1144- Popular 2011. Ecos.

Caros jogadores,

Eu resolvi jogar o Estadual Popular. Depois de um regional, já devidamente enaltecido, apostei que o torneio individual por categorias da FEXERJ fosse me agradar. Não fui para "fiscalizar" ou ficar observando erros. Eu fui para jogar - e mesmo com uma dezena de imprecisões levei o 5º lugar na B.

Eu gostaria de relatar o que ocorreu naquele verdadeiro inferno. Não vou me alongar, mas o que tinha tudo para ser um excelente evento, foi, sem dúvida, o pior torneio que já pude presenciar. E olha que já joguei em 22 estados deste país... 

SÁBADO

O torneio estava marcado para começar às 13h. Começou exatamente às 14h53min. O "excelente" salão que foi tão veiculado no site da federação tem a estrutura de um bingo - que espero não estar mais em funcionamento... Um local abandonado, com banheiros sujos e insuficientes para a demanda. Um odor terrível exalava das escadas, do piso, do banheiro, de toda a parte...

Todos sabem que, nesta época, no Rio de Janeiro, faz um calor forte. E forte mesmo. Para ajudar a atual gestão, o calor estava de matar... E o pior: tivemos de aguardar do lado de fora do salão, como se estivéssemos aguardando alguma esmola, ou algo do gênero. Eu me senti em uma sauna leve. Todos suavam bastante... água? R$ 3... Quando entramos, os aparelhos de ar condicionado não suportavam... um vexame.

Houve outros atrasos e a 3ª rodada terminou às 22h30min, SEM EMPARCEIRAMENTO da 4ª rodada, marcada para 10h30min.

DOMINGO

Quem lá sofreu, como eu, pensou que não teria como o domingo ser pior que o dia anterior... Não???

Eu poderia fazer uma série de considerações a respeito, mas vou apenas elencar os fatos. E, em seguida, a ratificação do que escrevo, por intermédio de dois jogadores. Tirem suas conclusões...

4ª Rodada programada para 10h30min...

10h10min - chegada deste blogueiro ao 4º andar do A.F.C, via escada... cenário encontrado: salão fechado, uns trinta jogadores esperando, um calor de aproximadamente 35ºC e nenhum indício de que a rodada começaria no horário.

10h15min - o Diretor de Prova - Ricardo Barata, Presidente da Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro, chegou ao local.

10h40min - o Árbitro principal do evento - Marcelo Einhorn, chegou ao local. Ele estava um tanto nervoso, contando aos atletas que resolveram no SÁBADO À NOITE, mudar o salão do evento, por problemas cujas origens desconheço. Deixou de ser no salão do Bingo, para ser na boate do América. Isso mesmo, boate. Muito mais apertado e com uma ventilação ainda pior que a anterior.

10h50min - Reinaldo Mano foi o primeiro jogador a abandonar o torneio, por considerar um desrespeito com os atletas. Alguns outros jogadores também deixaram o local, dentre eles, grandes nomes como Milton Okamura.

11h10min - Wallace Machado, em nome da FEXERJ, pede desculpas e diz que em poucos minutos a rodada terá início.

11h20min - Sai o emparceiramento da 4ª rodada e o Secretário da FEXERJ - Artur Santa Cruz, o divulga para os amontoados e suados atletas...

11h22min - O salão é liberado e percebe-se que o torneio seria jogado sob uma penumbra, chamada de iluminação...

11h25min - Antes de dar início, o diretor de prova diz que a culpa era do clube, que o funcionário responsável pelo salão só apareceu às 11h10min.

11h30min - tem início a rodada... finalmente!!!

*** apenas para destacar que, com a ÚLTIMA rodada em andamento, o emparceiramento da classe A foi alterado e alguns jogadores ficaram indignados. Isso causou problemas no início, mas nada que o diretor de prova não pudesse resolver, desautorizando o árbitro principal e ordenando que o mesmo se retirasse do local...

20h27min - foi encerrado o torneio, o que estava previsto para 18h. Quem comprou passagem para retornar a sua cidade, dançou... quem estava se programando para algo à noite, dançou...

Um vídeo para ratificar:

Um e-mail para ratificar, recebido pelo Reinaldo Mano, médico, jogador e amante do Xadrez. Publico na íntegra:

Pessoas certas nos lugares errados.

É impressionante o quanto a vontade de acertar pode produzir desastres. Como enxadristas  todos concordamos que um único movimento errado, por mais correto que tudo tenha ocorrido até então, põe a perder todo o jogo . Uma vez derrotado de nada adiantou todo o brilhantismo até aquele fatídico lance. E como diz o professor, não existe vitória feia, feio  é não ganhar, as glórias todas vão para o adversário. A ânsia da vitória às vezes é um grande culpado.

A vida diária, que os tabuleiros imitam com perfeição, nos dá exemplo.  Imaginem alguém querendo fazer uma grande festa, que se vangloria  de obter um excelente local para a mesma, preparando uma grande sensação. Não bastando o enorme número de convidados, providencia presentes para serem distribuídos entre alguns afortunados. Mas no desejo de não querer partilhar com ninguém a glória de dar tal grandiosa festa, não bastando ser o grande anfitrião,  resolve  ele mesmo, sem a participação de mais ninguém, fazer todos os ajustes para o evento. Resolve então não contratar um aparato de festas com Buffet especializado, garçons, decorador, música, recepcionistas: ele daria conta de tudo.

Quando chegam os convidados, na hora combinada, qual surpresa em se encontrar o salão da festa fechado, olhando na fresta da porta vemos  o anfitrião no meio do salão, sozinho, sem mesas, cadeiras, nem nada para servir. Tentando entrar ele lhe pede educadamente que esperem um pouquinho que já vai ficar tudo pronto. Após 2 horas imagine que os convidados, fiéis como cães ainda aguardavam,  pois realmente queriam se divertir e acabam até por se satisfazer com o que encontram apesar dos percalços.

Agora imagine na saída o seu anfitrião lhe dizer “amanhã tem mais, venha!”. Mesmo desconfiado, você resolve ir e no dia seguinte você chega e dá de cara na porta, ficando na mesma situação do dia anterior. O que você faz? Sai e vai embora decepcionado, porque se você quer diversão, certamente não seria ali que você ia encontrar, pois já estava irritado de ser feito de bobo?  

Aos que ficaram para participar do Torneio Popular de Xadrez fica minha mescla de decepção e solidariedade. O xadrez é maior sem dúvida, mas certas atitudes são inaceitáveis.

Reinaldo Mano

Fico por aqui, meus caros... Eu queria falar sobre a final do Brasileiro, mas tinha que compartilhar minha insatisfação com vocês. Ao término do torneio, mando aquele post!!

Grande abraço,

André Kemper

POSTAGEM DO BLOG DO AMORIM

Sr. Presidente,

afaste-se da Presidência da Federação! No último fim de semana os enxadristas do nosso estado tiveram o desprazer de, mais uma vez, serem desrespeitados pela forma como o senhor administra a FEXERJ. Se verificar abaixo algumas fotos do local para onde os jogadores foram mandados para disputarem as rodadas de ontem, chegará a conclusão que o melhor para o xadrez fluminense é o senhor entregar o seu cargo imediatamente (olhe as fotos). Os atrasos, marca registrada da sua administração, se fizeram presente; se assim não fosse não seria um  evento da sua desastrada administração. Afaste-se. Mudança de emparceiramento, bata-boca no salão, desculpas esfarrapadas fazem parte do cenário que o senhor construiu dentro do ambiente do nosso esporte nos últimos anos. O que aconteceu ontem foi o fundo do poço, embora, hei de confessar, que vindo da sua diretoria o poço parecer não ter fundo. Vocês se superam a acada evento. E não adianta culpar o clube! O único responsável é o senhor!! Responsável porque deveria saber para onde estava levando os atletas, muitos deles, menores de idade. Não adianta culpar o clube. Assim é fácil. Assuma seus (inúmeros) erros. Essa não foi a primeira e nem será a última vez que o senhor dá mostras de total despreparo para dirigir uma Federação esportiva. Por isso, peço, afaste-se. O Popular foi a gota d'água, uma espécie de gran finale as avessas de sua administração. No blog do Maia tem o depoimento de um jogador que participou do torneio; O Kemper no blog dele (xadrez-semdemagogia.blogspot.com) também postou suas (péssimas) impressões sobre o torneio; eu recebi vários telefonemas de atletas relatando o horror que foi este fim de semana. Meu amigo Reinaldo Mano, não suportando tanto descaso e bagunça abandonou o evento e proclamou em alto e bom som a quem quisesse ouvir que não era palhaço. Roberto Cintra, diretor de xadrez do meu clube, me contou a indignação com que presenciou tudo. Outro atleta da AABB-Rio me falou do cheiro insuportável de cerveja no local de competição e da lixeira onde o senhor queria que se praticasse xadrez. Afaste-se, o xadrez saberá agradecer. Note que escrevo afaste-se e não afastem-se. Faço isso porque acredito que o senhor é o único culpado por chegarmos a este estado deplorável em que se encontra o nosso xadrez; sua diretoria (quer dizer, a parte dela que trabalha) é esforçada mas não consegue tocar adianta qualquer trabalho sem ter um líder que saiba tirar o melhor deles. Muito pelo contrário, o senhor com suas atitudes compromete a reputação dos poucos que ainda estão ao seu lado. Afaste-se. Mesmo tento um auxiliar que o senhor utiliza para fazer o trabalho braçal e que serve também como bucha de canhão, sendo sempre quem o senhor culpa por tudo, mesmo com ele e talvez até por causa dele, o senhor não consegue um mínimo de organização. Um desastre atrás do outro, sempre pior do que o anterior. Os únicos eventos decentes realizados pela Federação nos últimos anos foram exatamente aqueles organizados por abnegados diretores dos clubes do interior, alguns regionais. Os eventos em que o senhor esteve a frente sempre descambaram para a esculhambação e o desrespeito com os enxadristas. O senhor não percebe que sua administração virou motivo de chacota. Todos, até seus aliados, comentam isso: todos os torneios da Federação atrasam, tem bagunça. Pergunte a eles, embora talvez alguns se calem para não melindrá-lo. Olhe as fotos abaixo, faça uma reflexão séria e afaste-se. Não é possível que o senhor seja tão insensível aos fatos.

Não somos palhaços! Não queremos mais situações vexatórias como as do Popular.

Afaste-se e deixe o xadrez do Rio seguir seu curso.

Quem esteve presente ao popular que quiser relatar o que viu e viveu utilize este espaço e comente. Não podemos mais ficar calados.

AMORIM