após mais uma proveitosa noite de análise de finais de torre no Núcleo de Estudos Dijalma Caiafa na ALEX nesta sexta-feira, 13/maio, compartilho com seus leitores alguns dos principais diagramas debatidos nesta última sessão. Peço que publique este texto no seu blog !
São diagramas clássicos e incrementais de finais de torre (os mais simples fazem parte fundamental de alguma variante ou arremate dos mais complexos) e que devem ter seus conceitos e planos bem conhecidos pois podem acontecer em nossas partidas com razoável frequência.
Como da outra vez, após sua publicação, deixarei passar alguns dias para informar a solução, mas antecipo que para alguns deles, por serem muito ricos em análises e subvariantes, mencionarei apenas a linha principal e os conceitos fundamentais aplicados.
Vamos lá então:
Diagrama 1: Brancas jogam e ganham
Diagrama 2: Brancas jogam e ganham
Diagrama 3: Brancas jogam e ganham
Diagrama 4: Brancas jogam e estão melhores. Como devem progredir ? Como as negras devem defender-se ?
E o mais instigante para mim, por possuir uma mecânica firme de vitória para as brancas, mesmo numa posição tão rica em possibilidades....
Diagrama 5: Brancas jogam e ganham
Sugestão de estudo: Procurar buscar planos e aplicar conceitos de médio/longo prazos, pois os diagramas propostos não são problemas de mate em 2 !
Bons estudos !
O próximo encontro do Núcleo de Estudos Dijalma Caiafa será na próxima 5a. feira, dia 19/maio, às 20 horas na ALEX. Prosseguiremos as análises de mais finais de torre !! Apareçam ! É muito mais rico presencialmente !
MF Alberto Mascarenhas
5 comentários:
Prezados leitores de Maiakowsky, seguem as soluções dos diagramas!
Diag. 1: 1.Tg2! Rf4 (se 1...Rh3 2.Tg8 h5 3.Rc6 h4 4.Rd5 e ganham fácil, pela má colocação do rei negro e rápida chegada do rei branco (As brancas ao chegarem com o rei em f3 preparam o mate com a torre na 1a. fila) 2.Th2! Rg5 3.Rc6 h5 4.Rd5 h4 5.Re4 Rg4 6.Tg2+ Rh3 7.Tg8 +-
Mas saibam que na partida real o GM Fries Nielsen (jogando contra o GM Plachetka) jogou erradamente 1.Rc6 ? e as engars empataram após 1...h5 2.Rd5 h4 3.Re4 h3 4.Re3 Rg3 5.Te1 h2 6.Re2 Rg2 7.Th1 Rxh1 8.Rf1
E onde está a diferença ???
Está na perda forçada de um tempo pelas negras, após a manobre inicial de 1.Tg2+ seguido de 2.Th2 . Reparem que o rei negor tem de ir para g5 (no início ele estava em g4 !) perdendo um tempo fundamental.
Esse conceito básico e fundamental deve ser guardado pro qualquer jogador de média força nesse tipo de final: A rapidez com que os reis se acercam da região de coroação do peão do lado inferior.
De novo: como exercício, tentem refazer esta solução sem mover as peças ! A correta e a errada.
Vopcês verão que este modleo de solução será fundamental para o diagrama 5 !
abs.
MF Mascarenhas
seguindo com as soluções!
Diag. 2 (Capablanca - Yates - Hastings 1930/31)
Uma modelo prático a ser lembrado, apesar dos erros de ambos mestres!
Vou explicar os conceitos fundamentais e fornecer apenas a linha principal ocorrida na partida. Quem não foi ao encontro presencial naturalmente perde bastante, mas fica o registro do básico.
A manobra ganhadora das brancas (e que deve ser memorizada para uso prático futuro...)é composta por:
1 - Posicionar a torre numa coluna onde defenda o sei rei de xeques laterais futuros (permitindo sua melhoria na posição) e que ao mesmo tempo possibilite sua entrada na oitava fila.
2 - Ter em mente o avanço do peão f até f6 (com a torre já na oitava) e não o rei branco para f5(é a chave da solução!!) conjugada com o mate de torre em g8 (caso rei negro vá para g5 => visualizem esse diagrama agora!!).
3 - Impedir a troca do peão h das negras, que libera a teia de mate (ou de ameaça de mate) citada.
4 - Progredir com o rei para o caso do final ser simplificado (troca de torrees por exemplo)
5 - Visualizar que sem poder ir para g5 o rei negro só poderá ir para h7, permitindo a manobra de colocação da torre branca na sétima fila e progredir (tendo dentre eleas, a ameaça de e6 (com o rei negro em h7)
A linha ocorrida na partida foi:
1.Tb6?(melhor 1.Td6! para atender premissa 1)Te3?(melhor 1...Ta4!)2.Tb4 Tc3 3.Rf2?(3.Tb8)Ta3? (ambos omitiram que 3...h5! salvaria a partida tanto após 4.gh5 Th3 como 4.g5 h4) 4.Tb7?!(Tb8!) Rg8?! (4...Ta2+!?) 5.Tb8+! Rg7 6.f5 (com ideia de f6+) e ganham poucos lances depois.
Fundamental aqui é guardar a manobra de torre na oitava e de avanço do peão f até f6.
Abs.
MF Mascarenhas
Seguindo com o diagrama 3!
Botvinnik - Najdorf - Moscou 1956
Um final clássico também....
1.Ta5(evita xeque lateral) Tc7 2.Td5 Ta7 3.e5 fe5 4.fe5(ameaça Td7+!) Re7 5.e6 Ta4! 6.g5! Ta7! 7.Te5! (jogada chave pois defende o peão e prepara a invação de seu rei) hg5 8.Rxg5 Ta1 9.Rg6 Tf1 10.Rxg7 Tg1+ 11.Rh6! Tg2 12.Tg5 +-
Uma aula de restrição de defesas do adversário e de coordenada evolução de suas peças.
Faltou mencionar no diagrama 2 que além da ideia de entrada na oitava fila visando eventual ataque ao rei negro, as brancas também têm em mente a defesa de seu peão e após avanço do peão f em caso de ataque da torre negra por trás desse peão.
Repitam a soilução do diagrama 3 bem lentamente, avaliando cada mínima conquista obtida lance a lance ! Lembrei-me de certos finais ganhos pelo MI Limp dessa forma gradual e precisa....
abs.
MF Mascarenhas
E vamos para o diagrama 4!
Trata-se de um final real ocorrido na partida Kortchnoi - Antoshin - Erevan (URSS) 1954!
Para vocês terem ideia, este final é exaustivamente analisado em dois livros excelentes !
A jogada inicial é única: 1.h5! (sem esta jogada, as negras podem jogar 1...h5 tornando muito difícil a progressão branca) com ideia de restringir trocas de peões favoráveis às negras (uma troca agora em g6 propiciará a formação de um peão passado no longo prazo na coluna e (se for tomado pelo peão negrod ef, ou resulta no diagrama 2 (!!) de Capablanca - Yates, já explicado em comentário anterior!
Avaliem a importância de conhecimento de modelos prévios....
Guardem bem esses conceitos de estruturas futuras de peões, pois são muito úteis em vários finais de torre) 1...Ta5! (também a melhor jogada, para forçar o avanço g4) 2.g4 Ta7? (segundo Kortchnoi, se as negras tivessem jogado 2....f6! teriam empatado após 3.Tc8+ Rf7 4.Tc7+ Rg8! 5.Rf3 (se 5.f4 Ra3) Ta3+ 6.Rf4 Ta2 7.Rf5 Rh7! (a razão da movida Rg8!) 8.f4 Tf2! = pois as brancas não conseguem fazer um passado na coluna e)
Mas as negras erraram e jogaram 2...Ta7? e as brancas também (!) 3.Tc6? (claramente decisivo seria 3.Tc8! Rh7 4.e5! com ideia de Rg3, f4, Te8 +-) 3...Ta3? (de novo omitiram 3...f6!=) 4.f3? (de novo omitiram 4.Tc8+! Rh7 5.e5! ganhando!) 4...Ta5!? (4...f6!) e agora Kortchnoi encontra o plano mais forte após 5.Tc8+! Rh7 6.f4 Ta2+ 7.Rf3 Ta3+ 8.Rf2 Ta2+ 9.Re3 Ta3+ 10.Rd4, mas ainda assim as negras tinham defesa com 10...Tf3! 11.Re5 (11. f5 f6=) f6+ 12.Rf5 Tf1 =
Mas jogaram erradamente 10... Tg3? que perde após 11.Tf8! f6 12.e5! Txg4 13.e6 Txf4+ 14.Rd5 Tf5+ 15.Rd6 Txh5 16.e7 Te5 17.e8=D Txe8 18.Txe8 Rg6 19.Rd5 Rf5 20.Te1 h5 21.Tf1+ Rg4 22.Re4 g5 23.Txf6 h4 24.Re3 Rg3 25.Re2 g4 26.Rf1 Rh2 27.Tf4 h3 28.Txg4 Rh1 29.Rf2 h2 30.Rg3 Rg1 31.Rh3+ 1-0
Que luta hein ?? Repitam esses lances bem lentamente, tentando visualizar os planos e conceitos principais aqui mostrados.
abs.
MM Mascarenhas
E por último, o diagrama 5!
É um belo estudo de 1988,de V. Kantorovich, que concluía ser empate...
Porém, 15 anos depois, em 2003, J. Steckner refutou este estudo, demonstrando que as brancas ganham !!
Passou então a ser conhecido como Posição de Kantorovich-Steckner !!
É um estudo extremamente denso e rico em detalhes técnicos, mas que precisa ser conhecido para que o enxadrista médio/avançado possa resolver/entender melhor posições similares que podem aparecer com grande frequência em jogos reais. Há vários exemplos similares na prática magistral... cheios de erros por desconhecimento desse estudo!
Para aliviar a curiosidade dos leitores, vou explicar os conceitos fundamentais e em seguida mostrar a linha principal.
Como ganhar:
1- Trazer o rei branco até c4, para ter acesso à casa b3 no momento preciso.
2- Posicionar a torre oportunamente na casa c7 e avançar no momento certo seu peão para a7.
3 - Conforme o avanço do rei negro, forçar um xeque na coluna c e interpor sua torre entre o peão a e a torre negra. Manobra conhecida como INTERFERÊNCIA.
4 - Caso isso seja evitado, penetrar com seu rei e apoiar seu peão a.
Por mais incrível que pareça, não há defesa satisfatória para este plano, mesmo que as negras comam os três peões da ala do rei e sacrifiquem a torre pelo peão a, como será demonstrado na linha principal de defesa, logo abaixo. Não publico, ams há vários outros caminhos que tb.conduzem à derrota....
Antes de mais nada, peço que se lembrem do diagrama 1. bem ao final deste estudo....
Vamos lá:
1.Rd4! (o peão f não importa nada... guardem isso!) ...Txf2 2.Tc7! Ta2 3.a7 Rf5 4.Rc4!! (jogada/plano descoberto por Steckner. Após 4.Txf7+ há muma linha clara de empate que não detalharei aqui) Rg4 5.Rb3! Ta6 6.Tc4+ Rxg3 7.Ta4 Txa7 8.Txa7 Rxh4 9.Rc3! (lembrar agora do diag. 1! Correr com seu rei para a área de coroação! Vejam a clara correlação a seguir)) Rg3 10.Rd2 h4 (se 10...g5 11.Txf7+-) 11.Re2 Rg2 (11...h3 12.Rf1) 12.Txf7 h3 13.Tf2+! Rg3 14.Tf6 +-
Que coisa linda, hein ??
Vale repetir à exaustão esse estudo para fixação dos diversos conceitos utilizados.
Vale dizer que nesta última sexta-feira (20/5) tivemos mais uma ótima sessão de estudos, analisando a clásisca Posição de Lucena e vários exemplos práticos, alémd e partidas de Mequinho na Espanha e a colossal capivarada do GM Zuñiga lá também. Farei mais um artigo a respeito nos próximos dias para Maiakowsky publicar!
E convido os interessados para nosso novo encontro na ALEX, desta vez na próxima 5a. feira 26/5, às 20 horas!
Abs.
MF Mascarenhas
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