Partida iniciada com as cores invertidas – Deve o árbitro intervir?
Pergunta 83: Após iniciada uma rodada de um torneio, o arbitro é avisado que numa determinada mesa o jogador emparceirado de pretas está jogando de brancas (inversão de cores). Deve intervir?
Resposta: Geralmente; tais situações acontecem em torneios abertos com a participação de muitos jogadores.
Diz o artigo 7. 2 da Lei do Xadrez que “se uma partida tiver começado com as cores trocadas, deverá continuar, a menos que o árbitro decida de outra forma.”
Isso significa que o legislador deixou ao alvedrio do árbitro intervir ou não; além disso cabe a cada um dos jogadores agir, de forma prudente, na verificação de seus direitos.
Conclusão: Se não houver indício de má-fé não há por que o árbitro deva intervir.
Mas se houver forte indício de má-fé de um dos jogadores, o árbitro pode, além de penalizar o jogador infrator (art. 13.4), anular a partida e determinar que seja disputado novo jogo de acordo com a tabela de emparceiramento, desde que haja tempo hábil e não haja prejuízo à programação do evento.
É de bom alvitre que o árbitro investigue estas partidas iniciadas com cores invertidas porque não são tão raros os casos em que o jogador chega atrasado e responde ao 1º lance efetuado pelo adversário (adepto da famosa Lei de Gerson), esquecendo-se de verificar o emparceiramento; e na maioria das vezes só percebe que está jogando com as peças trocadas depois de ser avisado por alguém.
Peça caída - - Jogador pode parar o relógio enquanto procura peça bruscamente caída ao chão, numa partida de blitz?
Pergunta 84: Num torneio de relâmpago um jogador com pouco tempo e na pressa de coroar, faz uma captura e sua peça escapa da mão e cai no chão, ele pode parar o relógio para juntar a peça ou, então, para procurar a peça que estava em jogo ao redor do tabuleiro (se outra igual já tiver sido capturada)?
Resposta: Diz o art. 7.3 da Lei do Xadrez que "se o jogador derruba ou desloca uma ou mais peças, deverá restabelecer a correta posição no seu próprio tempo...".
Logo o jogador não poderá parar o relógio enquanto procura a peça por acaso derrubada.
Nada impede que o jogador substitua a peça por outra de mesmo tipo e cor.
Portanto, está dentro da normalidade o jogador, por exemplo, substituir um bispo branco que tenha caído no chão por outro bispo branco (peça capturada ou que se encontra disponível na mesa ao lado)
Peça esbarrada é peça jogada?
Pergunta 85: Certo jogador ao tentar mover a torre, por exemplo, toca com o braço no rei (caso comum, já que o rei é a peça mais alta e que geralmente está mais próxima do jogador). Ele estaria obrigado a movimentar o rei?
Resposta: De acordo com a lei do xadrez (art. 4.3) o jogador somente é obrigado a mover uma peça que deliberadamente tenha tocado. Na pergunta está claro que o jogador tinha a intenção de mover a torre e esbarrou no rei.
Logo o jogador estará obrigado a fazer um lance (legal) com a torre (e não rei) conforme determina o bom senso.
Peça Tocada - Adversário concorda que jogador toque numa peça e jogue com outra
Pergunta 86: O jogador A toca numa de suas peças para fazer o seu lance mas se arrepende porque percebe que cometeria uma terrível capivarada. Com o consentimento do adversário, faz um lance com outra peça, fato que está sendo presenciado pelo árbitro. Deve o árbitro intervir?
Resposta: Se a partida estiver sendo jogada no ritmo de xadrez rápido ou mesmo de relâmpago, o árbitro não deverá intervir face ao disposto na alínea a do art B5 da Lei do Xadrez.
Entretanto, se a partida estiver sendo jogada no ritmo superior a 1 hora para cada jogador, o árbitro deve intervir e determinar que o jogador jogue a ‘peça tocada’ face ao disposto no art. 4.3 “a” da Lei do Xadrez.
"4.3 a - Excetuado o disposto no artigo anterior, se o jogador que tem a vez de jogar toca, deliberadamente, no tabuleiro:
a) uma ou mais de suas próprias peças, ele deve jogar a primeira peça tocada que possa ser movida, ou
..."
"B.5 a - O árbitro poderá intervir de acordo com o disposto no Artigo 4 (Ato de mover as peças) somente se for requerido por um ou ambos os jogadores."
Peça tocada - Testemunha isenta pode influir na decisão do árbitro?
Pergunta 87: O jogador A chama o árbitro e reclama que o adversário tocou numa peça e quer jogar com outra. O adversário nega que tenha tocado na referida peça. Pode o árbitro ouvir uma testemunha para dirimir dúvidas, já que "é palavra de um contra outro"?
Resposta: No caso de impasse, o árbitro deve verificar se houve testemunha(s) isenta(s)
para dirimir as dúvidas. Em caso positivo, o árbitro poderá decidir respaldado no(s) depoimento(s) da(s) referida(s) testemunha(s).
Considera-se testemunha isenta, neste caso, aquela que não tenha ‘qualquer interesse’ no resultado daquela partida.
A prova testemunhal é aceita em processo judicial, policial ou administrativo ou em juízo arbitral, e, na minha opinião, deve ser aceita também nas competições de xadrez.
Se não houver testemunha a reclamação do jogador A não será acolhida.
Peça tocada – jogada ioiô – Jogador pode ser penalizado pelo árbitro?
Pergunta 88: Gostaria de saber se o jogador pode fazer uma jogada do tipo ioiô, na qual ele tira a peça de uma casa, vai para outra, e, sem soltar a peça, fica ali observando. Se a peça está atacada, ele vai para outra casa, e se não, ele fica na casa.
Ele alega que a regra diz que a jogada só estará completa se a peça for largada
Resposta: O jogador com a vez de jogar se tocar numa peça vai ter de jogá-la, exceto se o lance for ilegal (Art. 4.2 da Lei do Xadrez). Realmente, o lance só estará completo quando a peça for solta numa casa (vide art. 4.6). Portanto, o jogador pode fazer essa jogada que você chama "tipo ioiô".
Ocorre que essa mania não é nada elegante.
É bem desconfortável colocar a peça numa casa e a ficar segurando por algum tempo.
Sem dúvida trata-se de um hábito estranho.
E o jogador que repete, com freqüência , este tipo de jogada é chamado carinhosamente de "capivara".
Peça tocada – Penalização desproporcional?
Pergunta 89: Num torneio de xadrez rápido, dois jogadores estão muito apurados. O jogador com as peças pretas toca rapidamente no peão mas faz uma jogada com o rei. O jogador das brancas reclama e o árbitro determina que o jogador das pretas volte a jogada e jogue com o peão. Além disso concede 2 minutos para o jogador A alegando que o jogador B prejudicou seu adversário.
Resposta: O árbitro agiu corretamente quando exigiu que o jogador B jogasse com a peça primeiramente tocada. Isso é o que determina a lei. Todavia, o árbitro aplicou punição desproporcional ao conceder 2 minutos de tempo ao adversário.
Acredito que o árbitro tenha se confundido e interpretado o ato de o jogador tocar numa peça e jogar com outra como lance ilegal e punido com base no disposto no art. 7.3 da Lei do Xadrez.
A decisão foi equivocada e prejudicou o jogador B que provavelmente deve ter pedido pelo tempo.
Peça solta na 'casa-destino' é lance implementado! Não tem volta!
Pergunta 90: Antes de acionar o relógio, o jogador que já havia soltado a peça na casa-destino, verifica que o referido lance pode ser desastroso para seu jogo e pretende mudá-lo alegando que o lance não foi implementado. O árbitro deve intervir impedindo que o jogador volte o lance, numa partida pensada?
Resposta: A jogada é considerada implementada a partir do momento em que a peça for deslocada da 'casa-origem' e solta na 'casa-destino' do tabuleiro. A vez de jogar passa a ser do adversário que pode responder ao lance mesmo que o seu relógio não tenha sido acionado. O importante é que o lance foi feito. Não tem volta!
Conclusão: O árbitro deve obrigatoriamente intervir e informar ao jogador que ele não pode ‘voltar lance’.
Peça solta na 'casa-destino' só tem volta se for um lance ilegal!
Pergunta 91: Partida de xadrez pensado - 2 horas/ nocaute. O enxadrista A solicitou a presença de um dos árbitros do evento para dirimir uma questão: seu adversário tocou uma peça, viu que iria perder o cavalo e deliberadamente voltou o lance. Queria jogar outra peça! O árbitro disse que ele poderia voltar o lance, pois não havia acionado o relógio ainda. Isso por certo não procede, não é mesmo? Soltou a peça, efetuou o lance. Se vai acionar o relógio ou não, é problema dele, não é isso? Peça tocada, peça jogada, peça solta, lance efetuado!!
Resposta: Tratando-se de um torneio oficial no ritmo de 2 horas para cada jogador (xadrez convencionalmente chamado de pensado), devem ser observadas as regras de competição previstas nas Leis da FIDE. E a lei diz que se o jogador tocar numa peça deverá efetuar o lance com a referida peça tocada, exceto se o movimento for ilegal.Mas, se o lance não era ilegal, o árbitro equivocou-se ao informar para o jogador que o adversário poderia voltar o lance por não ter ainda acionado o relógio.
Sem dúvida vale o adágio: "peça tocada é peça jogada."
E peça solta significa lance efetuado, sem volta, independentemente de ter sido acionado (ou não) o relógio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário