sábado, 14 de março de 2009

181- Reflexões Pós Sexta-Feira 13

Cá estou escrevendo, o relógio marca (lembro do saudoso Waldir Amaral mas preferia o "imparcial" Jorge Cury!) 05:45, dia chegando, clareando. Noite mal dormida, passando mal, vômitos, coisas de fígado. Tudo após uma sexta-feira de muitas reflexões, recebendo telefonemas de amigos enxadristas cujas conversas foram inevitavelmente o momento que se está passando no xadrez do Rio. Dois telefonemas defendiam apaixonadamente, cada lado da moeda. Um amigo, muito querido, apresentava a tese de que o Presidente da Fexerj é vítima de um movimento vingativo elaborado pelo ex-Presidente da CBX, Dr. Sérgio de Freitas, num discurso quase beirando a idolatria. O outro telefonema, oposição ferrenha, com discurso igual a de chefe de torcida organizada. Com ambos não fiquei satisfeito aos meus questionamentos de ordem estritamente jurídica (sou um neófito na matéria, quero ouvir muito, ler e aprender), construídos numa roda de chopp que participei com cinco advogados militantes de entidades de classe, onde evidentemente perguntei muitas coisas. Em ambos percebi apenas discursos passionais, eivados de sentimentos de amizade por um lado e vislumbre de mudança de poder no outro.
E a verdade? proliferam nos blogs uma dialética jurídica rasa. Há afirmações expressas com segurança de quem não são advogados e contestações superficiais de quem são. Vejamos um exemplo retirado do blog Xadrez Carioca. São postagens de dois próceres da Situação x Oposição. Antes coloco o artigo do CC que fundamentou a convocação da AGE (ver postagem anterior deste blog). Os grifos são meus:

Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la

BloggerMarcelo disse

O referido Art 60 do CC de 2002 (interessante é que ele é valido,mesmo que os Estatutos nao estejam a ele adaptados) diz que 20% dos clubes tem o direito de REQUERER uma convocacao, na forma do Estatuto, convenientemente esquecido. Posso citar até mais de um livro de Direito Civil comentado, sobtre o assunto (e sou LEIGO!). O procedimento ABSOLUTAMENTE LEGAL, creio seria protocolar este requerimento entregue, preferencialmente por carta registrada com AR (nao esquecamos por exemplo,que foram aonde a FEXERJ funciona. E como fariam no caso da CBX que nao tem sede física?). Se uma AGE nao fosse convocada dentro de um prazo legal (esta seria minha dúvida,qual?), estaria configurada a violacao da lei em vigor, sendo tomadas outras medidas.

BloggerXadrez Opinião disse...

Na AGE os clubes conversarão melhor, Marcelo.

A Hebraica-Rio ainda tem muito a contribuir.

De qualquer forma, se respeitou o Estatuto e a legislação civil.

Blanco

Bom, o Einhorn, leigo confesso na matéria, prestaria um serviço informativo essencial à massa ignorante (na qual me incluo), citando autor e página das fontes doutrinárias que ele consultou. Para a plebe ignara a letra da lei é clara como água. Do contrário, seu post equivale a uma opinião de que Toró é melhor do que Ibson. Por outro lado, Blanco prestaria igual serviço (ainda mais que é advogado) dando-nos uma aula de por que o leigo está equivocado. Sua resposta equivale a dizer que Pimpão joga bem e pronto.


E por aí, vai. Como oposicionista independente e não atrelado a nenhum rebanho ando refletindo. Leio com atenção as ponderações de todos, do valoroso advogado Kemper ao tão somente interessado em jogar xadrez Joca de Deus (aparecerei na praça, Joca!). As questões jurídicas envolvidas não são simples mas as afirmativas jurídicas apresentadas ou são rasas ou têm equívocos inerentes ao orgulho e paixão (ou má fé) dos leigos e doutores. Se fala demais na questão do registro de documentos mas a obrigatoriedade do ato(de registrar) é diretamente proporcional à produção dos efeitos perante terceiros (por exemplo, banco Itaú requere registro de ata eletiva para efeito de movimentações financeiras da entidade. A propósito, como a Federação consegue movimentar recursos, visto esta exigência?). A dimensão e relevância deste interesse de terceiros (ou dos associados) é que daria maior ou menor força à acusação de INÉPCIA administrativa da diretoria. Agora, perante a CBX ou perante a nós da coletividade o presidente da Fexerj não é presidente porque em si a ata não foi registrada? eu como ignorante tenho minhas sérias dúvidas...Ora, se não houve vício substantivo (ou houve?) da assembléia que o elegeu, fez-se a vontade da maioria associada que votou. Doutores me ajudem!!

Sou oposição, creio que a produção enxadrística do amado xadrez do Rio está muito aquém do que poderia. Mas não acho que a Federação seja a única responsável. A questão é sistêmica, estrutural, como já escrevi. Lembro de uma entrevista com o Leonardo, ex-lateral do Flamengo e hoje diretor do Milan. Ele disse que qualquer um (ele, Zico) não poderia fazer muita coisa se fosse presidente do Flamengo porque as estruturas existentes não deixam. É por aí.

Voltando lá em cima na tese do meu querido amigo. Não acho que um movimento de vingança confederativo tenha sido a única mola propulsora das ações que visam à mudança de comando na Fexerj. Isso seria subestimar insatisafações com a Federação já acumulada há alguns anos (o que a CBX tem a ver com o último Torneio de Mestres ou com o descaso progressivo ao Interclubes?). Pode estar ajudando mas é mais efeito do que causa. E ninguém é criança. Quando se toma determinadas atitudes (ainda mais como mandatário de uma coletividade) tem que se considerar as consequências. E o que foi feito em 29/12 foi fruto de um ato individual e individualmente deve ser arcado. Responsabilidade calculada e assumida.

E também não está com nada esta polarização muito esperta em cima do Arruda. O Arruda não é prócere do genuíno movimento de oposição do xadrez no Rio. Enquanto a ALEX lutava, Arruda era aliado, enquanto eu entrevistava o candidato Giovanni Vescovi neste blog, durante a campanha da CBX , o resto era só silêncio. Arruda só se manifesta em seu blog sobre CBX (de forma até bajuladora) após a anunciada vitória de Pablyto.

As circunstâncias fizeram Arruda se juntar à oposição. Qualquer polarização existente é entre as pessoas Barata e Arruda não entre atual gestão diretiva da federação e desejos de mudanças na gestão diretiva (chamada OPOSIÇÃO).

Concordo de coração com o Kemper. O Barata deveria tirar o time de campo e cuidar mais da saúde, da família e da empresa. Mas, conhecendo-o sei que mais do que nunca ele quer ficar e mostrar um bom trabalho (como disse o Einhorn: "cutucaram a onça com vara curta"). O novo sítio da federação, em parte, mostra isso. A sinergia de realização desta gestão da federação sempre foi em função de críticas e crises, o que não é um indicador positivo. Nunca se adiantaram às críticas e crises. Profilaxia muito pequena.


Bom, o relóooooogio maaaaaaaaaaaaarca (Indivíduo competente o Maiakowsky, rs, diria Waldyr Amaral. Mas prefiria o Jorge Cury! Era assim as narrações: "gol do Vasco, Roberto Dinamite" GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL, ZIIIIIIIIIIIIIIICOOOOOOOOOO!!". rs) 07:50. Teclar com dois dedos e as pausas para pensar causaram a delonga.


Vou mimir, deu sono!


3 comentários:

MI-AF Eduardo Arruda disse...

Maia o Arruda realmente não é oposição e nem pensa em ser, para se ser oposição tem entre outras coisas alem de pleitear mudanças, querer estar no poder e não quero nem tenho pretensões, nem teria me metido nesse movimento se não tivesse tido o cargo de Presidente do TJD, que tomou uma decisão que acredito correta.
Bem em tempos passados, quando presidente da FEXERJ e com o apoio da ALEX, com o EDWARD DE FREITAS TROUTMAN sendo meu VPT, tivemos um desentendimento, em razão de eu apoiar uma proposta da oposição, ora a proposta era muito melhor que a nosso e traria melhores proveitos para a FEXERJ, pq eu deveria votar contra?
Eu posso ter milhões de defeitos, mais gosto de xadrez, e não era aliado do Barata, tanto que na ultima AG, tive varias propostas contrarias a ele, apenas fora da Ag, nunca tentei destruir e sempre que podia ajudava em algo, como sempre que der ajudarei, e não estou bajulando o Pablyto, realmente acho que ele começou fazendo coisas boas.
Por exemplo no ultimo torneio da ALEX, eu queria ajudar, da mesma maneira que ofereci ajuda para o seu circuito, e fui repreendido por esses dois atos, por um dirigente.
Polarizar em cima de mim, é realmente sem sentido, pois meu objetivo, é fazer cumprir a decisão do TJD, tudo o mais é intriga.
Se os documentos da FEXERJ estivessem em ordem não teria a decisão do TJD e eu não teria me metido nesse movimento.

Bem, só tenho uma pergunta, cadê a Ata registrada da eleição de 2008?

MF Eduardo Arruda

XADREZ CARIOCA disse...

Caro Maia,

no meio de tanta lama um pouco de sensatez é líquido balsâmico.

Parabéns!

AMORIM

Kleber Victor disse...

Senhores, para respirar novos ares,nesses tempos de trevas e ranger de dentes, sugiro a leitura do Blog do Sergio Melo, http://bloguinhodomelo.blogspot.com/, onde ele continua a sua saga Quixotesca contra o "Monstro devorador de verbas públicas" que se tornou a Federação Paulista.
As Denúncias contra a Fexerj mereceram dele 3 artigos,dos quais reproduzo o último a seguir. "Os maus augúrios do Remo, Beisebol e Xadrez"
Foi-se a sexta-feira 13 de março, e aquela personagem mal-amada, ícone do mau agouro, passou incólume, como se previa.

Se, como afirmei no post anterior, o protagonista da famosa série do cinema sobreviveu a quantas marteladas e tijoladas, o nosso exemplo de predador do Xadrez tupiniquim não fez por menos: superou incólume até um propalado atentado terrorista. De autoria, quem sabe, d'alguma célula do Comando Vermelho com up-grade iraquiano.

A realidade é que figuras deste gênero, os paladinos do decoro, não são fáceis de serem batidas. Seus espermatozóides geram filhotes em tudo quanto se conhece de entidades-mãe do mundo esportivo deste Brasil.

Com maior ou menor competência, com maior ou menor desfaçatez ou caradurismo, apegam-se cada qual a seu território como urubus na preservação de sua ninhada. E tudo desinteressadamente, apenas no anseio do trabalho não-remunerado para o desenvolvimento do esporte.

Assim acontece na questionada confederação do Remo, empanturrada com os $ 1 milhão e oitocentos mil reais advindos da Lei Piva. Assim como acontece também na confederação do Beisebol, agora indiciada pelo Ministério Público por desvios de verbas do COB.

Seus predadores estão lá há dezenas de anos, imbuídos da missão cívico-social de cevar-se nos cofres públicos.

São resistentes como aquele inseto ortóptero da família dos Blactídeos, praga importuna em todas as regiões, capaz até - dizem os entendidos - de sobreviver à irradiação atômica. Popularmente conhecido, entre outros nomes, como barata-cascuda, tem todavia seus pontos fracos: de hábitos noturnos e escusos, fogem da claridade e da transparência; e manifestam horror também a ambientes com agentes dedetizadores. Como o de certas assembléias.
Sergio melo

Abraço, Kleber Victor