quarta-feira, 21 de abril de 2010

592- TEMPOS FUGIT


Tempus Fugit

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta
com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena.

Ricardo Gondim

3 comentários:

amasca disse...

Grande mensagem Maia !

Compartilho um modo "todo meu" de contar os anos, para mostrar como a mensagem postada é apropriada...

Hoje tenho só 47 anos de vida !

Como assim, se nasci em 1957 ??

É que a partir dos 50 anos, passei a diminuir 1 ano e celebrar bastante o que vivi e principalmente o que ainda tenho por viver.

Quem sabe eu acerte no número (47 anos por viver) e bata nos 100 anos, pois a opção do Niemeymer é mais difícil de ser atingida...

Pelo menos faço o possível para viver com muita alegria e paixão cada dia de minha vida ainda por viver, valorizando muito e principalmente o meu presente !!

Como já recomendei antes, leia(m) O PODER DO AGORA ! Fantástico livro sobre as visões temporais que temos de nossas vidas.

Um abraço,
Mascarenhas

Paulo Goulart disse...

O Ricardo Gondim é um pastor evangélico da Assembléia de Deus...grande escritor e um dos expoentes da visão adequada do que é a pós-modernidade...

Talentoso, espirituoso e muito humilde, apesar de todas as suas qualidades...Muito parecido com o Amasca, mestre Maia...rsrsrs

Via em vc, nobre Maia, muitas qualidades, mas postar esse texto de um dos maiores intelectuais evangélicos é superar-se na arte do diálogo...atributo necessário e essencial à consistencia de qualquer organização. Data venha, isso também inclui um Federação. Qualquer semelhança, não é mera conscidencia!

Saudações,
Fernando Sabino de Caíssa!

Paulo Goulart disse...

Amasca,
faço o mesmo...temos mais uma coisa em comum, pena que não o talento no xadrez...rsrsrs...

Outra coisa que adoraria ter: Teu otimismo...rsrsrs...conto pensando em 80 anos e não em 100. Contava, mesmo porque se errar não estarei aqui para rirem de mim...hahahaha...

Abração,
Amigo!