vencer, pois não tem xeque com a dama, e 7...Cc3+ perde para 8.Dxc3. Foi o que analizei, mas o Rybka me corrigiu educadamente (animal! capivara! haha), me explicando que depois de 8.Dxc3, as negras dão mate com 8...Db7+!! 9.Rd4 (admito que é bonito) Dd5 mate.

Enfim, obrigado pelo belo estudo. :-)

Albert Silver

Anônimo disse...

Albert, revise a posição antes de 6. c8=D, há como melhorar o jogo das brancas. ;)

Albert Silver disse...

Sim, 4.Cf4+ como eu coloquei.

Anônimo disse...

Creio que não fui claro, Albert. Estou falando que 6. c8=D? é impreciso.

Anônimo disse...

Grande Maia.
Depois posto aqui minhas análises!

Albert Silver disse...

Creio que não fui claro, Albert. Estou falando que 6. c8=D? é impreciso.

Ah? Qual seria a melhoria branca então no lugar de 6.c8=D?

Anônimo disse...

Na verdade creio que a contagem de lances está errada, mas o que você acha de ?
1. Ta8+ Rf7
2. Tb8 Cb5
3. Tf8+ Rg6
4. Cf4+ Rh7
5. Th8+ R:h8
6. c8=D+ Rh7
7. Dc2! e se:
7. ... b1=D 8. Re3+! D:c2 =
7. ... b1=B 8. Cd3! B:d3 =

Omiti uns detalhes mas o principal está aí.

Anônimo disse...

Correção, é 1. Th8+ e não Ta8.

Albert Silver disse...

Essa é a linha correta com 4.Cf4. Mas você falou que achou uma melhoria na outra linha sem 4.Cf4, qual?

>>>Albert, revise a posição antes
>>>de 6. c8=D, há como melhorar o
>>>jogo das brancas. ;)

>>Sim, 4.Cf4+ como eu coloquei.

>Creio que não fui claro, Albert.
>Estou falando que 6. c8=D? é
>impreciso.

Anônimo disse...

Albert, me descule, é que não vi onde você postou esta linha. Reli seus comentários e mesmo assim não encontrei.
Abraços.

Albert Silver disse...

mas aqui eu errei ao analizar 4.Tf1?? (ao invés de 4.Cf4+)

Anônimo disse...

Curiosamente encontrei hoje a seguinte citação:
"O primeiro livro que acidentalmente caiu nas minhas mãos foi "Meu Sistema" de Aron Nimzowitsch. Era difícil imaginar uma escolha pior! Afinal de contas, em xadrez você deve primeiro aprender a atacar e só então a defender, você deve ter maestria tática e só depois estratégica. "Meu Sistema" é um bom livro, só que não para principiantes. É um livro texto de jogo posicional, mas primeiro você precisa aprender a fazer combinações." - Yuri Averbach.
Eu concordo em 100%! Por isto ainda não li o "Meu sistema". ;)
Abração!