SEJA MAIS UM!!
resenha do mf Alberto Mascarenhas
Tivemos neste último feriado de sete de setembro mais uma excelente paletra técnico filosófica do MI C. Toth e do Prof. Roberto Cintra (PUC), desta vez na UERJ, logo após o término da etapa UERJ do circuito 21 da Convergência.
Mais uma vez uma excelente troca de opiniões e diversas questões debatidas calorosamente pelos presentes, cerca de 20 pessoas.
O foco desta vez foi a questão do plano de longo prazo, no xadrez ou na vida. Não basta seguirmos receitas pré-estabelecidas se não tivermos a visão clara do todo e do nosso objetivo final. Não basta fazer da rotina nossa caminhada. Há que se buscar um entendimento maior do todo e justificá-lo na prática sem pressa, mas no timing certo !
A partida tema da palestra foi a sétima partida do match pelo campeonato mundial entre Tigran Petrosian e Mikhail Botvinnik, jogada no ano de 1963 em Moscou, quando o match estava empatado em 3 a 3 (1 vitória para cada um e 4 empates).
A lição estratégica de Petrosian foi de tal ordem, que a variante jogada desapareceu da prática magistral, tal a coerência e consistência do plano de jogo das brancas frente à sequência de abertura das pretas, conduzidas pelo campeão mundial da época e profundo estudioso e estrategista do xadrez, o GM Mikhail Botvinnik.
Os palestrantes tiveram grande habilidade em expor detalhes da construção desta obra prima do xadrez estratégico (C. Toth) e sua ligação filosófica com nosso mundo real (Prof. R. Cintra).
Sugiro que reproduzam a partida abaixo e percebam a maneira coerente do desenvolvimento das brancas, buscando manter oportunidades latentes de expansão na ala da dama e restrição total de qualquer reação das negras no centro e principalmente na ala do rei. De notar a total falta de plano coerente para as negras após a manobra de restrição das brancas, culminando com pleno domínio da diagonal c1-h6, peão em h4 e mais tarde Bf3 e Rg2(sem pressa!), eliminando de todas as formas qualquer ruptura de peões negros nesta ala, único contrajogo possível, e só então a execução firme da expansão e invasão da ala da dama negra. Mais notável ainda foi a decisão das brancas de não tomarem o peão de a7 no lance 24 (quando poderiam fazê-lo sem temor algum) em prol de uma sequência muito mais forte e rápida de desmantelamento das defesas das negras, além do posterior magistral final de torres jogado.
Simplesmente uma aula de xadrez e de posicionamento frente à vida ! Coerência de ações no curto, médio e longo prazos, com planos factíveis e com continuidade, além da devida firmeza e técnica de execução. Nada acontece por acaso!
Mas como a falibilidade é uma característica natural da espécie humana, não posso deixar de transcrever a partida abaixo, que achei por acaso, ao buscar a partida da palestra em meu banco de partidas.... Impressionou-me o fato de ter sido jogada em Moscou no mesmo ano de 1963 por Tigran Petrosian... Como ele pode cometer tantos erros básicos no final de torres jogado contra Korchnoi e ao mesmo tempo ter feito tal jóia do xadrez na partida com Botvinnik ??
Abaixo imagens da palestra, cedidas pelo prof. Fernando Madeu.
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