sábado, 15 de novembro de 2008

126- Questões de Arbitragem XVII

Recurso – Erro na decretação de empate por afogamento (pate)

Pergunta 126: Em uma competição de xadrez rápido, uma partida é finalizada após constatação de ambos os jogadores (com a presença do árbitro do torneio) de que ocorreu " empate por afogamento". No entanto, algumas horas após o término do torneio, constatou-se que o rei não estave afogado, pois poderia capturar o peão do adversário - o que não foi percebido nem pelo árbitro nem pelos jogadores envolvidos na questão no término da partida. Não havendo comitê de apelação, o reclamante entra com recurso junto ao árbitro do torneio, que analisa o caso, e chega a conclusão de que o recurso deveria ter sido exigido no curso da competição e não algumas horas após o término da mesma. 1) O procedimento do árbitro foi correto? 2) Existe a possibilidade do reclamante entrar com recurso junto à diretoria do clube que organizou o evento, objetivando reverter o resultado da partida? 3) O árbitro deve ser punido por não ter percebido que o "rei não esteve afogado"?
Agradeço desde já, sua disposição em nos auxiliar com suas recomendações sempre lúcidas e imparciais.


Respostas:
1) Se o jogador poderia ter capturado o rei com um lance legal não houve pate. Logo o árbitro vacilou, em linguagem de beira de piscina. Mas acertou quando rejeitou a tardia reclamação.

2) Não há a mínima possibilidade de um recurso prosperar. Apos o término do torneio não há o que reclamar. "Dormientibus non sucurrit jus", ou seja, O direito não socorre aos que dormem, é o que diz o aforismo jurídico.

3) Não concordo em que haja punição ao árbitro por ter falhado. Na pior das hipóteses, o Clube poderia exigir que o árbitro fizesse um curso de reciclagem para aprimoramento de suas atuações.

Regra Peça tocada é peça jogada - Intervenção do árbitro

Pergunta 127: Durante uma partida de xadrez rápido, o jogador A toca na torre, mas acaba jogando com outra peça. Ocorre que o adversário está desatento e não percebe, mas o árbitro presencia o fato. Deve o árbitro intervir?

Resposta: Ao contrário de partida jogada no ritmo de mais de 1 hora para cada jogador (clássico ou convencional), o árbitro não deve intervir tendo em vista o disposto na alínea a do apêndice B.5 da Lei do Xadrez.
Tanto no xadrez rápido quanto no relâmpago, o árbitro só deve agir, nos casos da espécie, quando houver solicitação por parte de um dos jogadores.



Regra dos 50 lances - Jogador pode reivindicar empate com base na regra dos 50 lances, em partida de blitz?

Pergunta 128: A regra dos 50 (cinqüenta) lances é valida para a modalidade Blitz?

Resposta: A regra dos 50 lances a que se refere o artigo 9.3."a" da Lei do Xadrez só se aplica às situações em que o jogador reivindicante estiver anotando a partida ou se houver registro dos lances em tabuleiro eletrônico que possa servir de prova para tal propósito consoante o disposto no Apêndice E da Lei do Xadrez.

Conclusão: A regra dos 50 lances só é válida nas competições de xadrez pensado (partidas de mais de 60 minutos para cada jogador) em que a anotação não é facultativa e sim obrigatória, de acordo com o disposto no art. 8.1 da Lei do Xadrez.
A referida regra é inaplicável nas competições em que a anotação é facultativa por impossibilidade lógica e, conseqüentemente, prática.

Nota: Há outro fato também que corroboraria o entendimento acima: os torneios de xadrez rápido e de blitz geralmente têm muitos jogadores e pouquíssimos árbitros, fato que dificultaria ainda mais a arbitragem de tais eventos.

"Art. 8.1 - No decorrer do jogo, a cada jogador é requerido anotar na planilha prescrita para a competição, em notação algébrica (Apêndice E), os próprios lances e os do oponente, de maneira correta, lance a lance, tão claro e legível quanto possível..."

"Art. 9.3 a - A partida está empatada, por uma correta reclamação do jogador que tem a vez de jogar, se
a. ele anota em sua planilha, e declara ao árbitro a intenção de executar o lance, que resultará em 50 lances feitos para cada jogador sem o movimento de qualquer peão ou a captura de qualquer peça, ou
b. ..."

"Apêndice E da Lei do Xadrez: ...Planilhas com outra notação que não seja a algébrica, não podem ser usadas como prova nos casos em que normalmente a planilha de um jogador é usada para tal propósito."

Regras - Os torneios podem ter suas próprias regras?

Pergunta 129: É possível uma Federação organizar torneios válidos para rating FIDE com suas próprias regras (diferentes das regras do FIDE Handbook)?

Resposta: A FIDE não proíbe que as federações filiadas realizem torneios com as suas próprias regras. Ocorre que se essas novas regras colidirem com o disposto no “FIDE Handbook” o torneio não valerá para efeito de rating ou norma de MI e GM FIDE.
É lógico que tais proibições têm um efeito inibidor no poder criativo de dirigentes e árbitros pois quem se arriscaria a realizar um evento FIDE que não vale nem rating nem norma?
Consta do Prefácio das Leis do Xadrez, "in fine",“ que uma federação filiada tem liberdade para inserir regras mais detalhadas, desde que:
a. não conflitem com as Leis do Xadrez oficiais da FIDE
b. limitem-se ao território da federação em questão;
c. não sejam válidas para qualquer competição, campeonato ou evento válido para obtenção de rating ou título FIDE.”


Rei e dama em posições trocadas – O árbitro deve intervir?

Pergunta 130: Depois de iniciada a partida o árbitro nota que o rei do Jogador A está na casa d1 e a dama na casa e1 (posições trocadas). Deve o árbitro intervir?

Resposta: Se a partida estiver sendo disputada no ritmo de mais de 1 hora para cada jogador, o árbitro deverá anulá-la e determinar que a partida seja recomeçada com a correta posição inicial das peças. (art. 7.1 “a”, da Lei do Xadrez)
Se a partida estiver sendo disputada no ritmo de xadrez rápido ou mesmo de relâmpago, o árbitro somente deve intervir se houver uma reclamação de um dos jogadores, feita antes dos 3 primeiros lances. Na hipótese de já terem sido efetuados os três primeiros lances, a partida continuaria na mesma configuração, mas as brancas seriam penalizadas com a perda do direito de roque, conforme o disposto no apêndice B4 da Lei do Xadrez.
“7.1.a - Se durante a partida descobrir-se que a posição inicial das peças estava errada, o jogo deverá ser anulado e, disputada uma nova partida.”
“B4 - Uma vez que cada jogador tenha efetuado três lances, nenhuma reclamação pode ser feita relativamente à colocação incorreta das peças, posicionamento do tabuleiro ou acerto do relógio. Não é permitido rocar no caso de troca de posição de rei e dama."

Rei em xeque - Deixar o próprio rei sob ataque das peças adversárias

Pergunta 131: O que acontece com o jogador que deixa o rei sob ataque das peças inimigas (em xeque)?

Resposta: Estará cometendo lance ilegal e as penalidades mudam de acordo com o ritmo.

Vejamos o que acontecerá com o jogador nas várias modalidades (ritmos):

a) num blitz, perderá a partida se acionar o relógio e o adversário chamar o árbitro reivindicando a vitória;
b) num rápido, será penalizado por ter cometido o lance ilegal e acionado o relógio: o árbitro acrescentará ao relógio do adversário bônus de 2 minutos e determinará que o infrator faça outro lance (legal).
c) num ritmo pensado ou convencional, será apenado pelo árbitro, que intervirá, por ter feito o lance ilegal; além disso o árbitro acrescentará ao relógio do adversário bônus
de 2 minutos e determinará que o infrator faça outro lance (legal).

Reis em xeque - É necessário intervir?

Pergunta 132: O que acontece quando o árbitro observa que numa partida de xadrez rápido os 2 reis estão em xeque? Deverá intervir ou deve fingir que não viu?

Resposta: Num torneio de xadrez rápido, se o jogador fizer um lance deixando o seu rei ‘em xeque’ e acionar o relógio, o árbitro não pode intervir, porque isso é para ser dirimido entre os dois jogadores envolvidos na disputa.
Mas, se o árbitro observar que os dois reis se encontram ‘em xeque’ deverá, nessa absurda situação, intervir imediatamente, consoante o disposto no apêndice B6.
Anteriormente, a lei era omissa nesse sentido e os árbitros deixavam a partida ter continuidade mesmo que ocorressem sucessivos lances ilegais, sem que houvesse reclamação por parte dos jogadores envolvidos na disputa.
”Apêndice B6 - ... Entretanto se ambos os reis estão em xeque ... o árbitro deverá intervir



Rei em xeque – Quando está completo o lance ilegal?

Pergunta 133: Partida de xadrez relâmpago. Ambos os jogadores estão em apuro de tempo. O jogador "A" move uma peça deixando o seu próprio Rei em xeque, mas não aciona o relógio. No momento em que está retornando a peça para a sua posição original, o jogador "B" acusa a ocorrência de "lance impossível" - o que obviamente, em se tratando de partida decisiva - última rodada, mesa 2 - quebra a concentração do jogador A, que após alguns segundos, pára o relógio e chama o árbitro informando a irregularidade da ação de seu adversário. Qual deve ser o procedimento do correto do árbitro?

Resposta: No blitz (e rápido tb) o lance ilegal só está completo após acionamento do relógio.
É o que está escrito nos apêndices B6 e C3. O jogador B precipitou-se ao acusar lance impossível.
Claro que perturbou o adversário e isso não é permitido pelo art. 12.6 da Lei.
Conclusão: Com base no art. 12.7, o árbitro deveria aplicar ao jogador B uma das penalidades previstas no art. 13.4 da Lei.

”Apêndice B6 - Um lance ilegal está completo assim que o relógio do oponente for posto em movimento. O oponente tem então o direito de reclamar que o jogador completou um lance ilegal, desde que não tenha feito seu lance...”
”Apêndice c4 - Um lance ilegal está completo assim que o relógio do oponente for posto em movimento...”



Rei e cavalo versus rei nu - O árbitro pode decretar empate se as duas setas ainda estão em pé?

Pergunta 134: Num torneio de xadrez rápido, restando 10 minutos para terminar a partida, brancas com rei e cavalo; pretas com rei e com apenas 1 minuto. O jogador com as brancas queria ganhar a partida pelo tempo. Qual o procedimento correto do árbitro nesta situação ?

Resposta: A partida está empatada porque nenhum dos jogadores tem material suficiente para dar mate. podendo o árbitro intervir no andamento da partida, com base no disposto no art. 1.3 da lei do xadrez.

Art. 1.3 - Se na posição alcançada nenhum dos jogadores tem xeque mate possível, a partida está empatada.

Rei e peão de torre versus rei nu - o árbitro pode decretar empate se cair a seta do jogador com o rei nu?

Pergunta 135: Num torneio de xadrez pensado, o tempo do meu adversário esgotou-se, e na posição final eu estava com rei e o peão da coluna "a" e o meu adversário estava com o rei nu. Ocorre que o árbitro decretou empate dizendo: - A regra é clara! Se não houver condição de xeque-mate é empate! No meu pensar, fui prejudicado. Não foi errada a decisão do árbitro?

Resposta: A partida está empatada quando se alcança uma posição em que o xeque mate não pode ocorrer por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo com o mais inábil contra-ataque. Isto imediatamente termina a partida desde que o lance produzindo esta posição seja legal. Isto é o que diz o art. 9.6 da Lei.

A regra é clara: se caiu a seta do jogador, ele perde a partida a não ser que o adversário não tenha material para dar mate.
No caso em questão, o adversário tem rei e peão, material suficiente para dar mate.
Conclusão: A decisão do árbitro não foi correta.

Relatório - Envio por email - torneio valendo rating FIDE e/ou CBX

Pergunta 136: É possível enviar por e-mail relatório de torneio válido para rating FIDE e/ou CBX?

Resposta: Atualmente é a única maneira de se encaminhar para a CBX relatório de torneios válidos para rating FIDE ou CBX. O árbitro com a anuidade de árbitro em dia poderá enviar e-mail para o Vice Presidente Técnico CBX (bento@cbx.org.br) com as informações contidas no item 12 do Regulamento de Torneios Oficiais da CBX.
Vide site da CBX http://www.cbx.org.br/_site/index.php?cbx=reg_torn



Relógio - Esquecimento de acionar o pino do relógio - Intervenção do árbitro

Pergunta 137: O jogador faz o seu lance, mas esquece de acionar o pino do seu relógio.
Pode o árbitro interferir alertando o jogador?


Resposta: Esta é a famosa regra ‘boomerangue’.
A nova lei (art. 13.6) volta a proibir o árbitro de avisar que o jogador esqueceu-se de acionar o pino do seu relógio porque existe proibição expressa.
Anteriormente a julho de 2005, ficava a critério do árbitro avisar ou não, que o jogador esqueceu-se de acionar o pino do seu relógio.
Assim, se o jogador fizer o lance e não lembrar de acionar o relógio, é vedado ao árbitro intervir na partida. Isso passa a ser problema dos jogadores envolvidos na disputa.

"Art. 13.6 in fine ) - O árbitro deverá abster-se de informar ao jogador que seu oponente fez um lance, ou que o jogador não acionou o pino do relógio."

Relógio – Acionamento do relógio com a peça capturada - Decisão do árbitro

Pergunta 138: Pode ser considerado como infração, o acionamento de relógio enquanto o jogador segura a peça que acaba de capturar, às vezes até utilizando essa peça para bater no relógio ?

Resposta: Infelizmente, é comum, principalmente, nos apuros de tempo, o jogador acionar o relógio batendo no pino com a própria peça capturada.
Este procedimento constitui-se em infração à Lei, mas costuma ser tolerado pela arbitragem.
Em geral, o árbitro prefere não interferir em tais casos, deixando a partida fluir.
Conclusão: quando apropriado, a lei faculta ao árbitro a aplicação de penalidades (art. 13.4).
Mas, para faltas leves, pode-se aplicar, por exemplo, uma advertência.


Relógio – Blitz – Jogador responde lance antes do adversário acionar relógio

Pergunta 139: No blitz, pode-se utilizar o tempo do adversário para fazer o lance, ou seja, brancas fazem o lance e no intervalo de tempo em que terminam o lance e acionam o relógio, podem as negras responder ao lance antes de seu relógio ser acionado?

Resposta: É bastante complicada a arbitragem de partidas de blitz, ainda mais porque em torneios desta modalidade, há muitos jogadores e poucos árbitros.
Além disso, os jogadores costumam jogar em grande velocidade nos apuros de tempo, o que obriga o árbitro a manter alto estado de concentração e stress.
Nas competições de blitz nem sempre os jogadores obedecem rigorosamente a lei e respondem lances
antes mesmo de o seu adversário haver terminado a jogada, consoante o disposto no art 4.6. É claro que o árbitro deve coibir os excessos, advertindo os jogadores que perturbarem o adversário, não o deixando complementar a jogada. Também devem ser coibidas as situações em que o jogador “metido a esperto” não permita que o adversário acione o relógio (mantendo a mão no pino do relógio acintosamente).

Relógio – Bater no relógio com força desproporcional

Pergunta 140: O jogador no apuro de tempo pode dar pancada no relógio com força?

Resposta: Cometem essa heresia julgando que estão poupando tempo de seu relógio. É um ledo engano! Grandes Mestres costumam acionar suavemente o pino de seus relógios em grande velocidade, nas situações de apuro de tempo. No popular: 'porrada' no relógio, pode irritar o adversário, todavia põe mais em risco a saúde do próprio infrator. Diz a lei do xadrez (art. 6.8 "c") que os árbitros devem intervir e punir o jogador que cometer esse tipo de infração. Mas nem sempre tal intervenção acontece e quem mais sofre com isso é “Caissa”, a deusa do xadrez.

Relógio - Quem escolhe o lado onde fica o relógio na "morte-súbita"?

Pergunta 141: Aqui na nossa Federação decidiu-se que, em caso de empate após no primeiro lugar, será disputada mais uma partida, sendo que as brancas jogam com 6 minutos e as negras com 5 minutos, estas com direito ao empate. Quem escolhe o lado do relógio? As negras, por que estão com menos tempo, ou as brancas por que têm que ganhar?

Resposta: Segundo está definido no capítulo que trata das regras para competição, da Lei do Xadrez, quem determina a posição do relógio é o árbitro, consoante o disposto no artigo 6.4.
Interessante ressaltar que é costume, em todos os continentes, as pretas escolherem o lado onde ficará colocado o relógio. E isso se deve ao conjunto de normas não escritas - que seguem à boa razão - consagradas pelos usos e costumes (direito consuetudinário). E os árbitros, em geral, têm respeitado esta convenção.
”Art. 6.4 - "Antes do início da partida cabe ao árbitro decidir onde o relógio é colocado."

Relógio "nemo auditur propriam turpitudinem allegans"

Pergunta 142: Numa competição por equipes pode o técnico (capitão da equipe) reclamar, após a queda de seta do seu pupilo (brancas) , argumentando que o árbitro deve deixar a partida continuar depois de cumprir o rito legal (conceder mais tempo de reflexão para as brancas), uma vez que a seta do relógio do jogador apresenta defeito (segredo que era apenas do seu conhecimento) e cai antes do previsto? Quais as chances de um eventual recurso merecer provimento?

Resposta: O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta, não só durante as tratativas, como anteriormente. Isso vale para jogadores, técnicos e outras partes numa competição esportiva.
Guarda relação com o princípio geral de direito sobre o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. Trocando em miúdos (pegando carona em trecho de letra de música de Chico Buarque e Francis Hime), o técnico não pode valer-se de seu conhecimento prévio de que um relógio apresenta defeito e, diante da ocorrência de defeito durante o jogo, tentar usar isso para beneficiar o seu discípulo. Teria agido de boa-fé se tivesse dado prévio conhecimento ao árbitro do defeito do equipamento (de propriedade do seu próprio pupilo), mesmo porque referido defeito poderia prejudicar o adversário de seu pupilo.
É claro que, tendo prévio conhecimento do defeito, o árbitro agregaria ao relógio defeituoso, fração de tempo, como forma de compensação, consoante o disposto no art. 6.11 da Lei do Xadrez.
Mas fica configurada a má fé se o indivíduo der conhecimento do fato à arbitragem após a ocorrência da queda de seta e valer-se disso para beneficiar alguém.
Conclusão: O árbitro não poderá mudar o resultado da partida aceitando a absurda reclamação porque estaria cometendo verdadeira arbitrariedade.
E recursos desta natureza não prosperam.
A questão acima é hipotética e qualquer semelhança com situações reais é mera coincidência.

Relógio digital - Anotação dos lances durante toda a partida - obrigatoriedade

Pergunta 143: Num torneio disputado com relógio digital no ritmo de 1h:30 para toda a partida + bônus de 30 segundos para cada lance executado a partir do 1º lance, pode o jogador deixar de anotar quando lhe faltar menos de cinco minutos para o final (apuro de tempo)?

Resposta: É obrigatória a anotação durante toda a partida face ao disposto no art. 8.4 da Lei do Xadrez . Além disso, os jogadores, consoante decisão do Comitê de Regras da FIDE, não podem se valer da prerrogativa contida no art. 10.2 da Lei do Xadrez (vide 6ª Questão).
"Art. 8.4 - Quando o jogador tiver menos de cinco minutos em seu relógio (também não recebe bônus de 30 segundos ou mais após cada lance) ele não é obrigado a atender aos requisitos do Artigo 8.1. Imediatamente após a queda de uma das ‘setas’ o jogador deve atualizar a sua planilha antes de mover uma peça no tabuleiro."

Relógio Digital Incremento de segundos por lance funciona apenas para um dos jogadores?

Pergunta 144: Numa partida jogada com relógio digital, um dos jogadores ajusta o relógio, mas esquece de registrar o incremento por lance. Somente após o término da partida após zerado o relógio do jogador das brancas, com planilhas assinadas e entregues para o árbitro, é que se constata o erro. Deve o árbitro determinar o reinício da partida?

Resposta: Se a falha for detectada durante a partida, o jogador deve chamar o árbitro para verificar a ocorrência e ajustar o relógio, registrando o incremento. Encerrada a partida e uma vez assinadas as planilhas não há o que se reclamar.
Conclusão: Não poderá o árbitro determinar o reinício da partida.

Relógio Digital - Partidas com bônus como são conceituadas?

Pergunta 145: Partidas com bônus, jogadas com relógio digital, quando são conceituadas como xadrez normal, rápido ou blitz?

Resposta: O Comitê de Regras da FIDE incorporou ao texto da nova lei, em vigor desde 1º de julho de 2005, o que foi decidido no Congresso de Bled sobre o assunto:

Apêndice B1: Se o controle de tempo principal + 60 vezes qualquer incremento ficar dentro do intervalo de 15 a 60 minutos, a partida será considerada como xadrez rápido.

Apêndice C1: Se o controle de tempo principal + 60 vezes qualquer incremento ficar num intervalo de tempo inferior a 15 minutos, a partida será considerada como blitz.

Logo se o controle de tempo principal + 60 vezes qualquer incremento ficar num intervalo de tempo superior a 60 minutos, a partida será considerada como xadrez pensado, ou convencional, ou clássico.

Relógio Digital – Eventos com uso de relógios digitais (incremento) e relógios mecânicos

Pergunta 146: Pode o organizador realizar evento com diferentes ritmos de jogo. Por exemplo: para as 20 primeiras mesas, o ritmo será de 1h30 + incremento de 30 segundos por lance. Nas demais mesas, o ritmo de jogo será de 2h ko, com relógio mecânico?

Resposta: Há equivalência entre os ritmos e, portanto, o evento será válido para rating FIDE. Vários organizadores de eventos no continente utilizam, em torneios válidos para rating FIDE, relógios digitais e mecânicos, quando não há relógios digitais suficientes para todas as partidas.

Relógio digital indica qual das setas caiu anteriormente - Árbitro decide com base no Art. 10.3 ou Apêndice B8, da Lei do Xadrez?

Pergunta 147: Em partida de relâmpago, jogando-se com relógio digital, o que acontece se ambos mostradores zerarem? Evidentemente, por ser digital, o relógio vai estar indicando qual relógio zerou primeiro, mas o jogador só acusou depois de ambos mostradores estarem zerados.

Resposta: Essa questão tem sido objeto de muita discussão no mundo inteiro.
Ocorre que, de acordo com o apêndice B9 da Lei do Xadrez, se ambas as setas estiverem caídas quando um dos jogadores acusar - pois o árbitro tem de se abster disso - a partida está empatada mesmo que fique evidente qual seta caiu primeiro.
Isso vale tanto para rápido quanto para blitz, com relógio mecânico ou digital.

No xadrez normal, todavia, a partida somente estará empatada se for impossível estabelecer-se qual das setas caiu primeiro, conforme está explícito no artigo 10.3 da Lei do Xadrez. E quando a partida é jogada com relógio digital a tarefa do árbitro fica bem mais fácil.

6.12 - A partida está empatada se ambas as setas estiverem caídas e for impossível estabelecer-se qual delas caiu primeiro.
”Apêndice B8 - Se ambas as setas estiverem caídas a partida está empatada.”

Relógio Digital - Os novos relógios eletrônicos e suas 1001 utilidades - O que fazer quando a pilha falha e o relógio zera?!

Pergunta 148: Lendo as especificações técnicas dos relógios eletrônicos, descubro que funcionam com 4 pilhas AA e têm autonomia para 500 horas de jogo. Veio-me então a seguinte dúvida, curiosa, mas não absurda: em meio ao apuro de tempo, partida sendo decidida lance após lance... eis que de repente a pilha acaba!!... relógio zerado, nada funciona, pane!

Resposta: A exemplo do relógio mecânico, o relógio digital deverá ser substituído em caso de defeito e o árbitro deverá valer-se de seu bom-senso quando ajustar os tempos a serem mostrados pelos ponteiros (display) do relógio que substituirá o que apresentou defeito (que falhou na chamada hora H), consoante o disposto no artigo 6.11 da Lei do Xadrez.


Relógio Digital - Qual é a diferença entre os Métodos Fischer e Bronstein?

Pergunta 149: Já que estamos falando sobre relógios eletrônicos, qual é diferença entre os métodos Fischer e Bronstein?

Resposta: O método Fischer proporciona aos jogadores tempo adicional para cada lance executado, que é devidamente acrescentado ao tempo principal.
Exemplificando: se o ritmo é de 30 minutos (tempo principal) com bônus de 10 segundos para cada lance, sempre que o jogador fizer um lance receberá mais 10 segundos, que automaticamente são acrescentados ao seu tempo principal.
Isso significa que, se o jogador fizer 5 lances rapidamente, 50 segundos extras serão acrescentados ao seu tempo principal e com isso, depois dos 5 lances, terá mais tempo do que dispunha quando começou a partida.
No método Bronstein os jogadores também ganham tempo adicional. Mas a acumulação de tempo não é possível e o jogador pode perder parte do bônus de tempo.
Exemplificando: se o primeiro lance for jogado depois de 4 segundos, os outros 6 (segundos) serão perdidos. Ou seja, no andamento da partida o jogador nunca terá mais tempo do que possuia no início da partida. Não há acumulação como acontece no método Fischer.
O Presidente do Comitê de Arbitragem da FIDE, AI Geurt Gijssen, é um dos maiores entusiastas do método Fischer. Na opinião dele, o método Fischer reduz o número de conflitos praticamente a zero. Jogadores que alcançam vantagens decisivas sempre vencem as partidas.

Relógio Digital - 'Time-Delay', o que significa isso?

Pergunta 150: Uma dúvida sobre o uso de relógios eletrônicos. No caso de torneios com sistema nocaute, é permitido o uso de 'time delay'? A critério do árbitro ou dos jogadores? Pelo que sei, a Federação Americana regulamentou sobre isso, permitindo o delay de até 5 segundos. Existe no Brasil alguma regulamentação especial sobre relógios eletrônicos?

Resposta: Em algumas cidades brasileiras são realizados torneios, com relógios digital, geralmente no ritmo de 1h30 para cada jogador com bônus de 30 segundos por lance (modo Fischer), mas o ‘time delay’ é igual a zero.
Acredito que somente nos Estados Unidos sejam realizados torneios com relógios digitais em que se use a opção 'time delay'.
E talvez somente lá seja regulamentado o limite de 5 segundos de ‘time delay’ para torneios válidos para rating.
O jogador faz o lance, aciona o relógio e o tempo principal do adversário só começa a escoar depois de gastos os 5 segundos ('time delay’).
Na prática, funciona como uma pausa de cinco segundos, para facilitar o inicio da concentração.
A CBX não editou nenhuma norma específica sobre partidas com o uso de relógio digital, visto que endossa a regulamentação estabelecida pela FIDE.

Repetição de posição - Reivindicação de empate porque uma mesma posição apareceu no tabuleiro pelo menos por três vezes

Pergunta 151: Numa partida um dos jogadores reivindica empate ao árbitro porque a mesma posição apareceu no tabuleiro pela terceira vez. Deve o árbitro decretar o empate mesmo se a partida não estiver sendo anotada?

Resposta: O árbitro tem de decretar o empate se ficar comprovado que a mesma posição acaba de aparecer por pelo menos três vezes, não necessariamente por repetição de jogadas, se o jogador que fez a reclamação tiver a vez de jogar.(art. 9.2 da Lei do Xadrez)

Para tanto, servem de prova:
a) as planilhas de anotação da partida;(prova fundamental)
b) se a partida estiver sendo gravada por meio de tabuleiro eletrônico;
c) o fato de o árbitro ter presenciado a partida no momento da repetição;

Ocorre, na prática, que nas competições de xadrez rápido, ou mesmo de blitz, geralmente ninguém anota as partidas; além disso nem sempre há o acompanhamento da partida por um árbitro. E se árbitro não estiver absolutamente convicto da repetição (dúvida razoável devido a divergência entre os jogadores), a reivindicação não pode ser aceita e a partida portanto deve continuar.

“Art. 9.2 - A partida está empatada, após uma reclamação correta do jogador que tem a vez de jogar, quando a mesma posição, por pelo menos três vezes (não necessariamente por repetição de jogadas)
a. está por aparecer, se ele primeiro anota seu lance na planilha e declara ao árbitro a sua intenção de fazer o referido lance, ou
b. acaba de aparecer, e o jogador que reivindica o empate, tem a vez de jogar.

As posições conforme (a) e (b) são consideradas idênticas, se o mesmo jogador tem a vez, peças do mesmo tipo e cor ocupam as mesmas casas, e as possibilidades de movimento de todas as peças dos dois jogadores são as mesmas.
As posições não são idênticas se um peão que pudesse ter sido capturado ‘en passant’ não mais pode ser capturado ou se o direito de rocar foi alterado temporária ou permanentemente.”


Repetição de posição - Reivindicação de empate por repetição da posição - o tempo do reclamante fica correndo no período da verificação, ou o árbitro mantém o relógio parado?

Pergunta 152: Quando o jogador reivindica empate por repetição da posição por pelo menos 3 vezes, o árbitro vai verificar as anotações dos jogadores para ver se realmente a reclamação está correta. O tempo do reclamante fica correndo neste período ou o relógio fica parado?

Resposta: Para reclamar empate, com base nos Artigo 9.2 e 9.3, o jogador deverá, imediatamente, parar os relógios e chamar o árbitro, que, então verificará as planilhas mantendo o relógio parado. É claro que se a posição estiver por aparecer, o reivindicante primeiro deverá anotar seu lance na planilha e declarar ao árbitro a sua intenção de fazer o referido lance.
Se a reclamação for correta, a partida será imediatamente considerada empatada. Todavia, se a reclamação for considerada incorreta, o árbitro antes de acionar o relógio para continuação da partida, adotará o seguinte procedimento:
a) adicionará 3 (três) minutos ao relógio do oponente; e,
b) se o reclamante tiver mais de 2 minutos no seu relógio, deduzirá metade do tempo restante do tempo do jogador reivindicante, até um máximo de três minutos. Se o jogador reivindicante tiver mais de um minuto, mas menos de dois minutos, seu tempo remanescente passa a ser de um minuto. Por outro lado, se o jogador reivindicante tiver menos de um minuto, o árbitro não poderá fazer qualquer ajuste no relógio. A partida deverá prosseguir, normalmente, e o lance pretendido deverá ser executado. Esse é o ritual estabelecido na lei do xadrez.
Conclusão: Os dois relógios devem ficar parados enquanto o árbitro efetua as verificações.


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