Anotação - jogador pode anotar a partida em agenda eletrônica?
Pergunta 6: Durante o torneio o jogador pode anotar a partida numa ‘palm-top’ ao invés de usar a planilha fornecida pelo organizador?
Resposta: O jogador é obrigado a anotar a partida em uma planilha de papel, tão claro e legível quanto possível, consoante o disposto no artigo 8.1 da Lei do Xadrez.
É possível que num futuro próximo a legislação seja alterada e permita que no xadrez pensado a anotação seja feita com a utilização de computadores de bolso ‘palm top’ exclusivamente para efeito de registro dos lances da partida.
"Art. 8.1 - No decorrer do jogo a cada jogador é requerido anotar na planilha prescrita para a competição, em notação algébrica (Apêndice E), os próprios lances e os do oponente, de maneira correta, lance a lance, tão claro e legível quanto possível..."
Anotação - Quando o jogador, em torneios oficiais, usa a anotação descritiva, qual deve ser a postura correta do árbitro?
Pergunta 7: A lei do xadrez dá margem a dupla interpretação ao regular a anotação das partidas; primeiro orienta que se deve anotar em notação algébrica, mas não diz que é obrigado; depois diz que só reconhece a algébrica como oficial para fins de reclamação.
O fato é que ainda existem muitos jogadores, em torneios estaduais que aprenderam a jogar e estudaram D´Agostinni, em notação descritiva. Qual a postura correta do árbitro com estes jogadores: permite que anotem em descritivo e se houver algum problema exige que transcrevam para o algébrico durante o seu tempo de reflexão? (não se incomodando caso não haja problemas) ou imediatamente percebendo alguém anotando em descritivo pede para mudar? (o que vai gerar um desconforto para uma pessoa normalmente mais idosa que raciocina em descritivo)
Resposta: Realmente, a FIDE recomenda que os jogadores anotem as partidas em notação algébrica (art. 8.1 da Lei do Xadrez). Não há proibição expressa ao uso de outro tipo de anotação, por exemplo, a anotação descritiva, que é utilizada por alguns jogadores saudosistas.
Ocorre que, se o jogador quiser requerer empate (e isso vale para qualquer reclamação em que o jogador tenha de utilizar a planilha como prova), por exemplo, por repetição de lances, o árbitro não poderá aceitar a sua planilha (com notação diferente da algébrica) como prova, tendo em vista que somente as planilhas anotadas em notação algébrica são válidas para efeito de prova (vide apêndice E da Lei do Xadrez).
De acordo com o disposto no apêndice E da Lei do Xadrez, o árbitro que observar um jogador utilizando outro sistema de notação, que não seja o algébrico, deverá alertá-lo sobre essa restrição.
Se a competição for válida para rating FIDE, o árbitro deverá exigir que o jogador entregue a planilha (ao final da partida) em anotação algébrica, uma vez a Federação Internacional reconhece, para as competições válidas para rating FIDE, apenas um sistema de notação, o sistema algébrico.
Anotação - Obrigatoriedade de anotação e o "famoso jeitinho”
Pergunta 8: Em torneio no ritmo de 1h30 para toda a partida com bônus de 30 segundos para cada lance, um jogador reclamou ao árbitro que seu adversário, que estava apurado no tempo, tinha pulado lances nas últimas anotações e além disso teria parado de anotar.
O adversário alegou que não teria tempo de corrigir, face ao exíguo tempo que lhe restava. Pode o árbitro autorizar o jogador que estava com apenas alguns segundos no relógio a pará-lo para anotar corretamente os lances. Está correta a decisão?
Resposta: O artigo 8.1 da Lei do Xadrez obriga que o jogador anote os próprios lances e os do adversário, de maneira correta, lance a lance (sem pular lance), tão claro e legível quanto possível.
Todavia, o artigo 8.4 da Lei do Xadrez faculta ao jogador que estiver apurado no tempo (exceto se receber bônus de pelo menos 30 segundos por lance) deixar de anotar.
É evidente, portanto, que o jogador não pode parar de anotar quando recebe bônus de 30 segundos (ou mais).
O árbitro extrapolou a determinação da norma quando autorizou o jogador a parar o relógio para atualizar a planilha. Trata-se do não politicamente correto 'jeitinho'.
Anotação - Proibição de anotação dos lances antes da realização no tabuleiro
Pergunta 9: Vi que a última alteração nas regras da FIDE incluiu a proibição de anotação dos lances na planilha antes da realização do lance no tabuleiro. Esta é uma reivindicação antiga de alguns jogadores que diziam que a prática era pouco recomendável ou até antiética. Confesso que nunca entendi o motivo destas reclamações; nunca vi nenhum mal em se anotar os lances com antecedência.
Considerando que agora virou regra oficial gostaria de entender a motivação desta proibição?
Resposta: Embora seja uma regra – à primeira vista – antipática, acredito que Comitê de Arbitragem da FIDE tenha proibido a anotação do lance antes de o jogador executá-lo no tabuleiro em função de muitas reclamações. A anotação prévia do lance do lance servia de desculpas para práticas nada recomendáveis, tais como:
a) alguns jogadores costumam anotar o lance ‘errado’ e deixar à vista do oponente com a intenção de quebra da concentração; depois de alguns minutos, risca o lance e escreve outro, criando típica situação de ‘guerra de nervos’.
b) nos apuros de tempo, o jogador anota o lance (e às vezes carreiras de lances forçadas, ou não) antes de jogar e, com isso, ‘leva vantagem’ porque pode responder imediatamente ao lance, ou seqüência de lances.
Conclusão: A obrigatoriedade de o jogador anotar o lance depois de efetuado no tabuleiro, sem dúvida, irá facilitar o trabalho da arbitragem, sobretudo nos apuros de tempo.
A propósito, abaixo, está a redação do artigo que proíbe a anotação prévia de lances (A regra tem exceção)
”Art. 8.1 - ... É proibido anotar previamente o lance, exceto se o jogador estiver reivindicando empate na forma dos artigos 9.2 ou 9.3...” (casos de reivindicação de empate por repetição de jogadas e dos 50 lances ... sem capturas ou movimento de peão)
Anúncio de Xeque- Obrigatório ou Facultativo?
Pergunta 10: É obrigatório ou facultativo o anúncio do xeque? Resposta: Não existe obrigatoriedade de avisar-se um xeque. A lei é omissa com relação a esse assunto. Não existe também punição para o jogador que avise um xeque desde que o faça no seu próprio tempo e de maneira discreta.
Em partidas no ritmo de xadrez pensado, alguns jogadores costumam avisar quando ocorre o xeque. Nos últimos anos, raramente há avisos de xeque. No xadrez rápido e no xadrez relâmpago, por motivos óbvios, ninguém costuma anunciar xeque.
Apuro de tempo - Jogador não apurado pode deixar de anotar?
Pergunta 11: No final de uma partida (no ritmo de mais de uma hora para cada) o jogador A (brancas) tem, por exemplo, mais de 15 minutos e seu adversário dispõe de menos de 5 minutos (apurado) para executar todos os seus lances. As brancas fazem 2 lances 31º e 32º rapidamente, em resposta ao adversário, e somente depois disso anotam as duas carreiras de lances. Deve o árbitro intervir?Resposta: A conduta do jogador de efetuar um lance sem que tenha anotado o seu anterior implica em transgressão da regra estabelecida no art. 8.1 da Lei do Xadrez.
O árbitro deve penalizá-lo observando o elenco de punições previstas no art. 13.4 da Lei do Xadrez.
Vale lembrar que o grau da penalidade a ser aplicada vai depender da quantidade de tempo que o jogador apurado dispuser. Se, por exemplo, estiver muito apurado será inócua a aplicação de uma simples advertência. Assim, caso a caso, o árbitro deve valer-se do bom senso para aplicar a penalidade mais adequada à situação enfrentada de modo a não cometer injustiça.
"Art. 8.1 - O jogador pode responder a um lance do oponente antes de anotá-lo, se assim o desejar.
Todavia não pode executar um lance se deixou de anotar o seu lance anterior..."
"Art. 13.4 - O árbitro pode aplicar uma ou mais das seguintes penalidades:
a) advertência;
b) aumentar o tempo remanescente do oponente;
c) reduzir o tempo remanescente do jogador infrator;
d)declarar a perda da partida;
e) reduzir os pontos ganhos na partida pelo jogador infrator;
f)aumentar os pontos ganhos na partida pelo oponente até o máximo possível para aquela partida;g) expulsão do evento".
Apuro de tempo - Jogador apurado que volta a ter mais de 5 minutos em seu relógio ficará obrigado a anotar novamente?
Pergunta 12: Supondo uma partida com ritmo superior a 1 hora para cada jogador, o jogador "A" entra nos últimos 5 minutos e para de anotar seus lances, enquanto o jogador "B" tem mais de 5 minutos ainda. Após uns 10 lances, o jogador "A" está com 4 minutos e o jogador "B", ainda não apurado, realiza um lance impossível, que é punido com o acréscimo de 2 minutos para "A". Pergunta: "A" deverá voltar a anotar, já que estará novamente com mais de 5 minutos (mais precisamente seis, no presente exemplo)?
Resposta: À primeira vista pareceria óbvio que o jogador deveria voltar a anotar.
Todavia, analisando com mais acuidade a questão, nota-se que o legislador estabeleceu no art. 7.4 “b”, que é considerado ‘extra’ o tempo outorgado à parte prejudicada. Tratando-se de “tempo extra” concedido a título de punição, em virtude da falta praticada pelo adversário, é claro, que não poderá ser considerado parte integrante do tempo principal que os jogadores recebem no início da partida.
Exemplificando: Se os jogadores dispuserem de 2 horas para 40 lances + 1 hora nocaute, o tempo principal outorgado a cada jogador é de 3 horas.
Conseqüentemente, é considerado tempo "extra" o que for concedido pelo árbitro, no decorrer da partida.
Conclusão: É claro que o jogador continuaria "apurado" e a anotação, no caso, seria facultativa, não podendo o árbitro obrigá-lo a anotar novamente.
"Art. 8.4 da Lei do Xadrez: Quando o jogador tiver menos de cinco minutos em seu relógio (e não recebe bônus de 30 segundos ou mais após cada lance) ele não é obrigado a atender aos requisitos do Artigo 8.1. Imediatamente após a queda de uma das ‘setas’ o jogador deve atualizar a sua planilha antes de mover uma peça no tabuleiro".
"Art. 7.4 “b” - Após a adoção das ações descritas na alínea "a" do Artigo 7.4, para os dois primeiros lances ilegais feitos por um jogador, o árbitro deverá dar dois minutos extras (grifo nosso) ao oponente, a cada instância; para o terceiro lance ilegal efetuado pelo mesmo jogador, o árbitro deverá declarar a partida perdida para este jogador".
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