sexta-feira, 14 de novembro de 2008

125- Questões de Arbitragem XVI (A promoção do peão)

Posição Morta - O que são Posições conceituadas como Mortas?

Pergunta 98: Quais são as situações conhecidas como "posições mortas" especificadas nas leis de xadrez da FIDE?

Resposta: Posição morta é aquela em que nenhum dos dois jogadores pode dar xeque-mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances leais. Nesta definição está incluída a situação em que nenhum dos jogadores tem material para dar mate. E isto acontececendo, a partida está empatada de acordo com o disposto no art. 5.2.”b” da Lei do Xadrez.

As situações clássicas são: Rei contra Rei; Rei contra Rei e Cavalo; Rei contra Rei e Bispo; Rei e Bispo contra Rei e Bispo de mesma cor de diagonal.

Nota: Existem posições mais complicadas envolvendo mais peças que também podem ser enquadradas como posição morta, como por exemplo: Brancas - Rd2, a2, b3, c4, d5, e6, f5, g4, h3; Pretas: Rd8, a3, b4, c5, d6, e7, f6, g5, h4, Bh5, Tb7, Ta6 (Uma imensa cadeia de peões dividindo o tabuleiro em dois mundos incomunicáveis: uma verdadeira aberração enxadrística).

Art. 5.2. “b” - a partida está empatada quando aparece uma posição em que nenhum dos jogadores pode dar xeque- mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais.Diz-se que a partida terminou numa 'posição morta'. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição.

Problemas de saúde - Decisão esdrúxula

Pergunta 99: Numa partida pensada, o jogador A, de brancas, está claramente ganho (com material a mais), no entanto, está apurado no tempo. O adversário, todavia, tem muito mais tempo e parece disposto a continuar a partida. Ocorre que o jogador A, por problemas de saúde, deseja ausentar-se do recinto, mas não o faz, pois tudo indica que se o fizer perderá a partida no tempo, pois o jogador B certamente continuará à mesa. Como o jogador B não abandona, o arbitro declara a vitória do jogador A, o que demonstra claramente que está ciente da deficiência de saúde do jogador A. Isso é correto?

Resposta: A lei traz em seu bojo um elenco exaustivo de hipóteses em que a partida está terminada (são só aquelas e mais nenhuma) e a situação acima descrita não se enquadra em nenhum dos casos. Logo a decisão do árbitro carece de embasamento legal consoante o disposto no art. 13.6 da Lei do Xadrez.

Conclusão: Entendo ser incorreta a decisão do árbitro eis que agiu sem isenção, com abuso de autoridade, transgredindo, por conseguinte, o código de ética da FIDE.
"Art. 13. 6 - o árbitro não deve intervir numa partida, exceto nos casos previstos nas Leis do Xadrez."

Promoção – Mas, a dama não está disponível?

Pergunta 100: Como devem proceder o árbitro e o jogador quando o jogador que vai promover o peão escolhe por Dama, e se sua Dama ainda está no tabuleiro e não tem outra disponível no momento?

Resposta: O jogador deve parar o relógio e pedir ajuda do árbitro se a peça escolhida, a dama, não estiver disponível. Isso é o que está escrito no art. 6.12, alínea b, da lei do xadrez.
E a partida só poderia ser reiniciada depois que o árbitro entregasse ao jogador uma dama (a peça escolhida) para substituir o peão.
Isto porque o jogador não mais teria o direito de jogar o peão (coroado) para outra casa.
Se jogar o peão, como se fosse dama, estaria efetuando um lance ilegal e seria penalizado pelo árbitro.

Promoção – Mas, o peão ainda está na sétima? ? ? ?

Pergunta 101: O jogador A, na iminência de uma coroação, e ainda mantendo sua dama no tabuleiro, percebe que não há uma segunda dama ao redor da mesa, e, por essa razão paralisa o relógio quando o seu peão atinge a sétima casa. O adversário, imediatamente, acusa irregularidade da ação, alegando que o peão deveria estar já na oitava casa para que o jogador pudesse parar o relógio. Qual deve ser o procedimento do árbitro?

Resposta: O ritual correto para a promoção é o estabelecido no art. 3.7 “e” da lei do xadrez. Quando o peão alcança a última casa da coluna, deve ser trocado, como parte de uma mesma jogada, por uma nova dama, torre, bispo ou cavalo, da mesma cor. Logo, o jogador deve mover o peão para a casa de coroação e substituí-lo pela peça escolhida.
Ocorre que, muitas vezes, a peça a ser coroada não está disponível. Se a peça escolhida não estiver disponível, o jogador deve parar o relógio e chamar o árbitro.
É considerado irregular:
1. soltar a peça escolhida, na oitava (ou primeira), enquanto o peão estiver na sétima (ou segunda);
2. colocar o peão na oitava (ou primeira) e acionar o relógio sem substituí-lo pela peça escolhida;
3. substituir o peão por uma ‘torre de ponta cabeça’, informando ao adversário que ‘aquilo’ é uma dama; 4. substituir o peão branco, por exemplo, por peça preta.
Conclusão: A reclamação do adversário foi correta. O jogador das brancas, realmente, desobedeceu aos ditames da lei.
No caso, o árbitro deveria ter penalizado o jogador das peças brancas, aplicando uma das alíneas do art. 13.4 da lei do xadrez

Promoção - Falha no ritual de promoção?

Pergunta 102: Numa partida de xadrez rápido, o jogador das brancas leva o peão à oitava e aciona o relógio sem substituí-lo pela peça coroada? Imediatamente, o jogador das pretas acusa lance ilegal e reivindica que o adversário seja punido? O árbitro deve considerar como um esquecimento ou deve acatar a reivindicação?

Resposta: O árbitro deve parar o relógio, informando ao jogador que deve completar a jogada, substituindo o peão pela respectiva peça coroada. A infração cometida pelo jogador configura-se como lance ilegal, por ter havido falha no ritual de promoção.

O árbitro terá necessariamente de conceder dois minutos extra ao adversário e determinar que o jogador substitua o peão pela peça coroada.
”Art. 3.7, alínea "e" da Lei do Xadrez: "Quando o peão alcança a casa mais distante, em relação à posição inicial, deve ser trocado como parte de uma mesma jogada por uma dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor..."

Promoção – No apuro, jogador não substitui o peão coroado e aciona relógio

Pergunta 103: Numa partida de blitz, o jogador A vai coroar o peão e o coloca na oitava fila; não efetua a substituição e aciona o relógio. É um lance irregular? E se a partida fosse partida de xadrez rápido ou mesmo de xadrez pensado?

Resposta: A lei caracteriza a situação acima descrita como ilegal e o jogador perderá a partida se o adversário fizer uma reclamação. Se a partida fosse de xadrez rápido ou mesmo de pensado a punição não seria a perda da partida; no rápido, se houver reclamação, o árbitro aplicaria o art. 13.4 da lei; no pensado, o árbitro faria a intervenção independentemente de reclamação ou não.

Promoção Ilegal versus Queda de seta

Pergunta 104: Numa partida de blitz, o jogador A pretendendo coroar o peão a dama o coloca na oitava fila, mas não efetua a substituição do peão pela dama e aciona o relógio. O adversário imediatamente acusa o lance ilegal. O jogador A, entretanto, apela ao árbitro que a seta do adversário está caída. O que o árbitro decide?

Resposta: O árbitro deverá decretar a derrota do jogador A. A queda de seta neste caso é irrelevante uma vez que só foi notada depois da reclamação do lance ilegal.

Promoção - mau hábito de coroar peão a dama com torre ponta-cabeça

Pergunta 105: Numa partida de blitz, o jogador promove um peão a dama mas coloca uma torre ponta- cabeça ou mesmo um cavalo deitado por não estar disponível a peça escolhida e aciona o relógio. Deve o árbitro considerar o lance ilegal e punir o jogador com a perda da partida se houver reclamação do adversário?

Resposta: Quando o jogador for promover um peão (alínea e do art. 3.7 da Lei do Xadrez) deve antes verificar se a peça escolhida encontra-se disponível. Caso contrário deve parar o relógio e chamar o árbitro, que adotará providências no sentido de lhe disponibilizar a peça solicitada. É claro que houve falha no ritual de promoção (vide art. 7. 4 “a”)
se o jogador colocar outra peça no lugar da peça escolhida ou mesmo se disser em voz alta: Dama! e acionar o relógio mantendo o peão promovido no tabuleiro.
Conclusão: O jogador cometeu um lance ilegal e deve ser punido com a perda da partida.
" Art. 3. 7 e - Quando o peão alcança a casa mais distante, em relação à posição inicial, deve ser trocado como parte de uma mesma jogada por uma dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor. A escolha do jogador não está restrita a peças previamente capturadas. Esta troca de um peão por outra peça é chamada de ‘promoção’ e a ação da peça promovida é imediata."
”Apêndice C3 – O lance ilegal está completo quando o relógio do oponente for posto em movimento. O oponente tem o direito de reclamar ...”.
7.4 a – Se durante uma partida verificar-se que um lance ilegal foi feito, inclusive falha no ritual de promoção ...

Promoção - mau hábito de colocar a peça coroada sem primeiro avançar o peão até a casa de coroação

Pergunta 106: Numa partida de blitz, o jogador A (de brancas) comete no decorrer da partida dois lances ilegais.
Faltando menos de 1 minuto para ambos terminarem a partida, o jogador A está com um peão na sétima. Na hora da coroação ele rapidamente pega a Dama e coloca na oitava casa do tabuleiro e depois retira seu peão. O jogador B, para o relógio, chama o árbitro, e reclama um lance impossível, alegando que o jogador A colocou a dama sem primeiro ter avançado o peão. Qual o procedimento do árbitro?


Resposta: Não há dúvida de que o procedimento do jogador A transgride o ritual estabelecido no art. 3.7.
Trata-se de falha no ritual de promoção o que se configura como lance ilegal, conforme o disposto no art. 7.4 “a”.

Conclusão: O árbitro deverá decretar a perda da partida por parte do jogador infrator se o oponente tiver material para dar mate. Se o oponente não tiver material para dar mate, a partida estará empatada.
"3. 7 e - Quando o peão alcança a casa mais distante, em relação à posição inicial, deve ser trocado como parte de uma mesma jogada por uma dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor. A escolha do jogador não está restrita a peças previamente capturadas. Esta troca de um peão por outra peça é chamada de ‘promoção’ e a ação da peça promovida é imediata."
"7.4. a - Se durante uma partida descobrir-se que um lance ilegal foi feito, inclusive falha no ritual de promoção de um peão ou ...”.

Promoção de peão-branco a dama-preta - O adversário pode jogar com a dama recém promovida, como se fosse sua?

Pergunta 107: Numa partida de xadrez rápido, o jogador das brancas coroa o peão a ‘dama-preta’; logo que percebe o erro solicita a presença do árbitro. O que o árbitro deve decidir? E se o jogador das pretas tivesse jogado com a dama recém coroada, como se fosse sua?

Resposta: O árbitro deve parar o relógio, informar ao jogador que ele deve corrigir o erro (completando corretamente a jogada de promoção) substituindo o peão pela dama-branca (de mesma cor, como determina a Lei) uma vez que houve falha no ritual de promoção, o que se configura como lance ilegal.
Além disso o árbitro deverá acrescentar 2 minutos ao relógio do oponente.
Em outras palavras seria absurda a idéia de o adversário usar a 'dama-preta-recém-coroada' como se fosse sua!; logicamente porque, só é eficaz e imediata a ação da 'peça promovida' se efetuada de maneira correta, conforme estipula o ritual legal.

"Art. 3.7.e - Quando o peão alcança a casa mais distante, em relação à posição inicial, deve ser trocado como parte de uma mesma jogada por uma dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor. A escolha do jogador não está restrita a peças previamente capturadas. Esta troca de um peão por outra peça é chamada de ‘promoção’ e a ação da peça promovida é imediata.

Promoção – Jogador que pega dama (fora do tabuleiro) mas coroa outra peça

Pergunta 108: Numa competição da modalidade ‘xadrez rápido’ um jogador de brancas tinha dois peões e um Rei. O adversário tinha Rei e Bispo. No decorrer da partida, o jogador das brancas pega uma Dama e o jogador das pretas o obriga a coroar o peão! Mas as brancas recusam jogar porque se coroar seria empate! Qual seria a decisão? Na minha visão de árbitro, as peças do lado de fora não estão fazendo parte no tabuleiro naquele instante. As negras agiram de má fé, como um capivara desnorteado! Qual seria punição ser tomada? Temos alguma regra sobre essa situação?

Resposta:

No caso da promoção, diz o art. 4.6, alínea c, da lei do xadrez que a jogada somente é considerada implementada depois que o jogador tiver soltado - na casa de promoção - a peça escolhida para substituir o
peão que fora retirado do tabuleiro.
O jogador não é obrigado a coroar uma peça que tenha sido tocada fora do tabuleiro porque a regra 'peça
tocada é peça jogada' somente é aplicável quando o jogador toca uma peça que se encontra em jogo, ou seja dentro do tabuleiro.
A escolha da peça, no caso, é feita pelo jogador das brancas e o adversário não pode interferir.
Mas a partir do momento em que essa peça tocar a casa de coroação, ela (no caso, a dama) torna-se a peça escolhida e não pode ser substituída por outra peça mesmo que o jogador se arrependa.
A atitude do jogador das pretas foi descabida e uma das penalidades contidas no art. 13.4 poderia ser aplicada pelo árbitro.

Promoção - No xadrez relâmpago pode-se parar o relógio para promover um peão a dama?

Pergunta 109: No xadrez relâmpago, o jogador que teve o peão levado a 8ª casa pode parar o relógio para que possa estabelecer a troca do peão por peça ou ele tem que fazer isso utilizando o seu próprio tempo?

Resposta: O jogador somente pode parar os relógios a fim de procurar a ajuda do árbitro, se tiver um motivo válido; por exemplo, quando ocorrer uma promoção e a peça escolhida não estiver disponível. Isto é o que diz o artigo 6.13 b da Lei do Xadrez.
Mas, se a peça estiver disponível, mesmo no relâmpago (blitz), o jogador deve executar o lance no seu próprio tempo.

Promoção - No xadrez relâmpago pode-se parar o relógio para promover um peão a dama, com o peão ainda na sétima?

Pergunta 110: “Numa partida de xadrez relâmpago, o jogador A, na iminência de uma coroação, e ainda mantendo sua dama no tabuleiro, percebe que não há uma segunda dama ao redor da mesa, e, por essa razão, paralisa o relógio quando o seu peão atinge a sétima casa. O adversário imediatamente acusa irregularidade da ação, alegando que o peão deveria estar já na oitava para que o jogador pudesse parar o relógio. Qual deve ser o procedimento do árbitro?

Resposta:
O ritual correto para a promoção é o estabelecido no art. 3.8 "e" da lei do xadrez. Quando o peão alcança a última casa da sua coluna deve ser trocado, como parte de uma mesma jogada, por uma nova dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor. Logo o jogador deve mover o peão para a casa de coroação e substituí-lo pela peça escolhida.
Ocorre que, muitas vezes, a peça a ser coroada não está disponível. Se a peça escolhida não estiver disponível, aí sim, o jogador deve parar o relógio e chamar o árbitro.
É considerado irregular:
a. lançar a peça escolhida na oitava (ou primeira), enquanto o peão estiver na sétima (ou segunda);
b. soltar o peão na oitava (ou primeira) e acionar o relógio sem substituí-lo pela peça escolhida;
c. substituir o peão por uma torre de ponta cabeça, informando ao adversário que "aquilo" é uma dama;
d. substituir o peão branco, por exemplo, por peça preta.
Conclusão: A reclamação do adversário foi correta.
O jogador das brancas, realmente, não obedeceu aos ditames da lei.
No caso, o árbitro deveria ter penalizado o jogador das peças brancas, aplicando uma das alíneas do art. 13.4 da lei do xadrez.

Promoção - No xadrez relâmpago

Pergunta 111: O artigo 6.12, alínea b, da lei do xadrez parece-me que deveria ser questionado com base no seguinte:
Se, ao coroar o peão o jogador pára o relógio e espera que o juiz venha trazer-lhe a peça escolhida para substituir o peão, ele estará dando uma vantagem para o outro jogador que, terá mais tempo para pensar, especialmente em se tratando de final de jogo ou em blitz. Assim, deveria ser aceita uma solução substituta (que não confundisse o adversário) como, por exemplo, uma torre invertida, ou uma das peças anteriormente capturadas - deitada, enquanto, ao mesmo tempo, chama o árbitro para corrigir a situação de emergência. Ou, se o adversário não vai efetuar lance imediatamente com a nova peça, deixar o peão coroado na oitava, tendo advertido ao adversário qual a peça que escolheu, até que a substituição seja feita, ou a peça venha a ser movimentada. O que acha?

Resposta: Não há possibilidade de improvisações numa competição de xadrez, que obedeça os ditames da Lei do Xadrez. O ritual de promoção está perfeitamente definido no artigo 3.7.a da Lei do Xadrez:"Quando o peão alcança a última casa da sua coluna deve ser trocado, como parte de uma mesma jogada, por uma nova dama, torre, bispo, ou cavalo da mesma cor. A escolha do jogador não está restrita a peças já capturadas na partida. Esta troca de um peão por outra peça é chamada de ‘promoção’ e a ação da nova peça é imediata."

O jogador que promover um peão, substituindo-o por uma 'torre ponta-cabeça' ou por um 'cavalo ou bispo-deitado', ou mesmo deixando-o inerte na casa de coroação, estará cometendo uma falha na promoção, e isso é considerado lance ilegal pelo legislador (vide artigo 7.4.a). E essa pseudo-solução simplista poderá acarretar ao infrator a perda da partida, se estiver sendo disputada no ritmo de blitz (vide Apêndice C3 da lei).No xadrez pensado ou no xadrez rápido, só redundará na perda da partida, se o jogador estiver cometendo o terceiro lance ilegal. (vide art. 7.4.b).

Proposta de empate – Adversário pode exigir o registro na planilha?

Pergunta 112: O adversário pode exigir o registro da proposta de empate na planilha.
A lei estabelece algum ritual
?

Resposta: Não é nada absurda a exigência feita pelo adversário.
Realmente, a lei do xadrez (art. 8.1) determina que os jogadores têm de anotar a oferta de empate na planilha, prevista para a competição. O Apêndice E.13 da lei estabelece que a oferta de empate deve ser sinalizada como (=).
A oferta de empate é fato relevante e deve constar da planilha. Outro detalhe que muitos jogadores não observam quando oferecem empate é que a proposta deve ser feita sempre após a execução do lance e dentro do seu próprio tempo.
É, portanto, irregular a oferta de empate efetuada depois de o ofertante acionar o relógio (fora do seu próprio tempo).

Proposta de empate – Adversário poderia aceitar a qualquer momento

Pergunta 113: Queria saber se há algum lugar no Brasil ou exterior onde uma proposição de empate valha para a partida inteira, podendo o oponente aceitá-la a qualquer momento a partir da proposição, sendo que o jogador que fez a oferta não poderá alcançar resultado melhor para a dita partida.

Resposta: O ritual do pedido de empate está bem definido no art. 9.1 da lei do xadrez. E, é claro, a proposta não vale para a partida inteira. A proposta de empate deverá ser sinalizada na planilha de ambos com um simples: (=) (Apêndice E da lei). O jogador que receber uma oferta de empate poderá aceitá-la ou recusá-la.- Se aceitar, a partida terminará empatada, por comum acordo (art. 5.2.c, da lei)
Se recusar expressa (com a negativa verbal ou gestual) ou tacitamente (respondendo ao lance), a partida deverá continuar.
Evidentemente, o jogador não pode aguardar a resposta no seu tempo, que poderá esgotar-se (queda de seta, por exemplo) e aí a perda da partida será inevitável (exceto se o adversário não tiver material para dar mate).
Discordo da afirmação que a proposta de empate desconcentre o adversário.
Somente a oferta de empate feita no tempo de reflexão do adversário é que o desconcentraria.
Ocorre que isso é considerado transgressão à regra e redundará em punição (arts. 12.6 e 12.7).



Queda de Seta - O árbitro deve sempre sinalizar?

Pergunta 114: Numa partida de xadrez rápido cai a seta de um dos jogadores. O árbitro deve sinalizar?

Resposta: O árbitro só tem a obrigação de sinalizar a queda de seta nas partidas jogadas no ritmo de mais de 1 hora para cada jogador (ritmo clássico, convencional, também chamado de pensado), face ao disposto no art. 6.9.
Nos demais ritmos, rápido ou relâmpago, o árbitro deve se abster de sinalizar uma queda de seta.
Isso passa a ser problema dos dois jogadores envolvidos na disputa. Vide apêndices B7 (rápido) e C2 (blitz ou relâmpago)

"Art. 6.9 - Uma seta é considerada caída quando o árbitro observa o fato ou, quando um dos jogadores sinalizar a queda de seta."
"Apêndice B7 - A seta é considerada caída quando for feita uma reclamação válida neste sentido por um dos jogadores. O árbitro deve abster-se de sinalizar uma queda de seta."
"Apêndice C2 - Os jogos serão regidos pelas Leis de Xadrez Rápido conforme o disposto no Apêndice B exceto onde eles estiverem regidos pelas seguintes Leis de Relâmpago."



Queda de seta no lance limite do primeiro controle de tempo

Pergunta 115: Num torneio no ritmo de 2 horas para 40 lances + 1 hora para a execução de todos os lances remanescentes, o jogador A faz o seu 40º lance, aciona o relógio e cai a sua seta. O árbitro está acompanhando a partida sinaliza a queda de seta e em conseqüentemente atribui vitória ao jogador das pretas, uma vez que este tem material para dar mate. Foi correta a intervenção do árbitro?

Resposta: O jogador A teria de completar o seu 40º lance, com a seta em pé. A seta do jogador A não pode estar caída na vez de o adversário jogar o seu lance.
Conclusão: Sem dúvida foi correta a intervenção do árbitro. Se o adversário não tivesse material para dar mate, o árbitro deveria declarar a partida empatada.

"Art. 6. 9 - Uma seta é considerada caída quando o árbitro observa o fato, ou quando um dos jogadores acusar a queda de seta."
"Art. 6. 10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."

Queda de setas - O que acontece quando as duas setas estão caídas?

Pergunta 116: O jogador chama o árbitro para acusar a queda de seta do relógio do adversário sem primeiro parar o seu. Quando retorna à mesa junto com o árbitro ambos verificam que as duas setas estão caídas. O que deve decidir o árbitro?

Resposta: Se a partida for de xadrez rápido ou mesmo de xadrez relâmpago o árbitro deve decretar o empate devido ao disposto no Apêndice B9. Numa partida de pensado o resultado poderá ser diferente se estiver bem claro para o árbitro qual delas caiu primeiro.

"Artigo 6.12 - A partida está empatada se ambas as setas estiverem caídas e for impossível estabelecer-se qual delas caiu primeiro."
"Apêndice B9 - Se ambas as setas estiverem caídas, a partida está empatada."

Queda de setas – Partida de xadrez rápido, árbitro presente, o que acontece quando 2 jogadores assinalam que as duas setas estão caídas?

Pergunta 117: Numa partida de xadrez rápido que o árbitro esteja acompanhando cai a seta do 1º jogador, mas o jogo continua, após alguns lances cai a seta do 2º jogador . Os jogadores então percebem que as duas setas estão caídas e perguntam ao árbitro qual seta caiu antes. O árbitro viu que a seta do 1º jogador caiu antes, o que deve decidir?

Resposta: Em partida de xadrez rápido a seta só é considerada caída quando acusada por um dos contendores. Com as duas setas caídas, a partida está empatada, sendo irrelevante se a seta do 1º jogador caiu antes. É o que diz o apêndice B9
É importante que se diga: ... p
ara uma reclamação de vitória por tempo ser bem sucedida, depois que os relógios tiverem sido parados, a seta do reclamante deve estar ‘em pé’, e a de seu oponente caída.
"Apêndice B9 - Se ambas as setas estiverem caídas, a partida está empatada."


Queda de Seta & Rei Nu

Pergunta 118: Na primeira rodada de uma prova do circuito oficial de uma federação estadual, disputada no ritmo de xadrez pensado ocorreu o seguinte fato nos minutos finais de uma partida jogada com relógio digital: o tempo de um dos jogadores com rei e torre termina, mas o adversário tinha somente o rei. O árbitro declara a partida empatada. A mãe do jovem jogador adversário insurge-se contra a decisão, argumentando que “o relógio deve determinar um vencedor, independentemente de peças” O árbitro mostra as regras da FIDE, mas mesmo assim a mãe do jovem revolta-se contra a decisão. Apesar disso tudo, o árbitro oferece-lhe papel e caneta para que faça a sua reclamação por escrito, mas a referida sra não aceita e decide retirar o seu filho da competição. O árbitro agiu corretamente?

Resposta: Vejamos o que diz a lei do xadrez sobre episódios da espécie: "perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo." (art. 6.10)

Como se pode observar o legislador diz que o jogador perde a partida pelo tempo se o adversário tiver material suficiente para dar mate. Se o adversário estiver com o chamado 'rei nu', a partida está empatada.

Conclusão: O árbitro agiu corretamente. Além disso, empenhou-se ao máximo para solucionar o assunto por apaziguamento dos ânimos.

Nota: A argumentação de que "o relógio deve determinar um vencedor, independente de peças" é equivocada e descabida. Não encontra respaldo na legislação enxadrística. A decisão de retirar o filho da competição foi uma atitude autoritária.

Queda de seta e Repetição de uma mesma posição pela 3ª vez

Pergunta 119: Em um torneio de xadrez pensado, o jogador A encontra-se em apuro de tempo. Tanto A quanto B (com material para dar mate) jogam velozmente. A seta do jogador A cai e o adversário imediatamente acusa. Ocorre que o jogador A alega que foi empate pois houve repetição de uma mesma posição por mais de 3 vezes. Qual o resultado da partida: vitória do jogador B ou empate?

Resposta: O resultado da partida é vitória do jogador B que acusou a queda de seta e tem material para dar mate no adversário.
O árbitro só poderia examinar a reivindicação de repetição de lances a que se refere o artigo 9.2 da Lei do Xadrez se o jogador A tivesse feito a reivindicação de empate na forma da lei, logicamente antes de sua seta cair. Existe um ritual descrito no art. 9.2, que deve ser obedecido.

"Art. 9.2 - A partida está empatada, após uma reclamação correta do jogador que tem a vez de jogar, quando a mesma posição, por pelo menos três vezes,não necessariamente por repetição de jogadas,
a) está por aparecer, se ele primeiro anota seu lance na planilha e declara ao árbitro a sua intenção de fazer o referido lance, ou
b) acaba de aparecer, e o jogador que reivindica o empate tem a vez de jogar.

As posições conforme (a) e (b) são consideradas idênticas, se o mesmo jogador tem a vez, peças do mesmo tipo e cor ocupam as mesmas casas, e as possibilidades de movimento de todas as peças dos dois jogadores são as mesmas.
As posições não são idênticas se um peão que pudesse ter sido capturado ‘en passant’ não mais pode ser capturado ou se o direito de efetuar o roque foi alterado temporária ou permanentemente."

Queda de Seta e Lance ilegal em partida de xadrez rápido

Pergunta 120: Numa partida de Xadrez Rápido (30 minutos para cada) o jogador da brancas faz um lance ilegal, aciona o relógio e a seta do jogador das pretas cai quase que instantaneamente, pois estava pendurada. O jogador das pretas acusa o lance ilegal e reivindica que o árbitro acrescente ao seu relógio os dois minutos previstos na Lei, no que é contestado pelo jogador das brancas, que reivindica vitória pois a seta do seu adversário está caída. O arbitro ignora a reclamação do jogador das pretas e homologa a vitória para as brancas que estavam perdidas. Qual deveria ser a decisão correta?

Resposta: Considerando que o jogador das brancas não reclamou a vitória por tempo
parando o relógio conforme o ritual descrito no primeiro parágrafo do apêndice B8, a reclamação das pretas, feita antes do término da partida, deveria ter sido aceita.

O árbitro deveria ter restabelecido a posição imediatamente anterior ao lance ilegal, adicionado 2 minutos ao relógio das pretas e, em seguida, acionado o relógio do jogador das brancas, que passaria a ter a vez de jogar.

Conclusão: Não foi correta a decisão do árbitro. Ele só poderia ter dado a vitória para o jogador das brancas se o mesmo tivesse parado o relógio e acusado a queda de seta antes da reclamação de lance ilegal por parte do jogador das pretas.

Queda de Seta ou 'Pate'? Dúvida

Pergunta 121: No final de uma partida, na presença do arbitro, o condutor das pretas afogou o rei das brancas que imediatamente acusou o empate por afogamento. Em seguida o condutor das pretas observou que o tempo do adversário tinha caído e reivindicou a vitória. O que prevalece neste caso? A ordem cronológica que seria empate por afogamento pois foi solicitado primeiro ou a vitória do condutor das pretas baseado na queda de seta?

Resposta: A lei do Xadrez diz o seguinte sobre a questão:

"Art. 5.2 “a”- A partida está empatada quando o jogador que tem a vez não tem lance legal e o seu rei não está em xeque. Diz-se que a partida terminou com o rei ‘afogado’. Isto, imediatamente, termina a partida desde que não tenha sido ilegal o lance que produziu a posição de afogado."

Se não foi ilegal o lance que resultou no 'pate', a partida sem dúvida terminou empatada.
O 'pate' ou 'rei afogado' determina o término imediato da partida.
Não importa o que aconteceu depois, inclusive queda de seta


Queda de Seta - Material para dar mate ... mas só com pequena ajuda do adversário

Pergunta 122: Em um torneio, com ritmo de xadrez relâmpago, cai a seta do jogador A, que tem rei, peão e bispo de casa negra. O seu adversário (jogador B) tem apenas rei e bispo de casas brancas. Minha duvida é se isto seria empate, porque o jogador B não tem material para dar mate sozinho ou vitória do jogador B, que poderia vencer com a ajuda do adversário na situação Ra8, Bb8 e a7(brancas) - Ra6 e Bc6 (pretas)?

Resposta: A queda da seta do jogador A acarretará a vitória das pretas já que o mate é possível.

Queda de Seta - mas o adversário não tem material para dar mate

Pergunta 123: Em um torneio de partidas rápidas (21 minutos K.O), o jogador A tem dama e rei e o jogador B, apenas rei; cai a seta do relógio do jogador A, o jogador B acusa e o árbitro dá vitória ao jogador B; isto está certo?

Resposta: O jogador B não tem material para dar mate no adversário cuja seta caiu, logo o resultado correto é o empate. A decisão do árbitro foi errada.

”Art. 6.10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."

”Apêndice B7 - A seta é considerada caída quando for feita uma reclamação válida neste sentido por um dos jogadores...”

Queda de Seta - mas o adversário só tem rei e um peãozinho bloqueado!

Pergunta 124: O jogador A tem dama e rei (e outras peças e peões) mas jogador B, apenas rei e um peãozinho bloquado; cai a seta do relógio do jogador A, o jogador B acusa e o árbitro decreta empate porque o jogador B não tem condição de ganhar a partida com um peão bloqueado; isto está certo?

Resposta: O jogador B tem material para dar mate no adversário cuja seta caiu, porque um peãozinho apenas é o suficiente para ganhar a partida. Não se esqueçam de que peão pode ser corado DAMA, logo o resultado correto é que o árbitro decretar a vitória do jogador B. A decisão do árbitro foi errada.

”Art. 6.10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."

”Apêndice B7 - A seta é considerada caída quando for feita uma reclamação válida neste sentido por um dos jogadores...”

Queda das duas setas – O que deve decidir o árbitro?

Pergunta 125: Dois jogadores nervosos esquecem do tempo no apuro. E de repente o árbitro, ou um deles, observa que as duas setas estão caídas e não há testemunhas. O que fazer?

Resposta: Em partida de xadrez rápido ou blitz, diz a lei (Apêndice B9) que a partida estará empatada.
No ritmo pensado ou convencional, a decisão não é tão simples.
O árbitro só decretará o empate se for impossível estabelecer-se qual seta caiu primeiro.
Se ficar provado que uma das setas caiu primeiro, o árbitro decretará a derrota desse jogador caso o adversário tenha material suficiente para dar mate.
Assim, a prova testemunhal pode servir de elemento de convicção para respaldar a decisão do árbitro.
Afinal, a prova testemunhal não deixa de ser um dos meios legais e legítimos, hábeis para provar a verdade dos fatos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo excelente serviço prestado ao Xadrez brasileiro com a divulgação das questões de arbitragem.
Sempre me impressionou, no pior sentido é claro, a ignorância das leis do jogo por parte de muitos jogadores, inclusive veteranos e titulados pela FIDE e até mesmo, pasme-se, de "árbitros" atuantes em torneios oficiais.
Vida longa ao Maiakowsky !
Abraços

Django

Maiakowsky, um blog sobre xadrez (e algo mais!) disse...

Obrigado, "Django, o mau" pelo feedback. Você já tinha me dito que lia com atenção as postagens deste blog sobre as questões de arbitragens
preparadas pelo AI Bento (este sim merece os parabéns pelo serviço prestado com este trabalho).
Eu poderia apenas ter indicado o link onde foram postadas, originalmente, as questões de arbitragem, mas achei-as tão importante (corroborando contigo) que optei por publicá-las em parte (a quem interessar possa!.
Antes do Natal estou me convidando para ir a casa de Django saborear um bom drink cubano!

Grande abraço!