segunda-feira, 12 de abril de 2010

584- Os mistérios do xadrez..........com Sherlock Holmes!!






"Mais um dia cinzento... é a Londres de sempre...". Este era o pensamento de Sherlock Holmes enquanto desfazia suas malas. Foi uma viagem cansativa. Mais um caso resolvido: Um octagenário rico assassinado sem pistas aparentes. Toda polícia estava preocupada em encontrar provas que incriminassem os beneficiados pelo testamento. Mas Holmes, com seu incrível poder de dedução, pôde demonstrar a todos (família e polícia) que, na verdade, a motivação do crime foi passional e apresentou a verdadeira assassina para todos. A criminosa, tão surpresa quanto os demais na casa, sequer esboçou reação e foi presa imediatamente. Mas o que realmente tornou a viagem cansativa, e Holmes não queria admitir, foi a ausência de Watson. Um forte resfriado obrigou seu fiel amigo a ficar em Londres e Holmes, solitário numa distante Eastborn, não tinha com quem compartilhar sua capacidade superior de raciocínio, enquanto desvendava o crime.

De volta ao lar, Holmes já estava acendendo o seu cachimbo caminhando para a cozinha. Estava esperançoso de que houvesse alguma coisa comestível na despensa. Foi neste momento que ele escutou alguém entrando em sua casa.

"Holmes! Que bom que voltou logo!". Watson estava realmente contente. Talvez até um pouco além do normal. "Desculpe ter usado as chaves... eu não percebi que você já havia chegado".

Holmes observou seu colega com um ar de espanto. Aparentemente Watson já se achava bom o suficiente para sair por aí apesar das recomendações em contrário (Watson pode ser um bom médico mas é um péssimo paciente). "Watson, você não tem do que se desculpar! Você sabe que tem minha inteira permissão". Watson estava intrigado com a expressão no rosto do detetive mais famoso do mundo. O que antes parecia ser um ar de espanto (com um leve toque de deboche) agora era um rosto sério, talvez até irritado. Holmes olhava fixamente para o interior do armário da despensa. Diante daquele momentâneo silêncio que se instalou, o detetive fez um rosto mais ameno e voltou a falar: "Não Watson! Eu não tenho 12 libras comigo! Você terá de se arranjar sozinho!".

Watson só faltou cair pra trás: "Holmes, eu sempre soube que você é o melhor detetive do mundo! Mas eu nunca soube que você podia ler pensamentos! Como soube que eu iria lhe pedir 12 libras?"

Holmes queria, inconscientemente, se vingar da ausência do amigo naqueles últimos dias e, por isso, foi o mais rude possível. "Eu não sei ler pensamentos! De onde você tirou essa idéia? Qualquer um poderia deduzir que você iria me pedir este dinheiro. Não é muito, eu sei. Porém eu não o tenho, caso contrário o daria."

- Esqueça o dinheiro. Eu quero saber como você pode ter deduzido uma coisa destas? Isso é impossível!

- Talvez seja impossível para você, meu amigo. Mas para mim é óbvio!

- Holmes, eu mal pus os pés nesta casa e você não me vê há três dias. A primeira coisa que você diz quando me vê é que não tem 12 libras. Você só pode ter lido meu pensamento pois eu estava justamente pensando em como lhe pedir as malditas 12 libras.

- Você tem razão, Watson. Eu não o vejo há três dias. Aliás foram três dias muito produtivos. Contudo, eu não preciso vê-lo (e nem tão pouco ler seus pensamentos) para saber o que aconteceu aqui em minha ausência.

- Mas Holmes, tudo está no lugar. Eu mesmo vim aqui inspecionar o trabalho de limpeza da Sra. Simpson. Você sabe... ela é muito boa, muito prestativa, etc, mas só quando tem alguém fiscalizando... Ah! Já sei! Ela deixou algum bilhete. Aquela danada...

- Meu amigo, realmente não existe ninguém como você. Que eu me lembre, você havia receitado repouso a si próprio e, ranzinza como sempre, desobedeceu a si mesmo! E para quê? Para fiscalizar a faxineira. Como se fosse necessário...

- O que ela disse no bilhete, Holmes?

- Watson, ela não deixou nenhum bilhete e ela também não falou comigo. Estou chegando de viagem neste momento. Pensei que iria encontra-lo em repouso mas, pelo visto, não há nada neste mundo que o faça ter bom senso. Vejo, inclusive, que jogaram xadrez...

- Oh sim. Eu estava muito entediado... Vim abrir a casa para a Sra. Simpson e acabamos nos distraindo com uma partida de xadrez na hora do chá...

- Eu sei Watson. Aliás, chamou-me a atenção o fato da mesa não ter sido arrumada após o jogo. As peças ainda ocupam seus lugares de quando a partida terminou e, a não ser que você tenha passado a usar batom, vejo que a xícara da Sra. Simpson está virada sobre a mesa...

- Bem... sim, aconteceu um acidente. Como estávamos nas dependências dos empregados, achei que poderia deixar a Sra. Simpson arrumar hoje... Não esperávamos você tão cedo...

- Não se preocupe Watson... Pelo visto você jogou com as peças brancas... pelo menos a sua xícara está deste lado da mesa.

- Tem razão Holmes. Eu ofereci as brancas pois sou um cavalheiro... Mas a Sra. Simpson lembrou-me de que eu havia jogado com as pretas da última vez, então...


Leonardo Mano, 1984

Dr.Watson x Srª Simpson

Ambos tem mate em 1. Mas pela disposição das peças, somente um dos dois poderia jogar na posição. Quem? Holmes descobriu!! Tentem solucionar como o brilhante Sherlock Holmes!!
Continuação da estória, com a solução do problema, na próxima 2ª feira.


Sherlock Holmes x Prof. Moriarty

Aqui Prof. Moriarty jogou 36-...fxg2?? e Holmes aplicou uma bela combinação ao estilo Morphy! Um bom exerciocizinho de cálculo concreto (por favor, sem Fritz, Rybka ou mexendo as peças!). E o que o maligno Prof. Moriarty deixou passar em vez de 36-...fxg2??

3 comentários:

ViniciusRego disse...

Combinação de Homes, De2+!!, se Txe2, Cb4+ cxb4, Ta5!, seguido de Tc6++ , a combinação tembém pode ser iniciada com Cb4+, que também chega a mate, porém aumenta o número de possíveis defesas.

ViniciusRego disse...

Quanto a quem joga não faço a mínima idéia, só consegui perceber que certas peças poderiam ter sido movimentadas anteriormente, mas la vai meu chute após que o CAPIVARA do Watson perdeu.....

Maiakowsky, um blog sobre xadrez (e algo mais!) disse...

muito bem, Papito!