domingo, 27 de julho de 2008

61- Questões de Arbitragem IV (só art. 10.2)

Art. 10.2 - Reivindicação de empate em partida de Quickplay-finish - Quais são as alternativas do árbitro?
Pergunta 18: Como o árbitro deve agir quando o jogador, faltando menos de dois minutos para terminar a partida de quickplay, reivindica empate?

Resposta: O art. 10.2, sem dúvida, é um dos pontos mais polêmicos da Lei do Xadrez.
Após uma reivindicação de empate, o árbitro conta com três alternativas:
a) aceitar a reivindicação de empate com fulcro no disposto na alínea do art. 10.2 “a”.
b) adiar a decisão (10.2."b") e a partida continua; fica a critério do árbitro conceder, ou não, 2 minutos para o adversário. Após a queda de seta, o árbitro define qual o resultado da partida, podendo inclusive decretar o empate, ou seja, concordando com a reivindicação; sua decisão de empate também é definitiva.
c) rejeitar a reivindicação de empate; neste caso, o árbitro deve adicionar 2 minutos ao relógio do adversário. (10.2."c")
OBS: A decisão do árbitro será definitiva, não cabendo recurso (10.2 "d").


Art. 10.2 Reivindicação de empate - Quais critérios o árbitro deve considerar?
Pergunta 19: Para o árbitro decidir sobre a reivindicação de empate com base no art. 10.2, ele deve levar em consideração o que? a) somente a posição; b) somente a conduta dos jogadores, vendo se há esforço para o ganho; c) ou ambos?


Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo: quem está ganho, quem está superior etc...
Para decidir, o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva, ou seja, verificar se o adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo e não está se esforçando para ganhar por meios normais, (forçar o xeque mate, por exemplo). Ou, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais, ou não está fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.

Nota: A exemplo da Lei do futebol que não obriga que o árbitro tenha sido um renomado jogador, a Lei do Xadrez também não exige que o árbitro conheça xadrez tanto quanto um Grande Mestre, ou mesmo que seja um jogador. Logo, não cabe ao árbitro analisar posições.

10. 2 – Reivindicação de empate - Intervenção do árbitro
Pergunta 20: No caso de reivindicação de empate a que se refere o artigo 10. 2, por melhor que esteja o jogador, na posição ou material, se a sua seta cair a partida está, a princípio, perdida pelo tempo? Caso contrário o relógio não cumpriria o seu objetivo? (a não ser que a posição esteja clara e evidentemente empatada. Ex: RxR, RBxR, RCxR,etc)


Resposta: Ao analisar reivindicações de empate feitas com base no art. 10.2 da Lei do Xadrez, o árbitro não deve se preocupar com aspectos de ordem subjetiva: a) quem está ganho? b) quem está perdido? c) quem está superior?

O árbitro deve se preocupar com aspectos de ordem objetiva: por exemplo, perguntar a si próprio:

- O adversário está querendo apenas explorar a sua vantagem de tempo? ou,
- O adversário não está se esforçando para ganhar por meios normais (forçando o xeque mate)? ou,
- O adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais?

Se o árbitro estiver absolutamente convencido de que o adversário não está fazendo esforço para ganhar por meios normais, mas apenas explorando a vantagem no tempo, ou que o adversário não pode ganhar em qualquer hipótese, aí sim deve intervir e decretar o empate.
Mas, se o árbitro não estiver absolutamente convencido disso, deve deixar a partida continuar.

É importante lembrar que, se o árbitro determinou que a partida continuasse (adiou a sua decisão), ele só DEVE DETERMINAR O EMPATE se estiver absolutamente convencido de que o adversário, durante aquele período, jogou somente para explorar a vantagem de tempo.

Caso contrário, ao cair a seta, o árbitro deve verificar se o adversário tem material para dar mate.

Se o adversário não tiver material para dar mate, o árbitro DEVE DECRETAR O EMPATE.

Por outro lado, se o adversário tiver material para dar mate e, não explorou a sua vantagem de tempo, logicamente deverá ter a sua vitória confirmada pelo árbitro, independentemente de quem esteja superior na posição final.

Art. 10.2 - Reivindicação de empate - caso polêmico
Pergunta 21: Dois jogadores titulados estão na fase final de uma partida de xadrez pensado. Faltando menos de 2 minutos no seu relógio, as pretas reivindicam empate valendo-se do art. 10.2, tendo o árbitro adiado sua decisão.
Situação: brancas com rei, dama, bispo e peão (dispunha de algo em torno de 5 minutos de tempo); pretas com rei, dama e peão. A seta do jogador das brancas cai (fato sinalizado pelo árbitro). O árbitro declara então o empate, com base no disposto na alínea b do art. 10.2. Foi correta a decisão do árbitro?


Resposta: De acordo com o disposto no art. 10.2 da Lei do Xadrez o árbitro, ao examinar uma reivindicação de empate, poderá decretar o empate, adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
No caso em questão o árbitro determinou que a partida continuasse, adiando sua decisão.
Após a queda de seta do jogador das brancas, o árbitro deve decretar o resultado com base no bom senso e é claro que o comportamento dos dois jogadores nos instantes em que ele pode observar a partida.

Conclusão: Se o árbitro estiver convencido de que, nenhum dos dois, fez suficientes tentativas, para vencer por meios normais, ou concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais, deverá decretar o empate. Se foi realmente isso o que aconteceu, a decisão parece ter sido correta.

"Art. 10.2 - Se o jogador, com a vez de jogar, tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar empate antes da queda de sua seta. Deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a) Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido, deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b) Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá decretar a partida empatada.
c) Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão
d) A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c". "

Art. 10.2 - Reivindicação de empate - outro caso polêmico
Pergunta 22: Num torneio no ritmo de 61 minutos, em uma partida válida pela 4ª rodada, o jogador das pretas estava muito apurado no tempo e reivindicou empate com base no art. 10.2. O árbitro não atendeu porque o adversário, embora inferiorizado, tinha material para mate. A partida prosseguiu e em seguida caiu a seta das pretas. A questão gerou polêmica porque na posição final (final de torres e peões) as pretas estavam praticamente ganhas. O árbitro tomou a decisão certa ao dar a vitória às brancas?


Resposta: O árbitro, ao analisar uma reivindicação com base no art. 10.2, deve evitar o julgamento subjetivo, por exemplo, quem está GANHO, quem está SUPERIOR etc...
Para decidir o árbitro deve se ater a aspectos de ordem objetiva; por exemplo, se o adversário não pode, em hipótese alguma, ganhar por meios normais.

O árbitro deve ter adiado a decisão porque teve dúvida. Nestes casos, o árbitro deve observar o comportamento dos dois jogadores até que haja uma queda de seta. Após a queda de seta o árbitro deve verificar se as brancas têm material para dar mate. Caso positivo, deve decretar a vitória das brancas.

Conclusão: A decisão do árbitro deve ter sido correta.

Art. 10. 2 - Se o jogador com a vez de jogar tiver menos de dois minutos em seu relógio, pode reivindicar um empate antes da queda de sua seta. Ele deverá parar os relógios e chamar o árbitro.
a. Se o árbitro estiver convencido de que o oponente não está fazendo esforço para ganhar a partida, por meios normais, ou que não é possível o oponente vencer por meios normais, então deverá declarar a partida empatada. Se não estiver convencido deverá adiar sua decisão ou rejeitar a reclamação.
b. Se o árbitro adia sua decisão, o oponente pode receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão e a partida deverá continuar na presença do árbitro, se possível. O árbitro poderá declarar o empate mesmo depois de a seta ter caído. Ele deverá declarar a partida empatada se concordar que a posição não pode ser ganha por meios normais, ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.
c. Se o árbitro rejeitar a reclamação, o oponente deverá receber um bônus extra de dois minutos de tempo de reflexão

d. A decisão do árbitro será definitiva (não cabendo recurso) quanto ao disposto nas alíneas "a, b, c"."

Art. 10. 2 - Reivindicação de empate no período do primeiro controle tempo
Pergunta 23: Numa partida de xadrez pensado, no ritmo de 2 horas para 40 lances + 1h nocaute, o jogador das brancas (com rei e torre) depois do 30º lance, com seta pendurada, oferece empate para seu adversário (rei e 2 peões dobrados na coluna f) que recusa. Desesperado, percebendo que sua seta cairá em poucos segundos, para o relógio e exige empate ao árbitro, uma vez que seu adversário está totalmente perdido. Pode o árbitro decretar o empate?


Resposta: No primeiro controle de tempo não é licito ao jogador reivindicar empate com base no art. 10.2. Assim, o árbitro não poderá atender a reivindicação do jogador das brancas e deve determinar que a partida prossiga.
Na hipótese de não ter sido completado o número prescrito de lances após a queda de seta do jogador das brancas (e tendo o jogador das pretas material para dar mate) o árbitro terá de considerar o jogador das pretas vencedor da partida, com base no disposto no art. 6.10 da Lei do Xadrez.
"Art. 6.10 - Exceto quando se aplicam as disposições contidas nos Artigos 5.1, 5.2 "a", "b" e "c", perderá a partida o jogador que não completar, em seu tempo, o número prescrito de lances. Entretanto, a partida está empatada, quando se alcança uma posição em que o oponente não pode dar xeque mate no rei do adversário por qualquer seqüência de lances legais possíveis, mesmo pelo mais inábil contra-jogo."



Art. 10. 2 Reivindicação de empate - O árbitro agiu corretamente?
Pergunta 24: Numa partida, o jogador das brancas estava com cerca de 7 minutos, na posição, Rg1, g3, f4 Be3, b2; o jogador B de pretas estava com 30 segundos, na posição, Rf7, f6, f5, h5, Ce7, b5. O jogador apurado no tempo reivindicou o empate para o árbitro, alegando que o branco não tinha plano nenhum. O árbitro não concordou e determinou que a partida continuasse. Alguns lances mais tardes, cai a seta do jogador das pretas na seguinte posição: brancas Rh5, Bc5 g3, f4, b4; pretas Rd5, Ce4, f6, f5, b5. O árbitro confirmou a vitória do jogador das brancas, que havia acusado a queda de seta. Muito irritado, o jogador das pretas retirou-se do torneio alegando que naquela posição outros árbitros sempre dariam empate para ele. Foi correta a decisão do árbitro?


Resposta: O árbitro, com certeza, adiou a decisão no intuito de averiguar se o jogador das brancas iria fazer esforço para ganhar a partida por meios normais e não apenas aguardar a simples queda da seta do jogador das pretas, já que por algum motivo não tinha presenciado a partida. A decisão foi acertada porque não importa para o árbitro se o preto está melhor ou pior na posição (questão de ordem subjetiva). O importante nessas situações é ter-se a convicção de que o jogador, melhor no tempo, não está se valendo disso para ganhar a partida, sem se esforçar para aplicar o xeque-mate (questão de ordem objetiva). Nessa hipótese, ou, se o jogador das brancas não tivesse (na posição final) material para dar mate, o árbitro, aí sim, deveria decretar o empate.

Mas, ao cair a seta do jogador reivindicante, o árbitro só não decretará a derrota dele:
a) se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais; ou,
b) se o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais.


Art. 10.2 – Uma grande dúvida!
Pergunta 25: Uma dúvida que sempre tenho a respeito do art. 10.2 é a seguinte:
Se o jogador que tem tempo suficiente, sabe que, se não estivesse em apuro de tempo, nunca ganharia a partida. Joga no intuito de empatar. O jogador com pouco tempo reclama empate, e o árbitro manda continuar. E logo o tempo se esgota, o que decreta o árbitro?


Resposta: Se faltam ao jogador menos de dois minutos em seu relógio pode reivindicar empate antes que caia sua seta.

Depois que parar seu relógio, o jogador deve chamar o árbitro.
Se o árbitro concorda que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o adversário não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais, então declarará empatada a partida.
Se não concordar poderá adiar decisão ou rejeitar a reclamação.
Se o árbitro posterga sua decisão, o adversário pode ser compensado com 2 minutos de acréscimo em seu tempo de refflexão e a partida continuará en presencia del árbitro. Se o árbitro rejeita a reclamação o adversário deverá receber acréscimo de 2 minutos.
O arbitro declarará o resultado final após a queda de seta.

Art. 10.2 – Reivindicação de empate sob alegação de empate teórico
Pergunta 26: Faltando 1 minuto em seu relógio para terminar a partida o jogador A (com Rei e Torre) reivindica empate alegando empate teórico. O jogador B tem Rei, Torre e Bispo. O árbitro manda continuar a partida e cai seta do jogador B. O que deve decidir o árbitro: empate ou vitória das brancas?

Resposta: Conforme já frisei anteriormente, a lei não define situações de empate teórico, logo a decisão do árbitro foi acertada.
Após a queda de seta de um dos jogadores o árbitro deve declarar a partida empatada se concordar que a posição final não pode ser ganha por meios normais ou que o oponente não estava fazendo suficientes tentativas para vencer o jogo por meios normais. Caso contrário, não há empate, ou seja, perde a partida o jogador cuja seta caiu.

Art. 10.2 - Reivindicação de empate - Adversário está em rede de mate!
Pergunta 27: Um jogador chama o árbitro alegando que o seu adversário não tem como ganhar a partida e demonstra a seqüência de jogadas que o leva a ganhar a partida, analisando todas as respostas possíveis de seu adversário (o famoso mate em cinco ou mate forçado em mais lances). Se o árbitro observar que a seqüência dada é correta, deve declarar a partida empatada? Ou deve deixar o jogo prosseguir até que um dos jogadores dê mate ou que alguma seta caia?


Resposta: Não compete ao árbitro analisar posições da partida para verificar quem está ganho, quem está melhor, quem está pior! A posição não tem a menor importância.
Além disso, não existe nenhum dispositivo na lei do xadrez que garanta a vitória para o jogador que disponha de mate em 1, 2, 3, 4 ou 5, etc...
Vale lembrar, também, que a lei do xadrez tem duas partes: uma trata das regras do jogo e a outra versa sobre as regras da competição.
E o fator tempo é importante também, visto que a queda de seta (devidamente acusada) implica na perda da partida, a não ser que o adversário não tenha material para dar MATE.

O árbitro não pode decretar empate nestas situações, uma vez que estaria agindo, desastradamente, interferindo no resultado normal de uma partida. Deve, portanto, deixar a partida prosseguir.

Art. 10.2 - Reivindicação de empate – Árbitro desafia jogador a derrotá-lo!

Pergunta 28: Num torneio o jogador A (brancas) reivindicou empate, mas sua seta caiu. O árbitro decretou o empate. O outro jogador protestou. O árbitro, que também é jogador, resolveu desafiar o jogador B (pretas) a derrotá-lo naquela posição. O árbitro pode usar como critério ao decretar empate o fato de o outro jogador não conseguir derrotá-lo?


Resposta: Recordemos o que pode o árbitro decidir nos casos de reivindicação de empate (10.2):
O árbitro poderá de acordo com a lei, aceitar a reivindicação e decretar o empate. (art. 10.2.a).
Ou adiar a decisão e poderá decretar o empate mesmo depois da seta caída. (art. 10.2.b).
Poderá rechaçar o empate e aí o adversário receberá um bônus extra de dois minutos. (art. 10.2.c).
Claro que o árbitro só pode decretar o empate, após a queda de seta, se:
a) a posição é “morta”; (conforme definido no art. 5.2.b) ou
b) o adversário não tem material para dar mate; ou
c) o adversário não pode dar mate por meios normais.
Mas, o que significa a expressão "dar mate por meios normais"?
Dar mate por meios normais significa que o jogador tem material suficiente para matematicamente dar mate, sem contar com a ajuda do adversário.
Sem dúvida há casos, chamados de 'mate ajudado'; nestes, o adversário faz lances completamente absurdos, tais como, levar o seu próprio rei para o cadafalso (canto do tabuleiro) e, além disso, deixar sua própria peça na casa de única fuga possível para o rei.
A própria peça ficaria, neste caso, com a alcunha de 'bandida'.
Evidentemente, o árbitro não pode decretar o empate se a seta do relógio do jogador caiu e ainda há jogo no tabuleiro.
Volto a frisar: a lei não disciplina os casos de empate teórico.
Mais absurdo, ainda, seria o árbitro decretar empate desafiando o adversário a dar uma linha de ganho.
Não tem cabimento. A lei do xadrez não regula nada disso.
Conclusão: O árbitro estaria, portanto, distorcendo o resultado da partida, premiando o um dos lados com o
empate, ao invés de aplicar o resultado normal: derrota por queda de seta, evidentemente, na hipótese de o adversário ter material suficiente para dar mate.


Art. 10.2 Reivindicação de empate em partida jogada com relógio digital -
Pergunta 29: Num torneio disputado com relógio digital no ritmo de 1h:30 para toda a partida + bônus de 30 segundos para cada lance executado a partir do 1º lance, pode o jogador reivindicar empate com base no art. 10.2?


Resposta: Consoante decisão do Comitê de Regras da FIDE, o jogador não pode reivindicar empate com base no art. 10.2 caso receba 30 ou mais segundos de incremento em seu relógio por lance executado.

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